MAM – A Nova Revolucao


Esse texto é só uma desculpa pra linkar um post do MAM (Marco Aurelio Mello) ex-editor do JN e Jornal da Globo com a ótima Ana Paula Padrão, incluindo o ótimo Rodrigo Vianna e o tb ótimo Azenha (aliás, quem realmente bom ficou na vênus platinada mesmo? Boccardi?) hj todos na Record. Pq vai que algum de vcs ainda não conheçam o blog dele. Pra não ser injusto com a Globo, assisti sim, uma matéria jornalistica de qualidade lá. No Globo Rural, antes de começar a corrida. Só nesses programas que o jornalismo sobrevive.

Enfim o blog dele é muito bom, principalmente a parte de “ficção-não-ficcional”. Vale tirar um tempo pra ler as “séries”.

DoLaDoDeLá

O que está em curso na internet hoje é uma disputa por poder. Poder de informar com qualidade, com opinião sim, mas sem distorcer, nem manipular. E alguns colegas já ocuparam esse espaço importante: Nassif, Azenha, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna, Marcelo Salles, Bob Fernandes, o velho Kotscho, são tantos… E os internautas – ávidos por um admirável mundo novo – descobriram que há uma maneira de ver fora da caixa, dos padrões tradicionais e estão gostando muito disso. Com uma enorme vantagem comparativa: na internet é possível interagir com o autor. Produzir e agregar conteúdo quase que simultaneamente. E fazer parte de um grupo de trabalho, de estudo, de pesquisa. Tudo numa velocidade inimaginável. Finalmente, a comunicação em via dupla. Portanto, uma comunicação mais completa, plural e abrangente. É claro que nenhum de nós gosta de ser ofendido, atacado, insultado, como tem acontecido mais recentemente. Mas isso é parte do jogo. Setores que sempre tiveram o controle absoluto sobre o conteúdo jornalístico e mais, sobre a opinião, estão perdendo relevância rapidamente. Eles não conseguem mais ecoar seus discursos e se desesperam. O consumidor de informação saiu da caverna e encontrou luz e ar fresco. Lamento, mas essa batalha entre o jornalismo tradicional e o ‘novo jornalismo’, representado por um sem-número de blogs e sites, rompeu o dique. Agora, a água vai descer. Muitos podem se aproveitar da correnteza e seguir adiante, mas a maioria morrerá afogada. É assim em toda revolução. Não será diferente nessa. Como diz o Azenha, bom cabrito não berra. E como dizia o Chico Pinheiro às cinco horas da manhã na Praça Marechal, nos anos noventa : – Remem marujos! Remem!

MAM – A Nova Revolucao


Esse texto é só uma desculpa pra linkar um post do MAM (Marco Aurelio Mello) ex-editor do JN e Jornal da Globo com a ótima Ana Paula Padrão, incluindo o ótimo Rodrigo Vianna e o tb ótimo Azenha (aliás, quem realmente bom ficou na vênus platinada mesmo? Boccardi?) hj todos na Record. Pq vai que algum de vcs ainda não conheçam o blog dele. Pra não ser injusto com a Globo, assisti sim, uma matéria jornalistica de qualidade lá. No Globo Rural, antes de começar a corrida. Só nesses programas que o jornalismo sobrevive.

Enfim o blog dele é muito bom, principalmente a parte de “ficção-não-ficcional”. Vale tirar um tempo pra ler as “séries”.

DoLaDoDeLá

O que está em curso na internet hoje é uma disputa por poder. Poder de informar com qualidade, com opinião sim, mas sem distorcer, nem manipular. E alguns colegas já ocuparam esse espaço importante: Nassif, Azenha, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna, Marcelo Salles, Bob Fernandes, o velho Kotscho, são tantos… E os internautas – ávidos por um admirável mundo novo – descobriram que há uma maneira de ver fora da caixa, dos padrões tradicionais e estão gostando muito disso. Com uma enorme vantagem comparativa: na internet é possível interagir com o autor. Produzir e agregar conteúdo quase que simultaneamente. E fazer parte de um grupo de trabalho, de estudo, de pesquisa. Tudo numa velocidade inimaginável. Finalmente, a comunicação em via dupla. Portanto, uma comunicação mais completa, plural e abrangente. É claro que nenhum de nós gosta de ser ofendido, atacado, insultado, como tem acontecido mais recentemente. Mas isso é parte do jogo. Setores que sempre tiveram o controle absoluto sobre o conteúdo jornalístico e mais, sobre a opinião, estão perdendo relevância rapidamente. Eles não conseguem mais ecoar seus discursos e se desesperam. O consumidor de informação saiu da caverna e encontrou luz e ar fresco. Lamento, mas essa batalha entre o jornalismo tradicional e o ‘novo jornalismo’, representado por um sem-número de blogs e sites, rompeu o dique. Agora, a água vai descer. Muitos podem se aproveitar da correnteza e seguir adiante, mas a maioria morrerá afogada. É assim em toda revolução. Não será diferente nessa. Como diz o Azenha, bom cabrito não berra. E como dizia o Chico Pinheiro às cinco horas da manhã na Praça Marechal, nos anos noventa : – Remem marujos! Remem!

Musica tema da direita brasileira.

“Em breve, na abertura de “Malhação”. Ou num Programa Eleitoral perto de vc.”

Grupo de Extermínio de Aberrações – Violins

Atenção, atenção!
Prestem atenção ao que vamos dizer
Nós somos o Grupo de Extermínio de Aberrações
de toda sorte que você possa conceber
vindo até vocês pra pedir
qualquer quantia que se possa fornecer
e eu garanto que seus filhos agradecem
por crescer sem ter que conviver
com bichas e michês
e pretos na tv

Tá faltando soco inglês
o estoque de extintor não chega ao fim do mês
não to pedindo aqui fortuna pra vocês
a gente quer limpar o mundo de uma vez

Ei, amigão, amigão!
abaixa essa arma que é melhor para você
Nós somos o Grupo de Extermínio de Aberrações
e não viemos pra ofender
viemos receber sem medo de pedir pra vocês
qualquer quantia que se possa fornecer
e eu garanto que seus filhos agradecem
por crescer sem ter que conviver
com discípulos de Che
e putas com HIV

Tá faltando soco inglês
o estoque de extintor não chega ao fim do mês
não to pedindo aqui fortuna pra vocês
a gente quer limpar o mundo de uma vez

E eu garanto que seus filhos agradecem por crescer
sem ter que conviver com bichas e michês
e pretos na TV, discípulos de Che
Putas com HIV.

Violins – “Tribunal Surdo”

Kucinski :: A Linguagem do Preconceito


O sucesso do Lula expõe as vísceras de uma elite ignorante, preconceituosa e golpista. Uma reação incontrolável, um misto de preconceito, frustração e inveja. Isso consome eles por dentro, dia após dia. Torcem e trabalham pra chegar o dia em que esse sofrimento acabe. Querem de volta o poder que tiveram por 500 anos. Se isso não ocorrer, será o fim.

Mas algo melhor terá que nascer dos restos mortais dessa elite. De alguma forma tem que surgir, pq pior que isso, é impossível.

A linguagem do preconceito — Rede Brasil Atual

Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados

Por: Bernardo Kucinski

Publicado em 01/01/2008

A linguagem do preconceito

O sociólogo José Pastore diz que Lula confunde “choque de gestão” com contratação. É que para os conservadores “choque de gestão” é sinônimo de demissão (Foto: Elza Fiúza/ABr)

Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, “De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem conhecer bem o caju”. Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.

“É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país…”, escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.

Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula “confunde” parlamentarismo com presidencialismo. “Seria bom”, disse Mino, “que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder…” Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.

Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu Abramo.

Clichês e malandragem

Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê”. É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito “Lula não entende” realimenta o próprio preconceito.

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Musica tema da direita brasileira.

“Em breve, na abertura de “Malhação”. Ou num Programa Eleitoral perto de vc.”

Grupo de Extermínio de Aberrações – Violins

Atenção, atenção!
Prestem atenção ao que vamos dizer
Nós somos o Grupo de Extermínio de Aberrações
de toda sorte que você possa conceber
vindo até vocês pra pedir
qualquer quantia que se possa fornecer
e eu garanto que seus filhos agradecem
por crescer sem ter que conviver
com bichas e michês
e pretos na tv

Tá faltando soco inglês
o estoque de extintor não chega ao fim do mês
não to pedindo aqui fortuna pra vocês
a gente quer limpar o mundo de uma vez

Ei, amigão, amigão!
abaixa essa arma que é melhor para você
Nós somos o Grupo de Extermínio de Aberrações
e não viemos pra ofender
viemos receber sem medo de pedir pra vocês
qualquer quantia que se possa fornecer
e eu garanto que seus filhos agradecem
por crescer sem ter que conviver
com discípulos de Che
e putas com HIV

Tá faltando soco inglês
o estoque de extintor não chega ao fim do mês
não to pedindo aqui fortuna pra vocês
a gente quer limpar o mundo de uma vez

E eu garanto que seus filhos agradecem por crescer
sem ter que conviver com bichas e michês
e pretos na TV, discípulos de Che
Putas com HIV.

Violins – “Tribunal Surdo”

Kucinski :: A Linguagem do Preconceito


O sucesso do Lula expõe as vísceras de uma elite ignorante, preconceituosa e golpista. Uma reação incontrolável, um misto de preconceito, frustração e inveja. Isso consome eles por dentro, dia após dia. Torcem e trabalham pra chegar o dia em que esse sofrimento acabe. Querem de volta o poder que tiveram por 500 anos. Se isso não ocorrer, será o fim.

Mas algo melhor terá que nascer dos restos mortais dessa elite. De alguma forma tem que surgir, pq pior que isso, é impossível.

A linguagem do preconceito — Rede Brasil Atual

Virou moda dizer que “Lula não entende das coisas”. Ou “confundiu isso com aquilo”. É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados

Por: Bernardo Kucinski

Publicado em 01/01/2008

A linguagem do preconceito

O sociólogo José Pastore diz que Lula confunde “choque de gestão” com contratação. É que para os conservadores “choque de gestão” é sinônimo de demissão (Foto: Elza Fiúza/ABr)

Um dia encontrei Lula, ainda no Instituto Cidadania, em São Paulo, empolgado com um livro de Câmara Cascudo sobre os hábitos alimentares dos nordestinos. Lula saboreava cada prato mencionado, cada fruta, cada ingrediente. Lembrei-me desse episódio ao ler a coluna recente do João Ubaldo Ribeiro, “De caju em caju”, em que ele goza o presidente por falar do caju, “sem conhecer bem o caju”. Dias antes, Lula havia feito um elogio apaixonado ao caju, no lançamento do Projeto Caju, que procura valorizar o uso da fruta na dieta do brasileiro.

“É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país…”, escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.

Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula “confunde” parlamentarismo com presidencialismo. “Seria bom”, disse Mino, “que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder…” Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.

Parlamentarista convicto, Lula diz que partidos são os instrumentos principais de ação política numa democracia. Pelo mesmo motivo Lula é a favor da lista partidária única e da tese de que o mandato pertence ao partido. Em outubro de 2001, o Instituto Cidadania iniciou uma série de seminários para o Projeto Reforma Política, aos quais Lula fazia questão de assistir do começo ao fim. Desses seminários resultou um livro de 18 ensaios, Reforma Política e Cidadania, organizado por Maria Victória Benevides e Fábio Kerche, prefaciado por Lula e editado pela Fundação Perseu Abramo.

Clichês e malandragem

Se pessoas com a formação de um Mino Carta ou João Ubaldo sucumbiram à linguagem do preconceito, temos mais é que perdoar as dezenas de jornalistas de menos prestígio que também dizem o tempo todo que “Lula não sabe nada disso, nada daquilo”. Acabou virando o que em teoria do jornalismo chamamos de “clichê”. É muito mais fácil escrever usando um clichê porque ele sintetiza idéias com as quais o leitor já está familiarizado, de tanto que foi repetido. O clichê estabelece de imediato uma identidade entre o que o jornalista quer dizer e o desejo do leitor de compreender. Por isso, o clichê do preconceito “Lula não entende” realimenta o próprio preconceito.


Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. “Por que Lula não se informa antes de falar?”, escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará “parecia coisa de ficção”. Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar “o ponto G”, William Waack escreveu: “Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G”.

Outra expressão preconceituosa que pegou é “Lula confunde”. A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. “Lula confunde agitação com trabalho”, escreveu Lucia Hippolito. Empregam o “confunde” para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. “O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações”, diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.

Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática. Carlos Alberto Sardenberg diz que Lula “confundiu” a Vale com uma estatal. “Trata-a como se fosse a Petrobras, empresa que segundo o presidente não pode pensar só em lucro, mas em, digamos, ajudar o Brasil.” Esse caso é curioso porque no parágrafo seguinte o próprio Sardenberg pode ser acusado de confundir as coisas, ao reclamar de a Petrobras contratar a construção de petroleiros no país, apesar de custar mais. Aqui, também, Lula não fez confusão: o presidente acha que tanto a Vale quanto a Petrobras têm de atender interesses nacionais; Sardenberg acha que ambas devem pensar primeiro na remuneração dos acionistas.

Filosofia da ignorância

A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, “Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica”, como escreveu Paulo Ghiraldelli, apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: “Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta”.

Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. “O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo”, disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: “O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades”, escreveu Gilberto de Mello. “O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão”, escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.

A tese de que Lula “confunde” presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que “só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato”.

Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber.

A isso tudo se soma o outro preconceito, o de que Lula não trabalha. Todo jornalista que cobre o Palácio do Planalto sabe que é mentira, que Lula trabalha de 12 a 14 horas por dia, mas ele é descrito com freqüência por jornalistas como uma pessoa indolente.

Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é “ incapaz de entender” o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?

Fontes: João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 2/9/2007. Blog do Mino Carta, 16/11/2007. Blog do William Waack, 2/12/2007. Texto de Lúcia Hipólito no UOL, 24/07/2007. José Pastore, artigo no Estadão, 11/12/2007. Carlos Alberto Sardenberg, “De bronca com o capital”, Estadão, 10/12/2007. Filósofo Paulo Ghiraldelli, Estadão, 29/8/2007. Rolf Kunz, “Lula, o viajante do palanque”, Estadão, 29/11/2007. José Serra, em Folha On Line, 1º/8/2006, em reportagem de Raimundo de Oliveira. Gilberto de Mello, escritor e membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, no Estadão de 2/8/2007, reproduzido no site do PSDB. Everardo Maciel, na Gazeta Mercantil de 4/10/2007. Rodrigo Maia, em declaração à Rádio do Moreno, 6/11/2007, 17h20. César Maia em seu blog, 12/11/2007. E Daniel Pizza em texto do Estadão de 2/12/2007.

Bernardo Kucinski é professor titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP. Foi produtor e locutor no serviço brasileiro da BBC de Londres e assistente de direção na televisão BBC. É autor de vários livros sobre jornalismo

Mídia defende Banda Larga para Todos, nos EUA. Aqui, o PNBL é “eleitoreiro”.


“Pronto, fui entrar na m**** do site do Estadão. Perdi meu dia.”

Três dia. Foi o tempo que um “articulista” que faz a ponte política-tecnologia (??) que chamou o PNBL e eleitoreiro, gastou pra mudar de ideia e “pagar pau” pro plano similar similar americano.

Dá pra entender esses caras? Pelamordedeus, está na mesma página! Não é como no jornal “de papel”, em que depois de (eventualmente) lermos as besteiras que vcs escreviam, o jornal ia pro lixo. Tenham o mínimo de coerência!

Eles acham que não temos memória. Vcs estão contra o plano nacional por quais razões? Vcs tem alguma proposta pra melhora-lo? Pq uma criança americana (ou do resto do mundo) tem o direito e ter acesso à internet de alta velocidade e uma criança pobre brasileira não?

Falam em melhorar a educação, mas qdo temos a oportunidade histórica de usar a tecnologia pra auxiliar na formação e atualização dos professores e na formação dos alunos, vcs ficam do lado do lobby grotesco das teles, que fornecem um serviço caro e ineficiente. E ainda chamam a privatização da telefonia de sucesso.

A Anatel é, desde sempre, o sindicato patronal das empresas de telecomunicação. O maior e mais promiscuo exemplo mundial de “Teoria da Captura”. Vai entrar pros livros-texto de economia em breve. Os tucanos só sabem importar os modelinhos que segundo eles, “deram certo lá fora”, e qdo o resultado é esse, não entendem pq a população reprova as privatizações. Oras, simplesmente pq vcs nunca pagaram uma conta de telefone e internet no Brasil. As teles roubam os consumidores diariamente, seja não fornecendo o serviço que vendem, seja fazendo cobranças indevidas, e ninguém faz nada.

Não faz sentido. Sinceramente, não sei aonde essa elite patética estudou, ou que livros leu. Tenho minhas dúvidas se são desse planeta.

Mas sei que toda vez que resolvo ler os principais jornais brasileiros, a ânsia de vômito é inevitável.

Ethevaldo Siqueira

A banda larga eleitoral

13 de março de 2010 | 15h31

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Mídia defende Banda Larga para Todos, nos EUA. Aqui, o PNBL é "eleitoreiro".


“Pronto, fui entrar na m**** do site do Estadão. Perdi meu dia.”

Três dia. Foi o tempo que um “articulista” que faz a ponte política-tecnologia (??) que chamou o PNBL e eleitoreiro, gastou pra mudar de ideia e “pagar pau” pro plano similar similar americano.

Dá pra entender esses caras? Pelamordedeus, está na mesma página! Não é como no jornal “de papel”, em que depois de (eventualmente) lermos as besteiras que vcs escreviam, o jornal ia pro lixo. Tenham o mínimo de coerência!

Eles acham que não temos memória. Vcs estão contra o plano nacional por quais razões? Vcs tem alguma proposta pra melhora-lo? Pq uma criança americana (ou do resto do mundo) tem o direito e ter acesso à internet de alta velocidade e uma criança pobre brasileira não?

Falam em melhorar a educação, mas qdo temos a oportunidade histórica de usar a tecnologia pra auxiliar na formação e atualização dos professores e na formação dos alunos, vcs ficam do lado do lobby grotesco das teles, que fornecem um serviço caro e ineficiente. E ainda chamam a privatização da telefonia de sucesso.

A Anatel é, desde sempre, o sindicato patronal das empresas de telecomunicação. O maior e mais promiscuo exemplo mundial de “Teoria da Captura”. Vai entrar pros livros-texto de economia em breve. Os tucanos só sabem importar os modelinhos que segundo eles, “deram certo lá fora”, e qdo o resultado é esse, não entendem pq a população reprova as privatizações. Oras, simplesmente pq vcs nunca pagaram uma conta de telefone e internet no Brasil. As teles roubam os consumidores diariamente, seja não fornecendo o serviço que vendem, seja fazendo cobranças indevidas, e ninguém faz nada.

Não faz sentido. Sinceramente, não sei aonde essa elite patética estudou, ou que livros leu. Tenho minhas dúvidas se são desse planeta.

Mas sei que toda vez que resolvo ler os principais jornais brasileiros, a ânsia de vômito é inevitável.

Ethevaldo Siqueira

A banda larga eleitoral

13 de março de 2010 | 15h31

Ethevaldo Siqueira

Como estão sendo conduzidos, sem um debate nacional muito mais amplo e sem a participação do Congresso e de todos os setores da opinião pública, o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e a reativação da Telebrás não passam hoje de bandeiras eleitorais da campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil.

E, como o assunto é complexo e de difícil implementação, o governo Lula começa a dar sinais de desorientação e nervosismo na condução do tema. É o que demonstram as declarações desencontradas do segundo escalão, de que o governo só deverá anunciar este ano as linhas gerais do PNBL e que a Telebrás só deverá ser reativada no próximo governo. Em plena campanha, o presidente Lula promete coisas impossíveis como a oferta de acesso de alta velocidade por R$ 10 mensais.

Os sinais de desespero do segundo escalão resultam do temor de que não haja tempo hábil para se recriar a Telebrás, aprovar o PNBL e iniciar a oferta de serviços de banda larga, por preços populares pelo menos a meia dúzia de cidades.

Na cúpula do governo, entretanto, ninguém quer discutir, a face escandalosa do projeto, com a manipulação indecorosa das cotações das ações da velha estatal e a interferência do “consultor” José Dirceu no processo. Esse é o quadro de um governo que nada fez na área de telecomunicações ao longo dos últimos sete anos e que, de repente, descobre um filão tão apetitoso para a campanha eleitoral quanto a banda larga e a inclusão digital.

Escassa, cara e lenta – Franklin Martins, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, disse em audiência no Senado, na semana passada, que o modelo atual de telecomunicações não deu certo no caso da banda larga. A prova disso é a brutal demanda não atendida. E anuncia: “os estudos mostram que a reativação da Telebrás é o caminho melhor e mais fácil para atender à demanda”.

O ministro tem razão num ponto: há uma demanda brutal a ser atendida. Dizemos mais: a banda larga no Brasil é escassa, cara e lenta. É preciso, no entanto, dizer com toda honestidade que tudo isso acontece por três razões: 1) porque o Brasil não tem políticas públicas que estimulem os investimentos de telecomunicações nas áreas mais pobres; 2) porque não há suficiente competição no setor; e 3) porque são cobrados tributos escorchantes, em média de 43,9% sobre o valor dos serviços.

E a lentidão? A banda larga brasileira se torna cada dia mais lenta porque as operadoras não têm feito os investimentos suficientes para atender à demanda crescente de dados baixados, por usuário, com conteúdos de áudio e vídeo – fenômeno que ocorre, aliás, em todo o mundo.

Por que Telebrás? – A verdadeira solução desses problemas, no entanto, não passa pela recriação da Telebrás. De que Telebrás o governo está falando? A última delas, ao ser privatizada, em 1998, nos legou a miséria de 14 telefones por 100 habitantes, enquanto o modelo privatizado, com o aporte de R$ 180 bilhões de investimentos, elevou aquela média de 14 para os atuais 110 telefones por 100 habitantes de que dispõe o Brasil.

Sem receita, cheia de dívidas e sob o fogo de centenas de ações judiciais, a Telebrás não passa de um espectro de empresa. Além disso, não conta com um quadro mínimo de especialistas de alto nível, nem dispõe de capital necessário para investir em banda larga. E mesmo que o governo dispusesse de capitais abundantes, é bom lembrar que existem outras áreas muito mais prioritárias, como saúde, educação, previdência e segurança.

Os defensores da nova Telebrás não têm a menor idéia do volume de investimentos exigidos para levar a banda larga às regiões mais remotas do País. Como falta capilaridade à rede brasileira de fibras ópticas, se o governo quisesse levar a fibra óptica a apenas 10% dos domicílios e escolas do País, seria necessário investir algo superior a R$ 100 bilhões nos próximos quatro anos.

Outro aspecto relevante é a desproporção entre a infraestrutura de fibras ópticas do governo e a da iniciativa privada. Enquanto a rede estatal tem apenas 23 mil quilômetros de cabos ópticos, a iniciativa privada conta com mais de 200 mil.

Por que não pensar numa solução revolucionária que seria a integração de tudo isso numa única rede, do tipo unbundling, onde todas as operadoras pudessem competir pelos menores custos? Esse é o modelo vencedor do Reino Unido e da Coreia do Sul, por exemplo, em que a redução de custos beneficia todos os usuários, com preços e tarifas muito menores. Sem nenhuma estatização.

O que ocorrerá à Telebrás se ela for reativada para competir no mercado nas mesmas condições das operadoras privadas, e com a obrigação de recolher 43,9% de impostos sobre o valor dos serviços? Alguém acredita que ela poderá prestar serviços de boa qualidade, administrar a rede de banda larga com competência e profissionalismo, sem recorrer a subsídios, sem burocracia, sem empreguismo, sem déficits monumentais e sem corrupção?

Fiquemos atentos, porque o que está em jogo é o meu, o seu, o nosso dinheiro.

Ethevaldo Siqueira

Uma lição de banda larga

19 de março de 2010 | 17h09

Ethevaldo Siqueira

Por sua forma, conteúdo e propostas, o plano norte-americano de banda larga é um documento histórico e antológico. Desde a semana passada, o projeto está sendo debatido no Congresso. E chega com atraso, pois os Estados Unidos, embora sejam o país mais rico do planeta e tenham criado a internet, ocupam posição medíocre no ranking mundial de banda larga – ou seja, o 15º lugar – atrás da Coreia do Sul, Luxemburgo, Cingapura, Taiwan, Japão, Suécia, Suíça, Holanda, Dinamarca, Islândia, Austrália, Canadá, Irlanda e Reino Unido.

O plano foi preparado pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, sigla de Federal Communications Commission), órgão regulador do setor e enviado ao Legislativo. Seu objetivo central é elevar a taxa de penetração da banda larga de 65% paa 90% das residências americanas, eaumentar a velocidade vigente de 3 ou 4 megabits/segundo (Mbps) para 100 Mbps, até 2020.

Para alcançar essas metas, os Estados Unidos terão que investir US$ 16 bilhões dos fundos administrados pela FCC e destinados até aqui à universalização do telefone, além de investimentos 10 vezes privados 10 vezes maiores. Para viabilizar os principais objetivos do plano, o governo deverá criar poderosos incentivos ao investimento na nova infraestrutura de comunicações e estabelecer áreas prioritárias para a inclusão de mais de 25% da população do país.

A FCC sugere que o governo promova a competição, pela remoção das barreiras, estimule o investimento e prepare os consumidores com as informações de que eles necessitam para utilizar intensamente as redes de banda larga, como alfabetizados digitais – condição fundamental para participar da nova economia.

Em sua mensagem ao Legislativo, o presidente da FCC, Julius Genachowski, além de fazer um diagnóstico bastante realista da situação, propõe uma mudança radical do cenário: ” Os Estados Unidos estão numa encruzilhada. Ou o país se compromete em criar redes de banda larga de importância mundial para garantir que as próximas ondas de inovação e do crescimento de negócios aconteçam aqui, ou ficará à margem do caminho, a ver invenções e empregos migrarem para aquelas partes do mundo que dispuserem de infraestruturas de comunicações melhores, mais rápidas e mais baratas.”

Para assumir uma posição de destaque mundial, os Estados Unidos têm pela frente um imenso desafio, reconhece Genachowski: “Dezenas de milhões de norte-americanos não dispõem hoje de banda larga. Isso é inaceitável, se levarmos em conta o número de interações que hoje circulam online, incluindo as listas de empregos e treinamento profissional que transitaram durante a pior recessão que vivemos em décadas. Esses milhões de cidadãos poderiam e deveriam estar conectados, mas não acessam a rede por três razões: 1) porque não podem pagar pelo serviço; 2) porque não sabem usá-lo; 3) ou ainda porque não estão cientes de seus benefícios potenciais.”

Segundo o presidente da FCC, mesmo entre os que já utilizam a internet, a vasta maioria ainda não dispõe de banda larga suficientemente larga e rápida para se beneficiar do ensino à distância por meio de vídeo ou para obter um diagnóstico médico, ou dezenas de outras aplicações existentes ou emergentes.

Sem banda larga, diz Genachowski, nenhum empreendedor pode cuidar de seu pequeno negócio. “E vale lembrar que 26% das propriedades agrícolas e centros de negócios rurais dos Estados Unidos não dispõem de acesso a um modem de cabo e mais de 70% dos pequenos negócios contam com pouca ou nenhuma banda larga móvel (celular 3G). Para complicar ainda mais a situação, à medida que a banda larga móvel se torna mais importante, os Estados Unidos enfrentam uma enorme escassez de espectro de frequências.”

O plano norte-americano de banda larga tem quatro objetivos principais:

1) Assegurar a cada cidadão norte-americano a oportunidade de acessar todos os serviços essenciais de banda larga em sua residência.

2) Dotar efetivamente os EUA de redes avançadas, que são essenciais para fortalecer sua economia.

3) Permitir que o país capture a próxima onda de mudança e que suas redes móveis sejam as melhores do mundo em velocidade e alcance.

4) Dar maior segurança aos cidadãos, possibilitando que cada interlocutor tenha acesso a uma rede pública de segurança de banda larga interoperável, de âmbito nacional e sem fio.

Na visão do presidente da FCC, com a banda larga, “os EUA poderão dispor de uma tecnologia com maior potencial para o desenvolvimento e para a conquista do bem-estar econômico e social já surgida desde o advento da eletricidade.”

Entre os apelos que faz na introdução do plano, Genechowski propõe: “Imaginem um mundo onde as crianças nos bairros de baixa renda possam, de suas salas de aulas, ter acesso aos melhores professores do mundo e acessar em casa aos mais atualizados livros de textos. Desenhem em sua imaginação um cenário onde idosos diabéticos moradores da zona rural, sem acesso rápido a médicos, possam aconselhar-se sobre

acesso rápido a médicos, possam aconselhar-se sobre alimentação em seus computadores domésticos. A História nos ensina que as nações que lideram as revoluções tecnológicas obtêm enormes recompensas. Nós podemos liderar a revolução da banda larga com fio e sem fio. O momento de agir é agora.”

Quem quiser acesar o texto integrar do plano de banda larga dos EUA pode usar o link: http://www.broadband.gov/download-plan ou ainda visitar o site http://www.telequest.com.br.