Requiem para Ciro

“Bem-vindo, peregrino, tenho estado à tua espera.
Perante ti jaz Ciro, Rei da Ásia, Rei do Mundo.
Tudo o que resta de mim é pó.
Não me invejes.”

Inscrição no túmulo de Ciro, o Grande, em Pasárgadas

Caros, vou poupar vcs da minha distorcida visão da realidade. Quem quiser saber a minha opinião sobre o Ciro, é só clicar nesse link que ficou ai atrás. Não sou fã de ninguém, mas como político, ele é um dos meus preferidos. Mas acho que cometeu erros estratégicos graves. Talvez tenha suas razões como já disse.

Mas o que importa é que alterou o cenário político significativamente. Muito do que ele disse ainda vai ser discutido, nessa eleição, e no governo futuro, qualquer que seja o ganhador. Obviamente ele é jovem e pode voltar a cena política, se quiser, mas creio que o desânimo dele é sincero.

De qualquer forma, segue abaixo três textos que narram de maneira esplendida o papel dele até aqui (não só nessas eleições). Palmas para esses três ai, Maria Inês Nassif (sensata como sempre), NPTO (qdo crescer quero ser igual ao NPTO) e a Maria Cristina Fernandes (fazer jornalismo político com objetividade no atual estado da mídia brasileira, não é pra qualquer um).

Quem não leu, leia. Quem já, pode ficar tranquilo, tá arquivado aqui para referências futuras.

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Requiem para Ciro

“Bem-vindo, peregrino, tenho estado à tua espera.
Perante ti jaz Ciro, Rei da Ásia, Rei do Mundo.
Tudo o que resta de mim é pó.
Não me invejes.”

Inscrição no túmulo de Ciro, o Grande, em Pasárgadas

Caros, vou poupar vcs da minha distorcida visão da realidade. Quem quiser saber a minha opinião sobre o Ciro, é só clicar nesse link que ficou ai atrás. Não sou fã de ninguém, mas como político, ele é um dos meus preferidos. Mas acho que cometeu erros estratégicos graves. Talvez tenha suas razões como já disse.

Mas o que importa é que alterou o cenário político significativamente. Muito do que ele disse ainda vai ser discutido, nessa eleição, e no governo futuro, qualquer que seja o ganhador. Obviamente ele é jovem e pode voltar a cena política, se quiser, mas creio que o desânimo dele é sincero.

De qualquer forma, segue abaixo três textos que narram de maneira esplendida o papel dele até aqui (não só nessas eleições). Palmas para esses três ai, Maria Inês Nassif (sensata como sempre), NPTO (qdo crescer quero ser igual ao NPTO) e a Maria Cristina Fernandes (fazer jornalismo político com objetividade no atual estado da mídia brasileira, não é pra qualquer um).

Quem não leu, leia. Quem já, pode ficar tranquilo, tá arquivado aqui para referências futuras.

Ciro mirou no exemplo do PT — Portal ClippingMP

Política – Maria Inês Nassif
Valor Econômico – 29/04/2010

O fim da candidatura de Ciro Gomes à Presidência pelo PSB mostra mais do que uma simples opção da direção do partido socialista pela candidatura da petista Dilma Rousseff. É também a confirmação da hegemonia do PT sobre a esquerda do espectro partidário. Esse fato vai além de um ato de vontade do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou de uma opção das pequenas agremiações de esquerda que orbitam a sua volta. É um dado histórico, contra o qual o simples proselitismo é inócuo. Para ameaçar a posição do PT no quadro partidário, é preciso ação orgânica e transformação efetiva dos partidos que hoje são satélites do PT em organizações de massa. É andar muito chão e comer muita grama.

A hegemonia petista é produto de uma combinação de contingências históricas e decisões políticas. Fundado em 1980 por integrantes do “novo sindicalismo”, que jamais pegou em armas, e facções egressas da luta armada contra a ditadura, o partido, mais por contingência do que por decisão dos seus atores políticos, fez da síntese do conflito o seu tecido orgânico. O partido formou-se como uma frente de esquerda – e, tomadas as tentativas anteriores nesse sentido, cujo palco foram os jornais alternativos da década de 1970, o PT seria uma aposta no desastre. Não foi. Há duas explicações centrais para isso.

Em primeiro lugar, as facções, ao ingressarem no PT, já haviam feito a inflexão da opção pela luta armada – até porque o inimigo central e comum, a ditadura, se encontrava nos estertores e, antes de sucumbir, havia desmantelado as suas organizações. A queda do Muro de Berlim, em 1989, e o declínio do socialismo real, iniciaram um processo de “hegemonização” interna da opção pelo socialismo democrático – a democracia não mais como um instrumento de chegada ao poder e imposição da “ditadura do proletariado”, mas como objetivo. Não mais um meio, mas um fim.

Em segundo lugar, porque os sindicalistas que fazia parte da experiência de fundação de um partido de esquerda de massas não se incorporaram como coadjuvantes do processo. Aliás, a experiência de mobilização dos setores tradicionalmente representados pela esquerda do espectro partidário, os trabalhadores do setor industrial em especial, dava protagonismo a esses atores políticos mais forjados na prática do que em grandes debates teóricos.

A dinâmica interna do PT incorporou esses dois setores em igualdade de condições. Essa era a condição para que um líder como Lula não fosse engolido pelo processo, ou que um líder como Lula engolisse os grupos políticos que dependiam da habilidade do metalúrgico para mobilizar grandes massas.

Praticamente toda a primeira década do partido foi marcada por uma dinâmica interna de luta pelo poder que tendeu à radicalização. Isso manteve o partido isolado, o que seria mortal para uma organização política em início de carreira, mas o isolamento teve outro efeito, o de fixar no eleitor a identidade do partido. A estratégia camicaze de lançar candidatos para perder serviu ao seu propósito. E uma identidade forte de um líder carismático ajudou esse processo, num país sem tradição de partidos ideológicos. No final da primeira década, o PT era a opção obrigatória para alianças com os pequenos partidos de esquerda. Uma coesão parlamentar contraditoriamente fundada na divisão interna – a obrigação de defesa das posições da maioria – tornou o partido também o centro do bloco da esquerda parlamentar, para desespero da esquerda tradicional.

A primeira eleição de Lula, em 2002, foi a confirmação de uma liderança sobre os demais partidos de esquerda que já era exercida na prática. A grave crise interna de 2005, decorrente do chamado Mensalão do PT, foi um momento de declínio dessa liderança – por alguns meses, durante o período mais agressivo de CPIs e denúncias, a combinação de organicidade tecida na luta interna e liderança que fazia a conversa ideológica com setores de baixa renda ruiu e teria levado junto a hegemonia do PT, se houvesse algum partido de esquerda com condições de assumir o seu lugar. O PPS, principal adversário do “hegemonismo” petista, aproximou-se tanto do PSDB que tornou impossível a diferenciação entre um e outro. PSB e PCdoB tomaram a decisão tática de alinhamento com o PT contra a ofensiva de setores conservadores, mas não tinham nem lideranças tão grandes quanto Lula, nem massas, para assumirem uma posição privilegiada nessa aliança. O P-SOL se desprendeu do PT e tentou voo solo. O recente racha na minúscula legenda, em torno de uma candidatura presidencial, mostra que ainda está longe de ser um partido.

O PSB cresce no vácuo, como opção à polarização PT/PSDB, e tem se aproveitado disso, nos moldes de um partido de formação tradicional. Ciro Gomes foi o integrante do partido que mais entendeu que isso não bastava. A insistência do deputado de formular um projeto para o Brasil utilizando o partido – foi um trabalho quase solitário, mas articulado com as direções estaduais – é um reconhecimento de que a legenda, para ter vida própria, precisa de alguma organicidade ideológica, além de líderes com potencial inegável, como o próprio Ciro e o presidente do partido, Eduardo Campos. Ciro não prima pela habilidade, é certo, mas conseguiu, por algum tempo, colocar a disputa pela hegemonia do campo de esquerda dentro do foco programático. O parlamentar tentou colocar na agenda o debate sobre o alto preço exigido pelo presidencialismo de coalizão brasileiro e quebrar o falso consenso em torno de uma política monetária que foi descolada do debate político pela adesão aos ditames do neoliberalismo, nos governos FHC, e pelas pressões intensas do mercado financeiro sobre o PT (e sobre ele próprio, que era candidato do PPS) nas eleições de 2002. Não conseguiu romper o impasse entre afrontar a hegemonia do PT ou garantir ao PSB o apoio do partido hegemônico do bloco de esquerda para crescer como os partidos tradicionais. O PSB fez a segunda opção.

Ciro Gomes | Na Prática a Teoria é Outra

Ciro Gomes
Apr 28th, 2010
by NPTO.

Terminou a campanha de Ciro Gomes à presidência. Não se pode dizer que termina bem. Mas é bom ter em mente o papel que Ciro Gomes teve no debate político brasileiro dos últimos quinze anos, porque, se ele diminuir muito politicamente (já tem gente falando nele para técnico do Flamengo, um cargo que ninguém mais quer), alguém vai ter que fazer esse papel.

Ciro Gomes foi, provavemente, o melhor quadro produzido pelo PSDB. Os medalhões tucanos formaram o PSDB quando já eram cobras criadas no MDB. Aécio é um grande político, muito forte em seu Estado, mas não é um inovador programático, e foi formado na família dele: sem dúvida, existiria sem o PSDB, como herdeiro de dinastia política. O Ciro era diferente: era para ser a nova geração dos caras, trabalhado pelo partido.

Uma coisa que certamente merecia ser melhor explicada é o que, exatamente, fez Ciro dar o salto para fora do PSDB. Mas o fato é que, voltando de Harvard, para onde foi por sugestão do FHC, Ciro era outro político: e um político melhor. De maneira algo edipiana, quando rompeu com o ninho tucano, virou político de primeira divisão.

Durante o governo FHC, o populismo cambial nos estrupiava as contas, mas o PT, desde 94, estava imobilizado pelo conflito interno entre moderados e radicais, e só conseguia jogar na defesa, reagindo contra tudo que parecesse neoliberalismo. O PT observou estupefato o Plano Real, sem conseguir dizer que era bom quando era bom nem dizer que era ruim quando ficou ruim.

Ciro foi o o sujeito que fez o debate com FHC nessa fase. Nem sempre foi completamente claro ou consistente, mas parecia mais consciente de que a situação era insustentável do que o PT. Vejam o que disse o Jânio de Freitas durante a crise de 98 (durante a qual as reservas caíam 1 bi por dia):

A eventualidade de reflexos eleitorais do desastre não poderia faltar, entre as pessoas cientes do que se passa com, ou contra, o Plano Real. No empresariado o assunto é tratado, como se esperaria, a partir de temores de uma reviravolta na corrida (re)eleitoral.
Não há indício, porém, de que a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva seja capaz de valer-se das circunstâncias na medida necessária para uma reviravolta. Sua campanha é confusa como estratégia, imprecisa como tática, desarticulada e pobremente óbvia como discurso. Para que esses componentes mostrassem resultados favoráveis à candidatura, superando o desgaste e a alta rejeição de Lula, só mesmo se ao adversário acontecesse o imprevisível.
Pelo que tem mostrado em suas bem articuladas considerações sobre o governo, a crise e as medidas necessárias, Ciro Gomes é o candidato que tenderia a crescer em uma situação como a atual. Mas não dispõe de tempo nem de espaço nos meios de comunicação.

A eleição de 98 foi a menos debatida da nossa democratização: o PSDB sabia que a economia ia estourar, e não queria muito puxar esse assunto, e o PT não teve coragem de dizer que era preciso desvalorizar o Real, e, sem dizer isso, não tinha muito o que dizer.

Dois dias antes da votação, tive uma aula de economia em que o professor disse: “Já que o Lula vai perder, mesmo, devia aproveitar e dizer logo o que todo mundo sabe que vai acontecer”. Ninguém disse, mas o Ciro chegou perto:

O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, acha que o presidente Fernando Henrique Cardoso não será reeleito. Mas, se for, “o segundo mandato já começará em emergência, com dois cenários possíveis, um ruim e outro péssimo”.
Ciro explica o porquê: “A dívida pública explodiu e 78% do patrimônio privatizável já era. Mas fazer um pacote fiscal espetacular depois das eleições vai ser o fim. Vai matar politicamente o FHC”.
Além da expansão da dívida pública, Ciro destaca o crescente déficit fiscal e o que ele considera “mais explosivo”: o desequilíbrio das contas externas.
Ex-ministro da Fazenda no governo Itamar, como FHC, Ciro descreve o Brasil de hoje como “um país parado, estagnado, proibido de crescer, com um desemprego galopante”.
Classifica de “balela” a promessa da equipe de FHC de que a prioridade de um eventual segundo mandato seria social.
“Nisso o Gustavo Franco (presidente do BC) tem razão: não há recursos para a área social”, disse Ciro, referindo-se a recente entrevista de Franco. Para ele, Franco pode ter sido sincero por um motivo: “Ele está se blindando para preparar a demissão, porque sabe que não tem jeito”.

Foi isso mesmo que aconteceu. O Ciro foi a única força política dando uma arejada na discussão em 98. Com o Mangabeira debaixo do braço, ele tinha uma contra-agenda, o que pelo menos permitia a discussão. Na reforma da previdência, propôs algo como utilizar grana da previdência para financiar investimento (vejam aqui). Depois da crise de 2008, não parece uma idéia tão boa investir a grana da previdência, mas era uma tese a ser discutida, o que era raríssimo na grande estagnação do debate brasileiro que ocorreu quando o Real começou a fazer água.

Em 98, um célebre intelectual tucano disse a uns estudantes de pós, eu incluso, logo depois de Ciro participar do “Roda Viva” (acho que foi o Roda Viva), que ele era “um extraordinário trabalho de joalheria política”. Disse, inclusive, que se Ciro jogasse as cartas bem na campanha, “muitos tucanos cristianizariam o Fernando”. É minha opinião que até hoje Ciro conta com isso; e que até hoje não conseguiu jogar as cartas direito.

Na eleição de 2002, foi também nos bastidores da campanha de Ciro que o debate importante foi travado, e ali eu acho que nasceu o impasse em que Ciro está hoje.

Quando o Jereissati resolveu apoiar o Ciro (uma das alianças mais interessantes da política brasileira, que merecia melhor análise), resolveu que, para sua candidatura ser viável, era preciso ter um programa que não fosse feito pelo Unger, visto como um radical (falso) doidão (verdadeiro) e que não sabia nada de importante (absolutamente falso).

Tenho certeza, aliás, de que a opinião de nossos formadores de, bem, opinião foi, enfim, formada, depois de encarar as sabe Deus quantas páginas de “Politics”.

Pois bem, o Jereissati fez uma jogada de mestre, e conseguiu que o José Alexandre Sheinkman fizesse um programa para o Ciro. O programa era o Agenda Perdida. Ciro não quis o programa. Quatro anos depois (porque eu escrevi quatro anos depois? Eu, hein.Valeu, Matamoros, pelo toque) Uma versão retrabalhada por economistas ortodoxos do Rio chegou às mãos de Palocci entregue por Armínio Fraga durante as célebres reuniões no Hotel Glória.

O que Jereissati ofereceu a Ciro, e Palocci aceitou, foi uma passagem de volta ao mainstream político brasileiro. Em 98, era insano dizer que FHC, que segurava o câmbio enquanto as reservas brasileiras chegavam ao nível de duas fichas de fliperama e um vale refeição, era o candidato da boa gestão econômica (o que tinha sido em 94). Nesse contexto que Delfim fez sua famosa declaração sobre o poste.

O Jereissati disse para o Ciro, vai lá, seja o candidato da direitaultrapassando pela esquerda. Seja o PSDB do PSDB.

Ciro não topou. Pode parecer idiota que não tenha topado, mas a verdade é que Ciro realmente tinha sua própria agenda, que era mais pró-mercado em alguns aspectos (como na questão da previdência) menos em outros (principalmente na questão da dívida, que muita gente achava que ia ter que ser renegociada – e não teve) do que o mainstream tucano.

E tinha uma estratégia que parecia boa: como o PT não se revelou à altura do poste do Delfim em 98, era perfeitamente possível que definhasse. Estava claro que ninguém ia votar em partido sem programa econômico realista, mas também era claro que ninguém mais, como primeira opção, queria os tucanos. Parecia gol aberto para o Ciro.

Eu não tenho nenhuma prova do que vou dizer agora, mas é minha opinião: o sucesso de Ciro em 98 – porque ter lá seus 10% concorrendo pelo minúsculo PPS foi uma façanha – foi um alerta para o PT. Ficou claro que, se o partido não virasse uma alternativa de poder viável, alguém apareceria para ocupar o espaço na esquerda brasileira. Quem não faz, leva. E teve gente séria, como o Touraine, achando que quem poderia levar era o Ciro:

(…) os brasileiros querem um programa de governo. Talvez um dia eles adotem aquele de Ciro Gomes, mas, em termos gerais, eles não acreditam que o descontentamento e a ideologia diversa constituam um programa de governo. Não é a pessoa de Lula que está em questão, mas a ausência de uma verdadeira unidade programática do PT. Não basta denunciar a globalização e condenar a priori todas as políticas que se abrem à economia mundial para convencer a população, ou convencer a si próprios, de que uma mudança de política trará efeitos benéficos; essa perspectiva suscita, ao contrário, incerteza e temor.
O mais importante para o Brasil, assim como para muitos outros países, é livrar-se de escolhas retóricas para definir escolhas reais, sempre muito mais limitadas e cujos termos e consequências podem ser definidos de maneira precisa.

O resto vocês já sabem. O PT aceitou o programa que o Ciro não quis e ganhou. Ciro foi inteligente o suficiente para perceber que era uma vitória sólida, e apoiou Lula, no processo se livrando da âncora Roberto Freire (e do Unger, que, tentando andar sozinho na política, levou uma surra memorável de quem entendia mais da coisa do que ele). Ciro percebeu que não tinha como disputar espaço com um Lula forte. E resolveu esperar o Pós-Lula.

Mas essa estratégia era muito arriscada. Com o PT fazendo parte do mainstream econômico, a janela que Ciro teve diante de si em 98 não tinha cara de que ia se abrir de novo. Se o governo Lula fracassasse, Ciro afundaria com ele (o que percebeu, mais que muita gente, durante a crise do Mensalão). Se o governo fosse um sucesso, como foi, porque o PT não lançaria seu próprio candidato?

Entrando em 2010, várias The Economist depois, havia dois cenários bons para Ciro:

Um era o Pós-Lula radical: Aécio se lança como candidato moderado, que apoiou Lula em vários momentos e teve sempre boas relações com o governo. Ciro adere, talvez como vice, e forma-se uma chapa que, sejamos honestos, seria difícil de perder. Ma sisso não aconteceu.

Serra estrangulou a candidatura Aécio, e está tentando roubar-lhe a estratégia, sem, entretanto, nenhuma das credenciais de Aécio: o serrismo foi oposição radical ao governo Lula em todos os momentos, e não vai ser difícil a campanha de Dilma arrumar citações do Serra contra tudo que o Lula fez – inclusive a política econômica ortodoxa. Serra, assim, fechou o espaço para Ciro pela direita.

Por outro lado, Dilma poderia ter empacado. Não era uma candidata muito orgânica do PT (é incrível que se tenha conseguido colar-lhe a pecha de radical), era completamente deconhecida, se não chegasse ao segundo lugar com chances de vitória no começo desse ano, o bloquinho (PSB/PDT/PCdoB) provavelmente lançaria Ciro, e a cristianização prevista lá atrás aconteceria do outro lado do espectro. Ciro seria o candidato de Lula, mesmo se Lula não quisesse.

Isso poderia perfeitamente ter acontecido, mas não aconteceu. Talvez esperando por Aécio, Ciro se manteve bastante passivo nos debates dos últimos anos (o que, convenhamos, não é da sua natureza), e, enquanto isso, Dilma se fez. Os pequenos partidos gravitaram para os candidatos com mais chance de vitória, e a Ciro restou o PSB, com base no Nordeste, onde o apoio de Lula é fundamental.

Não tenho tanta certeza quanto outros comentaristas a respeito do futuro de Ciro. Ele é como aqueles jogadores de futebol que começaram tão novos que a gente esquece que eles ainda são relativamente jovens. Daqui a quatro anos o quadro pode ser completamente diferente. Mas o fato é que Ciro parece estar entrando em sabático.

Na saída, ainda fez o que fez melhor nos últimos quinze anos, e levantou dois debates: um é a possibilidade de haver uma crise econômica causada pelos desequilíbrios da balança, o outro uma crise de governabilidade devida à voracidade das lideranças do PMDB.

A princípio, concordo com o Meirelles: o câmbio flutuante vai reequilibrar a balança, eventualmente. Mas eu acho que, no meio da intervenção do Ciro, como no meio do editorial de hoje da Folha, está a discussão sobre o risco do câmbio estrupiar a indústria antes de tudo se reequilibrar.

O comentário do Ciro sobre a competência do Serra é, na verdade, eco de um outro, feito um tempo atrás: Serra seria mais capaz de fazer esse debate (porque é sua galera heterodoxa que vive falando nisso – vejam o Sérgio Guerra na Veja), mas não faz porque é politicamente comprometido.

Eu, na minha humilde sociólogo-blogosidade, permaneço agnóstico a respeito da discussão sobre o câmbio, com viés pró-Meirelles. Claro, é preciso dar condições para um aumento de produtividade da indústria brasileira, como o editorial da Folha bem nota, mas isso é preciso de qualquer maneira. Se quiserem fazer isso por preocupação com a balança, beleza.

Vale dizer, se o candidato do PT estivesse falando em doença holandesa, ou qualquer coisa parecida com isso, lá se ia o Risco Brasil.

A segunda crise, a política, é perfeitamente possível, mas há algo a ser considerado. O intelectual tucano supracitado sempre dizia isso do PFL durante o governo FHC: quando você joga esses caras pra frente dos holofotes, muda o jogo. Eles passam a ser co-responsáveis pelo desempenho do governo diante da opinião pública. Para o cara que quer fazer sacanagem e só fazer sacanagem, é melhor ficar no Congresso quietinho, não no governo. Vamos ver como Dilma desata esse nó, se ganhar.

É absolutamente imbecil dizer que o debate democrático perde quando a eleição passa a ter um candidato a menos, mas tem gente dizendo isso. O que é verdade é que, se Ciro resolver ir para o exterior passear com a Patrícia Pillar (quem poderia culpá-lo?), outro sujeito vai ter que ser o levantador de bola do debate brasileiro.

PS: agora pesquisa volta a ser importante, pelo seguinte: vejamos quantos dos votos de Ciro vão para Marina. Um apoio formal de Ciro a Marina teria várias vantagens, mas sacrificaria sua base de apoio no Nordeste. Marina, vale dizer, já parece bem mais simpática à ortodoxia econômica. Acho que assim que Ciro bolar uma recompensa para pedir, entra na campanha da Dilma.

PSTU: em um certo sentido, Ciro está como o Nick Clegg, dos Lib Dems, estaria, se o Gordon Brown tivesse 80% de aprovação e a economia britânica estivesse indo bem.

PSTUdoB: uma hora a gente vai ser capaz de interpretar a trajetória do Ciro como exemplo de como a emergência do PT embaralhou as velhas estratégias da política brasileira. Acho que o Ciro notou isso, mas nem sempre teve muita margem de ação. Quando teve, em 98, eu acho que perdeu a chance.

De volta para o Ceará — Portal ClippingMP

De volta para o Ceará
Política
Autor(es): Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico – 30/04/2010

Ciro Gomes já ficou outros anos sem mandato, mas sempre pôs a boca no trombone para não perder audiência nacional. Desta vez, apesar de ter idade para começar tudo de novo, há vários sinais de que o ostracismo pode empurrá-lo para de volta para o Ceará. As circunstâncias distintas das que marcaram outros períodos de entressafra podem ser resumidas em dois nomes: Dilma Rousseff e Eduardo Campos.

Por mais que recomponha boas relações com a candidata que já disse não estar preparada para conduzir o país em meio a uma crise, Ciro não terá como acumular o mesmo cacife político que em 2003 lhe deu um ministério no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Circulou com desenvoltura e lealdade no governo forrado pelos 10 milhões de votos com os quais apoiou o candidato petista no segundo turno de sua primeira eleição.

Desta vez, além de lhe faltarem votos, pode também lhe fazer falta um partido. Em 2006, quando deixou o governo para disputar um mandato de deputado federal tinha em mente consolidar no PSB uma liderança que se construiu fora dele.

Ofereceu sua votação, que acabou sendo a de deputado proporcional mais votado do país, para ajudar a salvar o partido da cláusula de barreira. Estreou combativo, mas acabou como um parlamentar apagado e ausente. Não havia como não ser cúmplice da estudada indignação de Ciro com seu isolamento na Câmara enquanto sobravam cargos na estrutura da Casa para os reis da negociata parlamentar.

Por trás do voluntarismo, começavam a ficar aparentes os prejuízos à sua carreira do poder sem alternância no seu berço político. Na definição de um conterrâneo seu, a ausência de oposição no Ceará, que já dura uma geração, deseducou Ciro para a política.

O PT, que, nesse período, elegeu duas prefeitas de capital, não se viabilizou como polo alternativo. O cabo de guerra armado pela prefeita Luizianne Lins em torno do estaleiro que o governador Cid Gomes tenta levar para Fortaleza é apenas o sinal mais visível de uma liderança à qual sobra carisma e falta jogo de cintura.

A aliança entre Ciro e Tasso Jereissati é mais longeva que a dos tucanos em São Paulo. Sua preponderância sobre uma economia 18 vezes menor e menos dinâmica explica porque a longevidade no poder asfixia mais os cearenses que os paulistas.

É a rota inversa do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB de crescentes antagonismos com Ciro. Depois de amargar o 5º lugar na disputa pela Prefeitura do Recife (1992), Campos se tornaria o braço direito do avô no governo do Estado (1995-98). Com a derrota acachapante de Miguel Arraes na tentativa de reeleição, Campos iniciaria lenta trajetória de reconstrução de seu campo que passaria pela adesão ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, do qual acabaria ministro.

Entrou na disputa pelo governo do Estado em 2006 como a terceira força. De um lado, estava o candidato do governador duas vezes bem avaliado, Jarbas Vasconcelos (PMDB). Em torno de Mendonça Filho (DEM), que já governava Pernambuco desde a desincompatibilização de Jarbas, reunia-se a tríplice aliança PMDB/DEM/PSDB, uma das poucas sobreviventes ao fim do governo Fernando Henrique Cardoso.

Essa aliança aglutinava os principais interesses empresariais do Estado. Ao contrário do que aconteceu no Ceará, onde a ascensão da dupla Tasso-Ciro se fez com o engajamento de uma nova elite empresarial no pacto contra os coronéis, em Pernambuco, a ascensão de Campos margeou esses interesses. Só ao longo de seu mandato, com os caminhões de dinheiro que o governo federal tem despejado no Estado, é que a nova dinâmica da economia local alinhavou-se com o Palácio do Campo das Princesas.

Segunda força do Estado, o PT tinha na candidatura de Humberto Costa o beneficiário natural da popularidade do presidente da República no seu Estado natal. No terceiro mandato na Prefeitura do Recife, o PT sempre foi uma barreira importante à construção de uma hegemonia em torno do governador.

A equação local em torno da aliança PSB-PT, assim como em outros Estados, foi determinante ao malogro da candidatura Ciro. Lula hoje tem 95% de ótimo e bom em Pernambuco, mas o governador temia os ruídos da transferência dessa unanimidade numa disputa entre dois palanques locais. No primeiro turno de 2006, Campos e Humberto, somados, ficaram a 666 mil votos (59%) dos votos do que o presidente teve por lá na reeleição (71%).

O malogro da candidatura própria do PSB trouxe à tona o que, cedo ou tarde, acabaria se evidenciando: o partido talvez fique pequeno para Ciro e Eduardo. Em ambas as vezes em que se pronunciou por escrito sobre a decisão do partido, Ciro usou termos duros para se referir aos comandantes do PSB. Na primeira, disse que não estariam à altura do que a história lhes impõe. Por derradeiro, escreveu que democracia não se faz com donos da verdade.

No comando de um Estado que cresceu 3,8% no ano passado, ante o recuo de 0,2% no PIB nacional, Eduardo Campos é um dos poucos governadores que ainda não sabem quem será o adversário à sua reeleição. Sob sua presidência, o PSB tornou-se majoritário no Nordeste, governando um eleitorado (Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte) superior ao do PT (Bahia, Piauí e Sergipe).

Se reeleito, deixará o governo do Estado como o equivalente, para o campo de forças hoje reunido em torno de Lula, ao que Aécio é hoje para a oposição: nomes da geração pós-1964, que, ao contrário de Serra e Dilma, cresceram na micropolítica herdada do PSD de seus avós e que, mesmo sendo economistas, parecem mais à vontade num encontro de prefeitos do que numa mesa redonda sobre o nó cambial.

Para se viabilizar nacionalmente, Campos depende que seu campo político se desloque do PT. Nome de visibilidade nacional muito mais evidente, Aécio ainda precisa esperar que o eixo de seu partido se desloque de São Paulo. Não acontecerão se um Lula 3 for posto em marcha, mas anunciam a perspectiva de temperança num cenário em que, noves fora Ciro, Serra ou Dilma vão elevar a temperatura da política.

Direitos já. Com sensibilidade.

Hoje saiu um texto tão bonito no site Terra Magazine (que acolhe o blog Bob Fernandes) que não posso deixar de indicar.

O link é este. Lá há uma discussão com 200 comentários.

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4407382-EI8423,00-Direitos+Ja.html

E copio a seguir o texto sublinhando o que mais me comoveu.

DIREITOS JÁ

por Marcelo Carneiro da Cunha, de São Paulo (SP)

Aleluia, estimados leitores! Pois não é que o mundo deu um salto pra frente nessa semana? Enquanto todos ficavam ligados na reunião do Copom para aumentar os juros, ou no Flamengo x Corinthians pra ver quem estava mais fora de forma, com vitória por larga vantagem para Ronaldo, ou embasbacados pela revista Time ter colocado o nosso Lula como a maior personalidade de 2010 NO MUNDO; o STJ concedia a um casal o direito de adotar duas crianças. O que parece a coisa mais saudável, feliz e normal do mundo, a adoção de um filho, foi um momento épico, porque o feliz casal, que finalmente pode adotar os filhos com quem já vivia há sete anos, era formado por mamãe Luciana e mamãe Lidia, duas mães, nenhum pai, no sentido formal do termo.

Assim, já que o Legislativo e Executivo não ajudaram, o STJ fez a sua parte na remoção do entulho, e, agora, casais gays vão poder adotar uma criança.

Claro que no dia seguinte, um padre da CNBB (um especialista em sexualidade, não é mesmo?) e um pastor da Assembléia de Deus (especialista em coisa alguma, não é mesmo?) vieram declarar que sentem muita pena das criancinhas, que agora não vão mais poderem ser órfãs e solitárias, mas poderão ser adotadas por qualquer um com suficiente amor no coração, uma coisa terrível, não é mesmo?

Nada me parece mais maluco do que alegar um suposto conhecimento do que Deus disse sobre algo para justificar uma injustiça. Mas é exatamente isso que padres e pastores adoram fazer, para convencer pessoas a torturar os seus semelhantes. Tortura é crime, estimados leitores. Privar alguém de dormir é tortura e é ilegal. Privar alguém da sua liberdade de ir e vir também é crime. Proibir alguém de amar é o que, na sua opinião? Privar alguém de exercitar o direito de amar uma criança ao ponto de suspender a solidão dela pela duração da sua vida inteira, adotando-a e assumindo essa enorme responsabilidade, é o que mesmo?

Eu não sei o que os leitores sabem, mas eu conheci crianças em orfanatos, e posso garantir a vocês que elas não querem nada mais nessa vida do que o que quase todos os que me lêem devem ter a sorte de ter, que são, nada mais, nada menos, do que um pai, uma mãe, vários de cada, o que for, desde que ela possa chamar pelas palavras mágicas, “pai”, “mãe”, e se sinta cuidada e amada. Uma criança não dá a mínima para a sexualidade da mão que toca a sua testa se ela tiver febre, não está nem aí para o número de pais e mães que venha a ter, desde que ao menos um esteja por perto para a admirar quando ela acertar o gol, tirar uma boa nota em alguma prova, se mostrar uma boa criança, ou simplesmente a sua criança.

Alguns entre vocês podem se preocupar com os eventuais preconceitos que as crianças possam sofrer na escola, no clube, na serra ou no campo, por terem pais gays, e eu vou ter que concordar. Dada a quantidade de intolerância e burrice ainda presentes no nosso mundo, essa é uma real possibilidade e, sim, temos um problema. Mas comparem isso a uma vida solitária para uma criança sem pais ou mães, hetero ou gays, e onde chegamos? Qual o maior problema?

Preconceitos são parte da nossa humanidade. Submeter-se a eles é apenas uma das nossas piores fraquezas. Superá-los é uma prova da nossa capacidade de sermos maiores do que nós mesmos.

Nada me incomoda mais do que os preconceitos abastecidos com doses generosas de interpretações nada generosas de bíblias, ou qualquer outro manual de normas religiosas. Vocês talvez não saibam, mas padres e pastores já usaram os mesmos argumentos para justificar a discriminação contra os indígenas, contra as mulheres, contra os judeus, contra os negros. E eles estiveram errados SEMPRE! Hoje, quem aí vai defender a tese de que os indígenas não têm alma, mulheres não podem votar, ou de que os negros são escravos por natureza? Portanto, é óbvio que padres e pastores estão tão errados nesse caso quanto sempre estiveram nos outros, e o preconceito contra os gays é tão estúpido e grosseiro quanto os outros preconceitos foram, antes de serem eliminados do nosso conjunto de crenças pela nossa evolução como sociedade. E, se não bastasse o fato de eu, obviamente, estar certo agora como sempre estou, ainda existe o pequeno detalhe de que temos uma Constituição nesse país, e ela é claríssima quando diz que TODOS os cidadãos são iguais perante a lei.

Ué, todos quer dizer todos, ou alguma outra coisa que pastores e padres não compreendem direito? Todos são iguais. Todos podem casar, adotar, amar, se separar, cuidar dos pais e mães, ser gente, com todos os direitos preservados, e não sonegados. As pessoas têm o direito ao que a lei garante a todos, estimados leitores. E elas têm esse direito, não porque eu ache legal, ou porque eu não ache legal, mas porque sim. E negar esse direito é cruel, e criminoso.

Em um dos maiores livros do mundo, “As Aventuras de Huckleberry Finn”, Huck é um menino de rua americano no século 19, que foge em uma jangada de sua aldeia na margem do rio Mississippi, e que, por acaso, ajuda um escravo a fugir junto. No entanto, ele começa a se sentir culpado. O pastor evangélico da sua aldeia passou anos insistindo que ajudar um escravo a fugir era um crime contra Deus, e que quem o cometesse iria para o inferno. Huck, como todo mundo naquela época, tinha muito, mas muito mesmo, medo do inferno.

E então Huck resolve enganar Jim, o escravo, entregando-o à polícia, na primeira cidadezinha que surgir. Mas, ao se aproximar da cidadezinha, Huck começa a lembrar de todas as coisas boas que já viu Jim fazer, começa a pensar no sujeito legal, muito legal, que Jim é. Jim é um amigo! E nesse momento Huck faz a escolha bela, redentora, que eleva o livro para o nível de grande literatura em que ele vive desde então: “Azar”, diz Huck, para si mesmo. “Eu prefiro ir para o inferno”.

A foram certa de ser divino é ser um bom humano com os demais humanos, estimados leitores, mesmo que isso seja exatamente o contrário do que dizem padres e pastores desumanos.

Pense e seja um Huck você também, porque o rio Mississippi passa sempre em frente à nossa casa. Basta desligar a escuridão e ligar a luz, coisa que qualquer um de nós, mas qualquer um mesmo, pode fazer, e é só fazer. Então, e é simples assim, faça.

Direitos já. Com sensibilidade.

Hoje saiu um texto tão bonito no site Terra Magazine (que acolhe o blog Bob Fernandes) que não posso deixar de indicar.

O link é este. Lá há uma discussão com 200 comentários.

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4407382-EI8423,00-Direitos+Ja.html

E copio a seguir o texto sublinhando o que mais me comoveu.

DIREITOS JÁ

por Marcelo Carneiro da Cunha, de São Paulo (SP)

Aleluia, estimados leitores! Pois não é que o mundo deu um salto pra frente nessa semana? Enquanto todos ficavam ligados na reunião do Copom para aumentar os juros, ou no Flamengo x Corinthians pra ver quem estava mais fora de forma, com vitória por larga vantagem para Ronaldo, ou embasbacados pela revista Time ter colocado o nosso Lula como a maior personalidade de 2010 NO MUNDO; o STJ concedia a um casal o direito de adotar duas crianças. O que parece a coisa mais saudável, feliz e normal do mundo, a adoção de um filho, foi um momento épico, porque o feliz casal, que finalmente pode adotar os filhos com quem já vivia há sete anos, era formado por mamãe Luciana e mamãe Lidia, duas mães, nenhum pai, no sentido formal do termo.

Assim, já que o Legislativo e Executivo não ajudaram, o STJ fez a sua parte na remoção do entulho, e, agora, casais gays vão poder adotar uma criança.

Claro que no dia seguinte, um padre da CNBB (um especialista em sexualidade, não é mesmo?) e um pastor da Assembléia de Deus (especialista em coisa alguma, não é mesmo?) vieram declarar que sentem muita pena das criancinhas, que agora não vão mais poderem ser órfãs e solitárias, mas poderão ser adotadas por qualquer um com suficiente amor no coração, uma coisa terrível, não é mesmo?

Nada me parece mais maluco do que alegar um suposto conhecimento do que Deus disse sobre algo para justificar uma injustiça. Mas é exatamente isso que padres e pastores adoram fazer, para convencer pessoas a torturar os seus semelhantes. Tortura é crime, estimados leitores. Privar alguém de dormir é tortura e é ilegal. Privar alguém da sua liberdade de ir e vir também é crime. Proibir alguém de amar é o que, na sua opinião? Privar alguém de exercitar o direito de amar uma criança ao ponto de suspender a solidão dela pela duração da sua vida inteira, adotando-a e assumindo essa enorme responsabilidade, é o que mesmo?

Eu não sei o que os leitores sabem, mas eu conheci crianças em orfanatos, e posso garantir a vocês que elas não querem nada mais nessa vida do que o que quase todos os que me lêem devem ter a sorte de ter, que são, nada mais, nada menos, do que um pai, uma mãe, vários de cada, o que for, desde que ela possa chamar pelas palavras mágicas, “pai”, “mãe”, e se sinta cuidada e amada. Uma criança não dá a mínima para a sexualidade da mão que toca a sua testa se ela tiver febre, não está nem aí para o número de pais e mães que venha a ter, desde que ao menos um esteja por perto para a admirar quando ela acertar o gol, tirar uma boa nota em alguma prova, se mostrar uma boa criança, ou simplesmente a sua criança.

Alguns entre vocês podem se preocupar com os eventuais preconceitos que as crianças possam sofrer na escola, no clube, na serra ou no campo, por terem pais gays, e eu vou ter que concordar. Dada a quantidade de intolerância e burrice ainda presentes no nosso mundo, essa é uma real possibilidade e, sim, temos um problema. Mas comparem isso a uma vida solitária para uma criança sem pais ou mães, hetero ou gays, e onde chegamos? Qual o maior problema?

Preconceitos são parte da nossa humanidade. Submeter-se a eles é apenas uma das nossas piores fraquezas. Superá-los é uma prova da nossa capacidade de sermos maiores do que nós mesmos.

Nada me incomoda mais do que os preconceitos abastecidos com doses generosas de interpretações nada generosas de bíblias, ou qualquer outro manual de normas religiosas. Vocês talvez não saibam, mas padres e pastores já usaram os mesmos argumentos para justificar a discriminação contra os indígenas, contra as mulheres, contra os judeus, contra os negros. E eles estiveram errados SEMPRE! Hoje, quem aí vai defender a tese de que os indígenas não têm alma, mulheres não podem votar, ou de que os negros são escravos por natureza? Portanto, é óbvio que padres e pastores estão tão errados nesse caso quanto sempre estiveram nos outros, e o preconceito contra os gays é tão estúpido e grosseiro quanto os outros preconceitos foram, antes de serem eliminados do nosso conjunto de crenças pela nossa evolução como sociedade. E, se não bastasse o fato de eu, obviamente, estar certo agora como sempre estou, ainda existe o pequeno detalhe de que temos uma Constituição nesse país, e ela é claríssima quando diz que TODOS os cidadãos são iguais perante a lei.

Ué, todos quer dizer todos, ou alguma outra coisa que pastores e padres não compreendem direito? Todos são iguais. Todos podem casar, adotar, amar, se separar, cuidar dos pais e mães, ser gente, com todos os direitos preservados, e não sonegados. As pessoas têm o direito ao que a lei garante a todos, estimados leitores. E elas têm esse direito, não porque eu ache legal, ou porque eu não ache legal, mas porque sim. E negar esse direito é cruel, e criminoso.

Em um dos maiores livros do mundo, “As Aventuras de Huckleberry Finn”, Huck é um menino de rua americano no século 19, que foge em uma jangada de sua aldeia na margem do rio Mississippi, e que, por acaso, ajuda um escravo a fugir junto. No entanto, ele começa a se sentir culpado. O pastor evangélico da sua aldeia passou anos insistindo que ajudar um escravo a fugir era um crime contra Deus, e que quem o cometesse iria para o inferno. Huck, como todo mundo naquela época, tinha muito, mas muito mesmo, medo do inferno.

E então Huck resolve enganar Jim, o escravo, entregando-o à polícia, na primeira cidadezinha que surgir. Mas, ao se aproximar da cidadezinha, Huck começa a lembrar de todas as coisas boas que já viu Jim fazer, começa a pensar no sujeito legal, muito legal, que Jim é. Jim é um amigo! E nesse momento Huck faz a escolha bela, redentora, que eleva o livro para o nível de grande literatura em que ele vive desde então: “Azar”, diz Huck, para si mesmo. “Eu prefiro ir para o inferno”.

A foram certa de ser divino é ser um bom humano com os demais humanos, estimados leitores, mesmo que isso seja exatamente o contrário do que dizem padres e pastores desumanos.

Pense e seja um Huck você também, porque o rio Mississippi passa sempre em frente à nossa casa. Basta desligar a escuridão e ligar a luz, coisa que qualquer um de nós, mas qualquer um mesmo, pode fazer, e é só fazer. Então, e é simples assim, faça.

Ian Bremmer (Eurasia Group) para a Barron’s :: Dilma vence.

I think Dilma Rousseff is going to win the upcoming election. The markets don’t quite accept that.”

Olha, esses caras não rasgam nota de cem. Mesmo não gostando da visão, segundo eles, mais estatista (ou nacionalista) da Dilma, eles não hesitarão na hora de fazer a aposta certa. Mas ele só está surfando na onda, já surgem analistas prevendo a vitória da Dilma, e o pior, ressalvando que a visão do Serra não é tão pró-mercado qdo se propaga. Se ele é a favor da privatização, ele é tb a favor de intervenção direta em áreas criticas da Política Macroeconomica, como câmbio.

Quem me lê sabe o que eu penso do câmbio valorizado e da desindustrialização da economia brasileira. Mas ter ressalvas é bem diferente de aceitar uma intervenção personalista gestada dentro de gabinetes e discutida com meia dúzia de asseclas. E esse é o estilo decisório do Serra.

Além disso ele prevê mais problemas para as empresas estrangeiras na China – então a controvérsia do Google vs China é só a ponta do iceberg – as grandes empresas, inevitavelmente passarão a investir mais no Brasil. O que seria mais água no moinho da economia brasileira.


Capitalism’s State of Play (Page all of 4) – Investing – Economy – SmartMoney.com

Published April 30, 2010

(…)

Brazil seems to be among the most popular places for Americans to plant their money in mutual funds. What do you think?

It is the right idea. I think Dilma Rousseff is going to win the upcoming election. The markets don’t quite accept that. She isn’t a very strong candidate, but Lula is behind her. I think with the Brazilian economy continuing to pick up over the course of the year, she is likely to say things as the election gets closer that will spook markets, particularly around state intervention in the key sectors — mining, telecom, utilities.

But the structure of the country is good. They’re got massive resources in alternative energy and offshore oil. The legal infrastructure and political institutions are becoming more and more solid over time. And as U.S./China becomes more problematic, U.S. corporations will do more in Brazil, as will the Chinese. So Brazil takes advantage of all of that.

Brazilians won’t vote for change in their presidential election By Ian Bremmer | The Call

Brazilians won’t vote for change in their presidential election

Posted By Ian Bremmer Friday, October 2, 2009 – 4:39 PM Share

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Ian Bremmer (Eurasia Group) para a Barron’s :: Dilma vence.

I think Dilma Rousseff is going to win the upcoming election. The markets don’t quite accept that.”

Olha, esses caras não rasgam nota de cem. Mesmo não gostando da visão, segundo eles, mais estatista (ou nacionalista) da Dilma, eles não hesitarão na hora de fazer a aposta certa. Mas ele só está surfando na onda, já surgem analistas prevendo a vitória da Dilma, e o pior, ressalvando que a visão do Serra não é tão pró-mercado qdo se propaga. Se ele é a favor da privatização, ele é tb a favor de intervenção direta em áreas criticas da Política Macroeconomica, como câmbio.

Quem me lê sabe o que eu penso do câmbio valorizado e da desindustrialização da economia brasileira. Mas ter ressalvas é bem diferente de aceitar uma intervenção personalista gestada dentro de gabinetes e discutida com meia dúzia de asseclas. E esse é o estilo decisório do Serra.

Além disso ele prevê mais problemas para as empresas estrangeiras na China – então a controvérsia do Google vs China é só a ponta do iceberg – as grandes empresas, inevitavelmente passarão a investir mais no Brasil. O que seria mais água no moinho da economia brasileira.


Capitalism’s State of Play (Page all of 4) – Investing – Economy – SmartMoney.com

Published April 30, 2010

(…)

Brazil seems to be among the most popular places for Americans to plant their money in mutual funds. What do you think?

It is the right idea. I think Dilma Rousseff is going to win the upcoming election. The markets don’t quite accept that. She isn’t a very strong candidate, but Lula is behind her. I think with the Brazilian economy continuing to pick up over the course of the year, she is likely to say things as the election gets closer that will spook markets, particularly around state intervention in the key sectors — mining, telecom, utilities.

But the structure of the country is good. They’re got massive resources in alternative energy and offshore oil. The legal infrastructure and political institutions are becoming more and more solid over time. And as U.S./China becomes more problematic, U.S. corporations will do more in Brazil, as will the Chinese. So Brazil takes advantage of all of that.

Brazilians won’t vote for change in their presidential election By Ian Bremmer | The Call

Brazilians won’t vote for change in their presidential election

Posted By Ian Bremmer Friday, October 2, 2009 – 4:39 PM Share

By Ian Bremmer

Brazil’s development as an emerging market power reached a crucial moment in October 2002, when voters chose Luiz Inacio Lula da Silva as their president. Just as only Nixon could go to China, only a president widely considered a “leftist” could have helped forge a consensus across Brazil’s political spectrum in favor of disciplined macroeconomic policy and greater openness to foreign investment. Lula, a former labor negotiator, has given Brazil a new self-confidence at home and abroad, and his government’s approval ratings have climbed above 80 percent.

So it’s a little curious that polls also show Lula’s chief of staff and preferred successor, Dilma Rousseff, trailing far behind Sao Paolo state governor Jose Serra in the race to replace him next October. According to latest figures from Ibope, a respected Brazilian polling firm, 34 percent of respondents say they plan to vote for Serra. Just 15 percent pledge to vote for Dilma, who has recently struggled through a spate of bad publicity and a serious cancer scare. She’s never run for office, lacks Lula’s charisma, and must hold together a fragmented coalition.

Don’t bet against her, though. First, elections are a year away. Dilma hasn’t yet fully emerged from Lula’s shadow, and Brazilians are only now learning to place the face with the name. Next year’s vote is liable to be a referendum on how Brazil is doing, and as the official candidate of Lula’s government, she’s very likely to be the campaign’s primary beneficiary from a strong post-financial crisis economic recovery. Consumer confidence is already improving, despite a year of flat growth. When the economy really begins to pick up steam next year, Lula’s government will smell like roses. A vote for Serra will be a vote for change. But by next fall, Brazilians are more likely to embrace a favorable status quo. Finally, Lula has barely begun to sing Dilma’s praises. His support will likely make an enormous difference.

To be sure, Serra won’t be easy to beat. Widely known and well-liked, he’s built a reputation as a hard-working and capable public servant. His expertise on issues that Brazil’s growing middle class cares about, like health care, is formidable. As governor of Sao Paulo state, he has a strong base of popular support. There’s also a potential wildcard in the race. Ciro Gomes, leader of Brazil’s socialist party (PSB), who is at 17 percent in the Ibope poll, could throw his hat in the ring, undermining Dilma by dividing the left. But he won’t take the leap unless Dilma looks especially weak early next year. By then, Brazil’s economy, Dilma’s broader name recognition, and Lula’s backing will probably have already begun to boost her candidacy. Even if Gomes runs, he’s not going to go after Dilma. He knows he will have no role in a Serra government but that he might win new influence if Dilma becomes president. That’s why he’s much more likely to go gunning for Serra.

Why should outsiders care who wins? When it comes to macroeconomics, Lula has sharply reduced the gap between left and right. Dilma would likely rely on many of the same market-friendly faces and disciplined economic policies that have helped Lula bridge that divide. But the outcome will matter a lot for the future of key sectors of the economy. A Dilma government will push hard to strengthen key Brazilian state-owned enterprises and develop industrial policy.

More important from a market perspective, the election outcome will shape the way Brazil’s government approaches development of one of the world’s largest new crude oil discoveries in recent years. Best estimates place Brazil’s proven oil reserves at about 14 billion barrels. According to Dilma, the so-called pre-salt oil region off Brazil’s southern coast could hold anywhere from 25 to 100 billion barrels, more than enough to transform the country into a major international oil exporter. With new wealth to manage, Brazilian lawmakers have begun debating a proposal to rewrite the law governing oil development.

If Serra wins, he’s likely to quickly approve auctions allowing energy multinationals to acquire new exploration and production rights to maximize revenues for the state. A Dilma government will want to maintain maximum control of the oil sector, keeping state-owned Petrobras in charge of operations. Given that Petrobras is already struggling to develop its existing concessions, this move would significantly delay Brazil’s ability to move large quantities of crude oil from the seabed into production, with long-term consequences for Brazil’s revenue and for global oil markets.

Dilma, Serra e o futuro do COPOM


“Aperitivo da Política Monetária do Governo Serra. Traduzindo: Foda-se o País, o que importa é vencer as eleições.”

A Dilma apoiou o COPOM, o que é um avanço. Queria até que ela tivesse feito isso ANTES da decisão. Uma coisa é vc não concordar com decisões pontuais, outra coisa é não acreditar na eficiência da Política Monetária para combater a inflação. Ou seja, estruturalmente, nada muda. Talvez um ajuste fino (no que eu concordo).

O Serra não queria falar, e se irritou – segundo o Estadão – e qdo pressionado (como todo candidato a Presidência deve ser) disse que “vai se debruçar sobre a questão, se for eleito”.

Peraí, a eleição não é sobre curriculo e competência? Ele quer que votemos nele acrediitando que APÓS ser eleito vai “encontrar a formula mágica da paz”? Sério, mano? Quem quer esse cheque em branco é o mesmo cara que pressionou FHC (sabe-se lá com que armas) a intervir sobre a dupla Malan-Arminio para NÃO subirem os juros (e a até baixarem em 50 pts). E isso, mesmo com o derretimento da economia, antes das eleições de 2002?

Se ele vai fazer algo diferente do que está ai, ele poderia ao menos, nós dar uma visão global do que vai ser feito? Agora “se debruçar sobre o assunto após ser eleito” não é a melhor demonstração de competência e preparo, né? Depois, a inexperiente é a Dilma. Mas eles já repetiam esse mantra lá atrás né? O resultado tá ai.

PS.: Um dos assuntos mais importantes da campanha, e qtas linhas/minutos a mídia dá pra ele? Pior é que teve jornal que nem procurou questionar os candidatos. Essa é a medida da mediocridade da campanha eleitoral até agora.

Petista e tucano divergem sobre alta da taxa de juros — Clipping TSE

Gustavo Porto, Ribeirão Preto – O Estado de S.Paulo

Pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff defendeu ontem a alta nos juros como forma de combate à inflação. O presidenciável do PSDB, José Serra, criticou a elevação de 0,75 ponto porcentual na taxa básica, anunciada anteontem pelo Banco Central.

Na Agrishow, em Ribeirão Preto, a petista criticou o governo do PSDB, sem citar nomes. “Nós não vamos ser complacentes com a inflação em momento algum. Esse compromisso é meu também, com a estabilidade que no Brasil foi conquistada a duras penas.”
Para Dilma, o valor do salário dos trabalhadores é garantido quando se garante que os preços não subam. “Ninguém vai ganhar as eleições com o malabarismo que já fizeram no passado.”

José Serra, que participou da mesma feira, se irritou quando incitado a comentar sobre o aumento da taxa de juros e a comparar os governos de seu partido e do PT. O tucano disse que vai se debruçar sobre a questão, se for eleito, e que não entende o motivo de “entrar governo, sair governo” e as taxas no Brasil serem as mais altas do mundo.

Sobre a promessa de reduzir preço dos pedágios no Estado, feita pelo senador Aloizio Mercadante (PT), Serra disse que não perderia tempo comentando.

Dilma, Serra e o futuro do COPOM


“Aperitivo da Política Monetária do Governo Serra. Traduzindo: Foda-se o País, o que importa é vencer as eleições.”

A Dilma apoiou o COPOM, o que é um avanço. Queria até que ela tivesse feito isso ANTES da decisão. Uma coisa é vc não concordar com decisões pontuais, outra coisa é não acreditar na eficiência da Política Monetária para combater a inflação. Ou seja, estruturalmente, nada muda. Talvez um ajuste fino (no que eu concordo).

O Serra não queria falar, e se irritou – segundo o Estadão – e qdo pressionado (como todo candidato a Presidência deve ser) disse que “vai se debruçar sobre a questão, se for eleito”.

Peraí, a eleição não é sobre curriculo e competência? Ele quer que votemos nele acrediitando que APÓS ser eleito vai “encontrar a formula mágica da paz”? Sério, mano? Quem quer esse cheque em branco é o mesmo cara que pressionou FHC (sabe-se lá com que armas) a intervir sobre a dupla Malan-Arminio para NÃO subirem os juros (e a até baixarem em 50 pts). E isso, mesmo com o derretimento da economia, antes das eleições de 2002?

Se ele vai fazer algo diferente do que está ai, ele poderia ao menos, nós dar uma visão global do que vai ser feito? Agora “se debruçar sobre o assunto após ser eleito” não é a melhor demonstração de competência e preparo, né? Depois, a inexperiente é a Dilma. Mas eles já repetiam esse mantra lá atrás né? O resultado tá ai.

PS.: Um dos assuntos mais importantes da campanha, e qtas linhas/minutos a mídia dá pra ele? Pior é que teve jornal que nem procurou questionar os candidatos. Essa é a medida da mediocridade da campanha eleitoral até agora.

Petista e tucano divergem sobre alta da taxa de juros — Clipping TSE

Gustavo Porto, Ribeirão Preto – O Estado de S.Paulo

Pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff defendeu ontem a alta nos juros como forma de combate à inflação. O presidenciável do PSDB, José Serra, criticou a elevação de 0,75 ponto porcentual na taxa básica, anunciada anteontem pelo Banco Central.

Na Agrishow, em Ribeirão Preto, a petista criticou o governo do PSDB, sem citar nomes. “Nós não vamos ser complacentes com a inflação em momento algum. Esse compromisso é meu também, com a estabilidade que no Brasil foi conquistada a duras penas.”
Para Dilma, o valor do salário dos trabalhadores é garantido quando se garante que os preços não subam. “Ninguém vai ganhar as eleições com o malabarismo que já fizeram no passado.”

José Serra, que participou da mesma feira, se irritou quando incitado a comentar sobre o aumento da taxa de juros e a comparar os governos de seu partido e do PT. O tucano disse que vai se debruçar sobre a questão, se for eleito, e que não entende o motivo de “entrar governo, sair governo” e as taxas no Brasil serem as mais altas do mundo.

Sobre a promessa de reduzir preço dos pedágios no Estado, feita pelo senador Aloizio Mercadante (PT), Serra disse que não perderia tempo comentando.

A entrevista de Coimbra, do Vox Populi, à TV Bandeirantes

O diretor do instituto de pesquisas Vox Populi faz uma análise interessante e racional da conjuntura eleitoral.

Os pontos que ele analisa são os seguintes:

1) A eleição tende a ser cada vez mais plebiscitária.
2) Os eleitores costumam votar em pessoas, não em tese.
3) A aposta que o Lula faz em 2010 é uma aposta nova: se o eleitor aprova o governo Lula, vote em Dilma. Caso contrário, vote em Serra. Votação no grupo e nas propostas em detrimento das pessoas que estão concorrendo. A proposta do Serra é um debate de biografias pessoais, independentemente do grupo que cada um representa.
4) A tese da continuidade tem grande simpatia da população, pois as pessoas estão satisfeitas.
5) A tese do Lula (item 3) está fazendo efeito (como mostra o crescimento de Dilma nos últimos meses).
6) O Caso do Chile. Bachelet, com 80% de popularidade, não fez o sucessor. Porém, Bachelet fazia parte do grupo político Concertação, que estava há 20 anos no poder. Houve, então, uma fadiga, um cansaço com esse grupo, o que não acontece no Brasil no momento.
7) Método de pesquisas eleitorais e crítica ao Datafolha (por interferência no modo como se faz a pergunta ao eleitor).

Acompanhe o vídeo no link:

http://videos.band.com.br/v_57000_entrevista_com_marcos_coimbra_diretor_do_vox_populi.htm

A entrevista de Coimbra, do Vox Populi, à TV Bandeirantes

O diretor do instituto de pesquisas Vox Populi faz uma análise interessante e racional da conjuntura eleitoral.

Os pontos que ele analisa são os seguintes:

1) A eleição tende a ser cada vez mais plebiscitária.
2) Os eleitores costumam votar em pessoas, não em tese.
3) A aposta que o Lula faz em 2010 é uma aposta nova: se o eleitor aprova o governo Lula, vote em Dilma. Caso contrário, vote em Serra. Votação no grupo e nas propostas em detrimento das pessoas que estão concorrendo. A proposta do Serra é um debate de biografias pessoais, independentemente do grupo que cada um representa.
4) A tese da continuidade tem grande simpatia da população, pois as pessoas estão satisfeitas.
5) A tese do Lula (item 3) está fazendo efeito (como mostra o crescimento de Dilma nos últimos meses).
6) O Caso do Chile. Bachelet, com 80% de popularidade, não fez o sucessor. Porém, Bachelet fazia parte do grupo político Concertação, que estava há 20 anos no poder. Houve, então, uma fadiga, um cansaço com esse grupo, o que não acontece no Brasil no momento.
7) Método de pesquisas eleitorais e crítica ao Datafolha (por interferência no modo como se faz a pergunta ao eleitor).

Acompanhe o vídeo no link:

http://videos.band.com.br/v_57000_entrevista_com_marcos_coimbra_diretor_do_vox_populi.htm