Tombini e o câmbio


“Delfim e Tombini”

A cada dia conhecemos mais a personalidade e as visões do próximo presidente do Banco Central. A grande diferença, é mais que na “forma”, está no “conteúdo”. Movido por uma visão clara dos efeitos negativos do câmbio valorizado para a estabilidade macro, ele fundamenta as intervenções, não esporadicas, mas como mais uma variável a ser monitorada.

Ao adotar uma abordagem extremamente técnica para fundamentar suas posições, ele mostra a todos envolvidos que as decisões não são meramente circunstânciais e sim movidas a príncipios. Mas o principal nessa história toda é que ao demonstrar isso institucionalmente (na sabatina) desde o principio da sua gestão, ele coloca uma dúvida na cabeça daqueles que especulam no mercado cambial. Operadores, continuarão a lucrar, mas dormirão um pouco menos tranquilos a partir de agora.

Para quem não é envolvido com o assunto, um presidente de Banco Central, no Brasil, falar o que ele falou na sabatina, é uma evolução gigantesca.

PS.: Estou tentando localizar a integra da sabatina da sua indicação como diretor no site do Senado em 2005 para comparar e ver o que mudou na sua visão. Mas o site do Senado é um lixo. Retorna somente página por página das atas, e o pior, em .pdf. Um dia o pessoal aprende. Internet é HTML meu povo.

Tombini mostra preocupação com câmbio – economia – Estadao.com.br

Em sabatina no Senado, futuro presidente do BC indica que pode ser mais intervencionista no câmbio do que seus antecessores

07 de dezembro de 2010 | 23h 00

Fernando Nakagawa e Fabio Graner, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA – Alexandre Tombini foi aprovado terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para ocupar a presidência do Banco Central no governo Dilma Rousseff.

Atual diretor de Normas, o economista gaúcho, ao tratar do real valorizado, mostrou ter uma posição mais claramente intervencionista do que de seus antecessores no comando do BC, evidenciando, nesse ponto, maior alinhamento com o Ministério da Fazenda. “Não podemos deixar que políticas de outros países determinem a direção dessa importante variável da economia que é o câmbio”.

Desde a adoção desse regime em 1999, as principais autoridades do BC têm defendido uma oscilação livre das cotações do dólar. Quem compartilha dessa visão acredita que eventuais desequilíbrios no câmbio ou nas contas externas são corrigidos pelo mercado com o tempo. Ontem, porém, Tombini deu sustentação teórica para uma postura mais ativa do governo na política cambial. Ficou claro que, para ele, o sistema de câmbio é flutuante, mas essa flutuação deve refletir os fundamentos da economia e não simplesmente os movimentos erráticos do mercado financeiro.

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Delfim Netto :: Nietzsche e a conta corrente


“Eu quase não gosto do Nietzsche, com o Delfim citando então…”


Blog Leituras Favre

Nietzsche e a conta corrente
Antonio Delfim Netto | VALOR

Uma das mudanças, de tantas que estão acontecendo na análise da economia brasileira, é o quase consenso sobre o sucesso das nossas políticas fiscal e monetária no enfrentamento da crise financeira que se abateu sobre o mundo. Dependendo da disposição do analista com relação à orientação política do governo, os pecadilhos cometidos na acomodação do superávit primário de 2010 serão “veniais” ou “capitais”. O fato concreto, entretanto, é que devemos terminar 2010 com boas perspectivas internas como se vê na tabela abaixo:

Não é possível negar: 1º ) que se trata de um ponto de partida positivo; 2º ) que a situação da economia mundial mudou. Terminou, pelo menos por algum tempo, o vento de cauda externo; e que, 3º ) temos de nos preparar para enfrentar algumas nuvens escuras escondidas no horizonte.

A mais próxima, mas menos visível, refere-se à política fiscal. Durante o esforço para combater a crise executamos uma política expansiva que não foi, apenas e propriamente, “contracíclica” porque os gastos não terminaram com a volta da economia ao crescimento: assumimos alguns compromissos de despesas permanentes, com receitas não garantidas.

É tempo, agora, de retomarmos o caminho virtuoso que nos trouxe até aqui: produzir um déficit primário da ordem de 3,3% (sem choro nem vela!) capaz de garantir num horizonte visível (se a taxa de juro real for menor do que o crescimento do PIB), uma redução monotônica da relação dívida bruta/PIB para 40%. Mais que isso, é preciso estabelecer uma regra que produza uma taxa de crescimento das despesas do governo (excluídos os investimentos) menor que a do crescimento do PIB. Isso abrirá espaço para a ampliação dos investimentos públicos e aumentará a capacidade do governo de atrair capital privado para parcerias nos empreendimentos de infraestrutura.

A segunda nuvem não está escondida: brilha a ponto de nos cegar. Há pelo menos 25 anos temos a maior taxa de juro real do mundo. Com o compromisso de uma política fiscal firme e crível será possível dar ao Banco Central autônomo o conforto necessário para que, na execução da política monetária, ele a reduza, num horizonte aceitável, à média internacional (qualquer coisa entre 2% e 3%) o que, certamente, terá de ser precedido por uma formulação adequada da remuneração das cadernetas de poupança. Com relação à política monetária é preciso insistir na ideia que “todos os modelos são errados, mas alguns são úteis” e que nenhum deles nos dirá qual a taxa de juro “neutra”, que compatibiliza o pleno uso da capacidade produtiva com a estabilidade da taxa de inflação. Com relação a esta, aliás, também já é tempo de reconhecermos que não há nada errado com a meta inflacionária de 4,5%. Não há a menor evidência empírica de que taxas de inflação menores do que 6% ou 7% tenham qualquer efeito sobre o crescimento do PIB a longo prazo. É claro que quando as condições de pressão e temperatura forem normais, o melhor o e desejável é ter uma taxa de inflação parecida com a dos nossos parceiros internacionais. Por outro lado, é preciso impor um pouco mais de transparência às decisões do Copom, publicando, num prazo de 90 dias, os votos escritos por seus membros para que nos tranquilizemos com sua “ciência”. O “hedge” de todo BC para conquistar “credibilidade” é superestimar a taxa de juro “neutra” e subestimar o famoso “produto potencial”, o que pode ter um custo social inaceitável.

Pecadilhos podem ser “veniais” ou “capitais”

A terceira nuvem no horizonte diz respeito à fantástica supervalorização do real que está corroendo a sofisticada estrutura industrial brasileira. Ninguém razoável pode continuar a acreditar na famosa “Disneylândia”, onde os mercados são perfeitos e os preços são sempre os “certos”. Temos de pensar qual é o Brasil que queremos em 2030, quando teremos de dar emprego de boa qualidade para 150 milhões de brasileiros. Certamente não é este. E a mudança depende de um Estado-indutor inteligente, diligente e firme, que continue a estimular a agricultura e a mineração, mas dê atenção especial à pesquisa, à inovação e aos investimentos nos setores industrial e de serviços, sem esquecer os estímulos à elevação da taxa de poupança.

Não devemos esquecer que, no fim, a competição é o nome do jogo, mas competição em condições isonômicas entre a produção interna e a importação. No “chão da fábrica”, a produtividade do trabalhador brasileiro e do chinês é praticamente a mesma. Perdemos da porta da fábrica para fora, porque o Estado chinês é mais ousado e “eficiente” do que o nosso. É evidente que o déficit em conta corrente de US$ 50 bilhões em 2010 e o estimado (se tudo continuar como está) em qualquer coisa como US$ 70 bilhões, em 2011, festejados como coisa muito boa pelos mercadistas dos preços “certos”, estão preparando o mesmo desastre que já vivemos muitas vezes no passado. Não posso deixar de lembrar Nietzsche, que disse “a grande vantagem da falta de memória é que podemos gozar sempre, pela primeira vez, as mesmas coisas boas”!

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-Ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras

E-mail contatodelfimnetto@terra.com.br

Quer que eu desenhe? :: Câmbio Valorizado

Esse post do Alê Porto e a visão excessivamente “cor de rosa” do Gunter (rs) a respeito do futuro da economia brasileira me obrigou a fazer essa “edição especial”. Pois tem alguma coisa errada quando começamos a ver pessoas boas começarem a ignorar que temos um problema sério nas contas externas e que essa situação não é sustentável e de dificílima resolução.

Segue abaixo alguns dados importantes. E o que me assombra ainda mais, esses dados estão desatualizados, visto que houve uma valorização ainda maior da moeda desde o último boletim.

 

“Exportações Brasileiras :: Commodities vs Não-Commodities (1990 a 2010)”

“Financiamento de Transações Correntes :: O IED vai pagar a conta? Até quando?”

“Transações Correntes :: Deja Vu?”

“Exportações por Bloco Econômico :: Vermelho em extinção (para os países ricos)?”

“Balança Comercial :: Nisso eu até concordo, estamos em patamares diferentes. Mas é o “mesmo” (similares é palavra correta) problema.”

“Parceiros Comerciais :: Desses caras quem não está em crise, ou na iminência de uma recaida?”

E ai? Temos um problema grave ou não? O gradualismo vai resolver isso? Pra sair dessa enrascada é preciso coordenação. Sorte que a Dilma tem consciência disso (eu acho). 

Tem gente que vai se irritar porque não coloquei esses gráficos antes das eleições. Sorry periferia, eu li Maquiavel.

Amir Khair :: “Câmbio e Inflação”


“BCB :: #AgoraéDilma!”

Mais pessoas percebem o “jogo graúdo” que se desenha. E as notas de jornais de hoje mostram que a chapa esquentou para o Meirelles devido, mais uma vez, a sua inabilidade política. É o bloco que só tende a crescer. Fiquem com o artigo do Estadão (é velho eu sei, mas só li agora). Depois eu volto falando mais sobre o que está rolando. Aliás, eu volto quando conseguir entender o que está realmente rolando, ok?

O artigo tem problemas, mas pelo menos, deu a cara a tapa. Propôs ações práticas. Não aquele lenga-lenga de “desvalorizar por desvalorizar”. Como? Não respondem. Quem lucra, quem perde? Mas não precisam se justificar, afinal a ditadura do “pensamento único” só mudou de lado.

Mas quem se importa, realmente, precisa fornecer alternativas e propostas práticas, para serem refinadas, testadas. Pra mim fica cada vez mais claro que não vai ser possível uma ação extremamente gradualista. Algum tipo de ruptura será necessária.

Nesse sentido, a inação do Lula (nessa área) por 8 anos vai começar a cobrar a fatura. Só pra constar: o sistema de metas de inflação não teve uma mínima modernização (seja na “janela temporal”, seja na continuidade do processo de desindexação (IGP’s), seja em mais transparência nas decisões do COPOM, seja na formalização da autonomia operacional – não confundam com independência – do BCB, entre outras medidas).

Então, parafraseando os marqueteiros da campanha: Agora é Dilma!


Câmbio e Inflação – economia – Estadao.com.br


Câmbio e Inflação
14 de novembro de 2010 | 0h 00

AMIR KHAIR – O Estado de S.Paulo

O que controla a inflação? Segundo o mercado financeiro e o Banco Central (BC), é a Selic que serve para regular a demanda. Será que cumpre essa função? Não creio.

Além da massa salarial, o que influencia a demanda são os juros ao consumidor e este se descolou da Selic faz tempo. É bom recordar. Ao final de 2008 foi demitido o presidente do Banco do Brasil (BB), que discordou da orientação do governo para reduzir as taxas de juros. O mercado reagiu fazendo em dois dias despencar o preço das ações do BB, pois baixar juros iria prejudicar seus lucros. Na prática, o BB se expandiu, os lucros cresceram e o preço das ações, após oito meses, tinham dobrado, e agora já triplicaram.

Com a redução das taxas de juros e a expansão do BB e da Caixa Econômica Federal (Caixa) para ajudar no combate à crise financeira, ocorreu o descolamento dos juros ao consumidor em relação à Selic. Desde dezembro de 2008 até abril deste ano, a Selic passou de 13,75% para 8,75%, com queda de 5,0 pontos porcentuais (pp). Nesse período a redução dos juros para as empresas foi de 4,4 pp e, para os consumidores, 16,8 pp. A partir de maio, o BC elevou a Selic até 10,75%, subindo 2,0 pp, e os juros para as empresas subiram 2,7 pp e, para os consumidores, caíram (!) 1,7 pp.

Resultado: a alteração da Selic não serviu para dificultar o crédito ao consumidor e funcionou para prejudicar as empresas, o que atenta contra a inflação. Além dessa política de colocar o BB e a CEF para induzir o setor financeiro privado a reduzir suas taxas de juros, contribuíram para o descolamento a opção das pessoas pelo crédito consignado e a política do comércio em procurar adaptar as prestações ao bolso do consumidor.

Portanto, sob o aspecto de controlar o consumo, a Selic não cumpre mais essa função. Mas, então, para que serve?

Apreciação do real. Serve para apreciar o real e essa é a corrente de transmissão para o controle da inflação. O BC usa duas formas para apreciar o real: 1) manter a Selic elevada para atrair investimentos estrangeiros em títulos do governo, com juros de pai e mãe para filho; 2) elevar as reservas para manter a posição “vendida” dos bancos. Assim, não pararam de entrar dólares no País atraídos por ganhos fáceis e seguros e essa conta é paga por todos nós. Além disso, a apreciação do real desestimula as exportações, que, em parte, são desviadas para o mercado interno, e estimula as importações, que permitem atender o que a oferta interna não consegue. É a famosa âncora cambial, considerada em várias análises como o principal instrumento de controle inflacionário. Essa foi a base do Plano Real, só que naquela ocasião a Selic era o triplo da atual.

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Bracher :: A ameaça do câmbio


A ameaça do câmbio — Portal ClippingMP

A ameaça do câmbio

Autor(es): Sergio Lamucci
Valor Econômico – 24/09/2010

A trajetória de valorização do câmbio preocupa o ex-presidente do Banco Central (BC) Fernão Bracher. Para ele, o país precisa lutar contra o fortalecimento excessivo do real, que pode ter efeitos muito negativos para a economia. “Nós vimos agora a cotação ameaçar ir abaixo de R$ 1,70 o que seria catastrófico para todo o país”, afirma Bracher, alertando para os riscos de um dólar exageradamente barato para a indústria e até mesmo para os setores que exportam commodities. “Atrás do câmbio está a geladeira americana, o automóvel, a máquina alemã. Tudo isso é câmbio. É a nossa soja, o nosso café”, diz Bracher, num discurso pouco comum para um banqueiro.

Hoje vice-presidente do conselho de administração do Itaú BBA, Bracher diz que o mundo passa por um realinhamento global de moedas, causado pela necessidade de desvalorização do dólar, para corrigir o déficit em conta corrente dos Estados Unidos. Isso tem levado muitos países a defender suas divisas, para impedir valorizações exageradas, como têm feito o Japão, a Suíça e a Colômbia, nota Bracher. “É como se fosse um grande movimento tectônico, em que as coisas têm que se ajustar.”

Para ele, como há hoje uma “situação extraordinária”, é preciso adotar “posturas extraordinárias”. Além do movimento global de moedas, Bracher lembra que o “Brasil está na moda”, atraindo um volume significativo de recursos estrangeiros – entre outros motivos, pelo diferencial de juros internos e externos.

O ex-presidente do BC elogia a atitude do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de dizer que o governo pretende evitar a “valorização excessiva ou indevida” do real. “Acho muito bom que alguém do governo diga isso.”

Bracher considera a compra de dólares a melhor opção para evitar uma apreciação exagerada do câmbio, preferencialmente por meio do BC, mas não condena a intervenção via Fundo Soberano do Brasil, autorizado recentemente a comprar dólares. “O importante é comprar.”

Caso a aquisição de moeda americana não seja suficiente para deter a valorização do real, o governo poderia, então, analisar o uso de medidas administrativas, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre a entrada de capitais ou mudanças nas posições vendidas dos bancos. “Elas devem ser o último recurso, mas são um recurso”, diz Bracher, que não as vê como um tabu. Mas, por serem o último recurso, “deve-se procurar não usá-las, ou usá-las o menos possível”. Essas medidas “envelhecem muito rapidamente”, observa. “É como dizem os italianos: “fatta la legge, trovata la roba”, significando que logo se encontra a maneira de driblar a medida administrativa.” Se adotadas, é preciso que se tenha em mente que se trata de uma situação temporária.

Um dos fundadores, em 1988, do Banco BBA Creditanstalt, que em 2002 se associou ao Itaú, Bracher diz que o saldo de quase oito anos do governo Lula é “positivo nos aspectos econômico e social, e negativo no moral”. A seguir, os principais trechos da entrevista.

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Quer que eu desenhe? :: Câmbio pós-IOF (Especial)

“Por isso a mídia não fala da Economia Brasileira. Só de factoide.”

Com esses dois especiais sobre o câmbio retomamos a série, e o blog enfim. Recarregado pelas cachoeiras de um cerrado em chamas.

A intenção desse gráfico é mostrar que ao contrário do que pode parecer não parece que o câmbio vai ser um problema pro próximo ano. As expectativas de inflação estão controladas, o cenário é positivo, a beleza da delicada intervenção com o aumento do IOF é que não causou traumas e uma nova mudança um pouco mais heterodoxa não causará impactos no mercado. Até acho que, se olharmos as posições, o Mercado já está precificando isso.

Mas continuo apostando em medidas complementares para auxiliar o BC a acelerar a queda nos juros. E um pacote (by Nelson Barbosa), logo no começo do mandato,  pra alavancar o aumento dos investimentos.

Superado pela Índia, Brasil é 10º maior produtor industrial do mundo


“Nem tudo são flores.”

Os efeitos do câmbio valorizado ficam claros nesse gráfico. Se existem controvérsias sobre  o processo de desindustrialização brasileira, estagnação no desenvolvimento industrial é incontestável. Estabilizamos a economia, ponto pra nós. Mas muitos o fizeram a um custo muito menor. É preciso refletir sobre os avanços e retrocessos, aspectos positivos e negativos dessa caminhada de uma década.

Precisamos pelos menos aprender alguma coisa. E o momento ideal para essa discussão, numa democracia, é agora.


Superado pela Índia, Brasil é 10º maior produtor industrial do mundo

Segundo levantamento da ONU, China superou o Japão em 2009 e já é o 2º maior produtor mundial, atrás apenas dos EUA

Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo

Tópicos: onu; produção; indústria; brasil; china; índia

GENEBRA – O Brasil perde o posto de nono maior parque industrial do mundo. Dados divulgados pela ONU apontam que a Índia superou o Brasil em 2009 e o País caiu para a décima posição. No topo do ranking, a China supera pela primeira vez o Japão para se tornar o agora o segundo maior produtor de bens manufaturados do mundo.

A liderança é ainda dos Estados Unidos. Mas a economia americana está cada vez mais ameaçada nessa posição. No ano 2000, os americanos representam 26,6% da produção industrial do mundo, o ponto mais alto em 40 anos. Em outras palavras, a cada quatro produtos fabricados no planeta, um vinha dos Estados Unidos. Em 2000, o Japão era o segundo maior produtor. A China vinha apenas na quarta, com apenas 6,6¨da produção mundial.

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Beluzzo :: A China e a resistência cambial


A China e a resistência cambial — Portal ClippingMP

Autor(es): Luiz Gonzaga Beluzzo
Valor Econômico – 06/04/2010

A partir do segundo trimestre de 2009, o comércio mundial começou a emergir (+ 0,5%) do mergulho profundo em que se lançou entre o 4º trimestre de 2008 (-7,8%) e o 1º trimestre de 2009 (-10,7%). Essa modesta estabilização do comércio mundial foi promovida, sobretudo, pelas importações dos países asiáticos que cresceram 7,2% no período enquanto as importações dos países desenvolvidos continuaram a se contrair.

Estudos sobre a evolução do comércio mostram que o plano anticíclico de US$ 580 bilhões (cerca de 12% do PIB) colocado em prática pelo governo chinês impulsionou a demanda doméstica e teve impacto importante nas economias vizinhas. Coreia e Cingapura elevaram as despesas públicas em infraestrutura e estimularam a expansão do crédito. Os efeitos benéficos da estratégia chinesa destinada a enfrentar a crise não pouparam os exportadores de commodities, felizes beneficiários da recuperação dos preços e volumes dos bens destinados ao comércio exterior.

Apesar dessas ações virtuosas, um dos temas do momento é a resistência da China diante das sugestões ou das súplicas para que deixe o yuan flutuar. São cada vez mais frequentes as queixas dos que se julgam prejudicados pela agressiva “invasão chinesa” nos mercados de manufaturas. Não são poucos os países que apontam a “resistência cambial” dos asiáticos como o maior obstáculo à almejada correção dos desequilíbrios de balanço de pagamentos que afligem gregos e troianos no jogo da economia global.
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