Quando deixei Brasília, na sexta, tinha certeza que alguma coisa iria acontecer. Não sabia dizer o que, mas as aguas que levam à 2014 estavam muito calmas. Assim com tem algo acontecendo entre SP-MG mas não consigo entender/aceitar. Preconceito? Talvez precise “esvaziar a mente”. Mas fico feliz em saber que todos no meio político foi pego de surpresa com a decisão da Marina.
Acho que pesou muito para ela a decisão – a meu ver equivocada – no segundo turno de 2010. Vejamos: com um legado de 20 milhões de votos, um partido (PV) quase na mão e a possibilidade de conseguir no mínimo dois ou três Ministérios importantes no futuro governo Dilma – imaginem, por exemplo, MCT-FINEP e MMA-Ibama (mas…mas, não seria fisiologismo? Ah… tá! Se vocês ainda estão nessa, boa sorte.). Ela seria protagonista, não coadjuvante. Afinal a Presidenta é “low-profile” “by design”, por bem ou por mal. Mas a Dilma, passaria todo o primeiro mandato sob a sombra do “só venceu por que a Marina te apoiou”. E se o caldo entornasse, era sair pra disputar 2014, como – ups! – Eduardo Campos e o PSB.
Agora ela tem na mão uma vice na chapa de outro candidato, não conseguiu o PV (uma boa marca, com potencial, diga-se de passagem), não conseguiu tirar a sua Rede papel (não é um partido, mas, sem partidos há estabilidade democrática?), e só a (vaga) promessa do fim da reeleição já pra 2018 (kkk). Olha, eu não entendo muito disso não, é só hobby, mas eu ficaria com a primeira opção.
Ela apanhou do jogo político “hardcore” de Brasília. E pra se chegar à Presidência, é OBRIGATÓRIO passar por isso. Assim como campanhas eleitorais TEM que ser sangrentas. O que não mata, fortalece. A estabilidade só chega depois do tremor. Enfim, não existe atalho na Democracia (na Ditadura, só a ilusão de um). Eduardo está jogando bem, e o Serra, esse ai, nessa parte sabe tudo.
Se não aguenta, bebe leite. Se não sabe brincar, não vem parquinho. Se não dá conta, pra quê que nasce? Esse é o jogo. Não fomos nós que o criamos, vai reclamar com Maquiavel.
Nada disso está nos jornais, não sei porquê. Mas esqueçam a mídia, às vezes penso que é parte do jogo, mas acho que é incompetência mesmo. Desaprenderam a fazer jornalismo. Uma pena. É óbvio, é evidente, que quem mais perde com essa decisão é o PSDB (com o Aécio). E o Serra pra ser candidato de novo, precisa, primeiro tirá-lo do caminho. E é o que está fazendo. Tijolo, por tijolo.
Já o Eduardo Campos está fazendo o que é possível (e depois de sábado, ficou claro, o impossível). Voltemos ao começo: O Lula prometeu a ele, a chance – ressalte-se, a chance – de ser o candidato da “aliança hegemônica” em 2018. Ele até que deve confiar no Lula, ele não confia é no PT. Faz bem, pois partidos políticos são criados para isso. É só olhar para seu arquirrival pra ver o que ocorre quando se deixa de buscar o poder, e se perde na disputa interna. Mas a disputa interna no PT, dizem, é o pior dos mundos, quem pôs ordem na casa foi o @Barbudo83porcento.
É só olhar pra São Paulo e ver que o Haddad – quando o Governo Federal não ferra com tudo, como por exemplo, agendando data de aumento de preços – está fazendo tudo certo. Invertendo a lógica do desenvolvimento da cidade, criando corredores de ônibus, fazendo todas as maldades possíveis no primeiro ano, etc. Não cabe aqui essa analise, mas se tudo caminhar como programado, será ele o candidato em 2018. Já o Padilha – de quem gosto muito – tem primeiro que vencer. Não vou me alongar, só exemplificar: em 2002 o Genoino perdeu o Governo de SP para o Alckmin por uma pequena margem, e, virou Presidente do PT. O presidente que teve que assinar aqueles contratos e o resto é história. E ela, meus caros, não é uma guria muito sentimental.
Oras, o Eduardo viu esse cenário e entendeu que é agora ou nunca. E cruzou o Rubicão.
Político com coragem SEMPRE não sobrevive por muito tempo, MAS em algum momento é preciso tê-la (por exemplo: para democratizar a mídia, enfrentar as teles, para investir em segurança nacional e inteligência, e inúmeros outros temas). Querem condená-lo por ter a coragem, que muitos, após chegar ao poder deixaram de ter?
Traição? Política é a arte de trair (desde s-e-m-p-r-e: Et tu Brute?). Então, sair como candidatos é a única maneira que eles – ambos da base do governo Lula/PT – tem para fazer jus ao legado que foi deixado. Programas? Nenhum partido político no Brasil tem um programa estruturado. Não é o “nosso jeito” de fazer as coisas. Vivam com isso e parem de sofrer. Mas eles tem ideias: sustentabilidade, inovação, gestão, etc. Eu acho que são bases boas para se começar a “brincar”, para se entrar no jogo.
Por favor, parem de acreditar na política personalista, no salvador da pátria, na madre teresa de Calcutá, na falácia do voto transformador a cada dois anos. A política somos nós. Ela é fruto da nossa ação – ou, inação. A sociedade brasileira é reflexo do que somos e fazemos individualmente. Então se existe uma ideia que você gosta – pqp – participe, construa e defenda!
E, peloamordedeus, bando de velhos cansados, deixem eles jogarem. Mal não faz. E no final, é o Brasil quem agradece.