O embuste


“Desde o surgimento da internet, nunca me senti tão poderoso. Nunca me senti tão forte e influente. De uns tempos pra cá essa sensação só cresce dentro de mim. Talvez seja efeito do crescimento das redes sociais que tem feito com que as informações sejam divulgadas exponencialmente. Talvez seja mesmo só o fato que vivamos a era da mediocridade. Talvez.

O que importa é que tenho me sentido como o mais “famoso dos famosos”, o rei da selva, o “the talk of the town”, o senhor do “zeitgeist”, a bala que matou o Kennedy, a estaca no coração do Drácula. “Like a G6“, reverbera nas rádios, um refrão enojante inspirado em mim.

Quando passo nas ruas, todos me olham com inveja, mulheres de todas as idades, com olhares lascivos me desejam, os outros machos da espécie mostram reverência e submissão, abaixam suas cabeças como cordeirinhos, executivos com roupas tão caras, quanto afeminadas, se prostam de joelhos.

Meus poucos livros são disputados a tapas nas livrarias. Meu telefone não para de tocar, são agentes de hollywood querendo os direitos para uma versão cinematográfica. Uma série talvez. Minha caixa de email está lotada de convites para palestras e “roadshows” a preço de ouro por todo o globo.

Ouro. Títulos. Dinheiro. Jatinhos. Champanhe. Carros caríssimos. O que pra vocês é sonho, pra mim é mera realidade. A mídia aos meus pés, lambendo, com sua língua fétida, o chão aonde piso. Líderes de todo mundo querem me encontrar, ouvir meus conselhos. No Oriente Médio, na África, todos os problemas sendo resolvidos pelo poder da minha palavra.

Eu sabia que seria assim. Desde que nasci sabia que possuía esse “dom”. O poder de convencer quem quer que seja. Não é só a escrita. Mas a linguagem como um todo. Um olhar, um gesto. Tudo isso forma uma força mística, um ectoplasma que orbita o meu ser, e, cria um campo de força que subjuga todos que me ouvem, que me leem. Uma espécie de eloquência transcendental

Mas vocês nunca serão capazes de entender, isso é inacessível para vocês, meros mortais. É algo só para os “escolhidos” só para aqueles que vocês desde os primórdios, reverenciam e chamam de deuses.

Eu sou a evolução da espécie social. Eu sou…”

Nesse momento ele acorda subitamente, suando frio, corre, liga o laptop, e faz mais um post no seu blooooog...


Dedicado a todos hiper-blogueiros e pseudo-escritores que habitam a internet atualmente.

Em lados diametralmente opostos

“Maniqueista? Talvez. Mas talvez pq tivesse que ser “exatamente” assim.”

Enfim, é chegada a reta final. Ainda assim, existem golpes a serem finalizados, factoides preparados às pressas, mentiras e baixarias a serem disparados de servidores de e-mail no exterior, liminares a serem conseguidas no topo do poder. Tudo pode acontecer, mas nesses momentos, é hora de respirar fundo, e refletir. E ai? Valeu a pena chegar até aqui? Valeu demais.

Com o segundo turno, fizemos um risco no chão da rua. Agora ficou claro, quem está de lá. Quem está de cá. Daqui pra frente tudo vai ficar mais nítido. Eles tentavam deliberadamente “borrar” as nossas diferenças. Não deu né? Na hora que a “chapa esquentou” vocês se mostraram, do jeito que realmente são por dentro. E não foi bonito o que vimos. “Devil inside“, citaria numa mesa de bar. Por essa razão sinto um orgulho imenso em estar desse lado da linha.

Tenho orgulho de estar do lado oposto a gente conservadora como os membros TFP, apoiadores da OBAN, vivandeiras da portal de quartéis, viúvas da Ditadura, os grupos neonazistas, entre muitos outros. Essa extrema-direita que rastejava pelas sombras e esgotos, até que José Serra e o PSDB, foram buscar seu apoio e dar holofote político a eles. Mas como não resistem à luz, foi efêmera a sua aparição.

Tenho orgulho de estar do lado oposto a líderes religiosos como esse pateta Silas Malafaia ou esse patético Bispo Luis Gonzaga Bergonzini. Fundamentalistas religiosos que não respeitam o direito constitucional das pessoas em crer naquilo que quiserem, e até, não crerem em nada. Mas essa, não é definitivamente, uma questão religiosa. É uma mera disputa de poder. Seria do jogo, se a forma com que tentaram não fosse desonesta, suja e imoral.

Tenho orgulho de estar do lado oposto àqueles que não acreditam na necessidade de reparação ao negros e índios brasileiros, que foram sequestrados, escravizados, estuprados e mortos nas nossas senzalas. Pessoas que cabularam as aulas de história e agora insistem em reescreve-la. Uns são intelectuais vaidosos sem compromisso com a ética ou a verdade, outros são só meros políticos oportunistas. Não passarão disso. Nem os rodapés dos livros de história mais vagabundos se lembrarão deles.

Tenho orgulho de estar do lado oposto a milhares de brasileiros que até hoje são colonizados, que ainda sofrem do “complexo de vira-latas”, meros vendilhões da nação, que insistem em falam grosso com nosso vizinhos irmãos latino-americanos e africanos, mas murmuram quando estão nos EUA ou na Europa. Querem fazer da nossa política externa o bullying que sofreram no ginásio.

Tenho orgulho de estar do lado oposto a brasileiros – muitos destes me cercam – que acham que dar R$ 65 por mês para uma família pobre é um absurdo assistencialista. Mas, hipócritas, repetem essas asneiras enquanto pagam em uma única conta 4x mais no restaurante ou no bar (pra deixar a boate fora disso).

Tenho orgulho de estar do lado oposto a brasileiros que sempre jogam pra baixo nossa auto-estima, sempre torceram para darmos errado, cujo plano mais ambicioso foi pensar em sair do País, que nunca acreditaram na potencialidade e beleza da criatividade do povo brasileiro. E agora quando estamos crescendo a taxas chinesas, gerando empregos para todos, redistribuindo riqueza, e finalmente podendo planejar um futuro soberano para essa nação, tem no preconceito a única justificativa do seu voto contrário.

Tenho orgulho de estar do lado oposto a brasileiros – homens, mas muitas mulheres também – que não enxergam o machismo explícito da sociedade brasileira. Pessoas que acham normal viver numa sociedade onde eu vou criar minha brilhante filha ser a primeira da classe durante toda sua vida escolar mas ao sair da universidade, deverá se contentar em receber 30% menos só porque é uma mulher.

Tenho orgulho de estar, politicamente, do lado diametralmente oposto a esses caras. Um orgulho que varre a alma e me dá forças para continuar lutando. Não sei qual vai ser o resultado das eleições presidenciais (como sabem abomino o salto-alto) mas seja qual for, por ter clarificado nossas diferenças, já valeu a pena demais.


Weden :: “O Tea Party do Serra”


“Quem é a Sarah Palin nessa relação? Eu avisei que não era o Índio, e sim o Serra.”

E pensar que teve gente que achou que a nossa Sarah Palin seria o Índio. Eu avisei, lá atrás, que a nossa Palin era o Serra, mas ninguém me deu moral.

Luis Nassif Online

Por Weden

Chegaram primeiro colunistas como Merval Pereira, Dora Kramer, Eliane Cantanhede, editorialistas do Globo, Estadão e Folha, e cardeais como Eurípedes e Kamel, abrindo passagem para Marinhos, Mesquitas, Civitas e Frias.

Como a boca era boa, logo foram se aproximando Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo e outros neocons espalhados por este país, neste momento, tão perto dos EUA e tão longe da civilidade.

Mais recentemente, foi a vez de Silas Malafaia, e alguns padres que temem a chegada da Revolução Científica.

Com direito a pregação homofóbica, Malafaia estende a mão com o termo de compromisso do tucanato com o direito de esculachar pessoas que não sejam “machos e fêmeas” (como bichos que somos).

A esposa de Serra fez as honras da família: “Dilma é a favor de matar criancinhas”. Convidado de honra, o vice, Índio da Costa, foi chegando devagarinho, trazendo 30 pastores e dois milhões de panfletos da TFP.

Pensaram em pôr alguns convites nos postes das cidades, delatando que Dilma continua terrorista e chamando a todos que sustentam a Guerra Fria para esquentar os ânimos no nosso Tea Party tupiniquim.

Moscas sem asas

“Bzzz! Bzzz! – escreveu o blogueiro indignado.”

Uma campanha eleitoral é sem dúvida o momento em que certos assuntos emergem e se impõe. Uma agenda oculta, submersa que repentinamente surge incomodando o lado a e o lado b (e o lado c, quando esse existe). Por essa razão, não adianta os progressistas – sim essa é uma agenda, mais que de direita ou de esquerda, conservadora – reclamarem que estamos “perdendo tempo” discutindo valores como o aborto. O Brasil é um país cordial por natureza e derivado desse fato, existe uma tendência natural a colocar tudo o que for polêmico embaixo do tapete. Tenho serias dúvidas se isso é positivo. Por exemplo, se o Lula do alto da sua unanimidade tivesse encarado o debate, mesmo que alterando pouco na prática, Dilma estaria sofrendo hoje? O Temporão bem que tentou, mas o Planalto tirou o pé. Quem “enterra” vento, colhe tempestade.

Talvez o que incomode aos progressistas de esquerda, seja a forma. A maneira como essa agenda entrou no debate. É inegável que esse tema só surgiu por que beneficia a candidatura do Serra (na verdade, na verdade o correto seria: “por que beneficia a candidatura anti-PT). E foi executada da maneira mais sorrateira e desleal. Usam a religião por não terem mais pilares para defender. E não adianta a gente repetir que, todas grandes feministas brasileiras (Ruth Cardoso incluso) tem a mesma posição. Não adianta demonstrar factualmente que o PNDH-3 (Governo Lula) é idêntico ao PNDH-2 (Governo FHC).

Não adianta, por que não há profundidade na discussão. Tudo no Brasil fica na superfície. Não adianta enviar um e-mail resposta falando dos malefícios que é criar fissuras na separação Igreja-Estado. É como explicar física quântica para uma criança usando propagandas no intervalos dos desenhos animados. Não funciona, ninguém quer saber disso, exceto uma minoria. Sorte que minorias (ainda) existem. Nesse sentido, é sintomático que aliados do próprio Serra tenham ficado incomodados. Se lermos os jornais, vários “colunistas” fizeram (e fazem) críticas a sua opção. E acho que o PSDB/Serra está subavaliando isso. Como o PT/Dilma subavaliou a dubiedade e inexistência de um discurso unificado sobre essas questões polêmicas (penso comigo, se fosse candidato ou da coordenação de um candidato, não começaria por ai?).

Além disso, acho que se estivesse na coordenação de campanha da Dilma encontraria técnicos para identificar a origem. Se especular é gratuito, apostaria que o último ponto identificável seria um servidor na Tailândia de onde foram disparados SPAMS para listas no Brasil. Que teria sido alugado por uma consultoria de TI em Massachusetts sub-contratada pelo lobby das grandes petroleiras. Brincadeiras a parte, é uma questão de “modus operandi”. Não tem nada de novo nisso. Novo é a campanha da Dilma não ter previsto e monitorado isso, apesar dos avisos (aqui inclusive).

Mas isso é passado, e esse post (isso é um blog, não tenho muito tempo, então precisei usar essa introdução pra dizer algo que penso e que precisavam ser ditas, e de certa forma se correlacionam com o que vou dizer a seguir) é sobre o ativismo no Brasil. É sobre como “membros organizados da sociedade” simplesmente evaporam quando a chapa esquenta e as balas perdidas passam zunindo perto das suas cabeças. Querem exemplos? Vejamos:

  • Aonde estão os defensores do Software Livre para apoiar a Dilma contra uma candidatura claramente ligada aos interesses do Software Proprietário? Estou falando da Microsoft que fornece computadores por um valor exorbitante para as escolas públicas de São Paulo. Mas não só dela, é só analisar todas as políticas públicas e contratos da área no governo Serra. O que descobrimos é que a “galera” do software livre é pior que a esquerda mais radical. Fala muito. Faz pouco. E quando precisa se posicionar, sempre escolhe o lado errado.
  • Aonde está a comunidade GLBT? Sob ataque de um candidato a vice-presidente patético, pra dizer o mínimo, pode ver sua agenda regredir séculos. Só pra deixar claro, ajoelhou, tem que rezar. O Serra já ajoelhou, se vencer, vai ter que cumprir a agenda ditada por gente do nível de Silas Malafaia.
  • Aonde estão as feministas? No twitter com certeza. Sob o ataque de um candidato deseperado, que coloca a própria esposa para propagar boatos e mentiras. Com a oportunidade de emplacar uma mulher no cargo máximo da nação, vibram (rs) com twitadas e retwitadas. Patético enfim. E o pior, a dura realidade. 100% dos spams que recebi vieram de mulheres. Simples assim (eu tenho uma teoria, mas não vou expô-la).
  • Pra aonde vão os ambientalistas? Que estavam com a Marina é fato. Que não enxergam interlocução na Dilma é histórico (e isso foi objeto de uma proposta que fiz para incorporar a agenda ambientalista pela campanha da Dilma. Não aconteceu nada, mas talvez isso esteja sendo tratado nos bastidores, o que duvido). A situação dos ambientalistas é bem simples, Kátia Abreu só não foi vice do Serra por que não quis. Eles não tem muito pra aonde ir, exceto o muro (seriam os verdes os novos tucanos?) ou pragmaticamente, entrar no governo Dilma, fortalecendo sua agenda.
  • Aonde estão os jornalistas de bem? Submetidos a um sistema cooptado, em que perdem totalmente a liberdade de produzir sua jornalismo independente, aceitam acriticamente todas as mazelas desse sistema, em nome de um salário de fome (ou não, né?). Aceitam o jogo, por bolsas de estudo em dolar. Escrevem qualquer coisa, no melhor estilo “pacote completo”. Pagando bem, que mal tem? Quando o governo finalmente parte para descentralizar as verbas da comunicação e agora, quer discutir a regulação da imprensa. Assume os valores conservadores de que qualquer mudança é um ataque a liberdade de expressão. Evoluir? Nem pensar.
  • Aonde estão os cientistas brasileiros? Mesmo conscientes, que um governo conservador (ou refém dos conservadores) imediatamente teria que congelar pesquisas com células-tronco. Que o governo Lula simplesmente triplicou as verbas para ciência, reajustou as bolsas de pesquisa e segue na melhoria das universidades. Se calam, irresponsavelmente. Sorte que temos gente como o Nicolelis.

Todos esses grupos tem pouco a ganhar e muito a perder com sua omissão. Mesmo assim se mantém calados, seja por preguiça, seja por desorganização. São aqueles que o Skank cita na sua música “Indignação”. São meras moscas sem asas, cuja indignação, não ultrapassa a janela de suas casas.

Regras do pré-sal podem ser contestadas na Justiça

Depois reclamam que a esquerda cria teorias da conspiração pra explicar certos “movimentos”. Oras, o tempo passa e os indicios vão surgindo.

Regras do pré-sal podem ser contestadas na Justiça – Estadao.com.br

sábado, 12 de setembro de 2009, 09:15 | Online

Regras do pré-sal podem ser contestadas na Justiça

AE – Agencia Estado

RIO – Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2005 pode municiar contestações jurídicas ao novo marco regulatório do setor de petróleo. A decisão foi contrária à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 3.273, que pedia a suspensão dos leilões de áreas petrolíferas no País. Por sete votos a três, os ministros do STF decidiram que o governo não pode conceder áreas sem licitação, como pretende fazer com a Petrobras.

A decisão, na época, foi favorável ao governo. Movida pelo governador do Paraná, Roberto Requião, a Adin tinha como objetivo suspender a sexta rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2004. Requião reclamava que os leilões deixavam “à disposição das multinacionais as últimas províncias petrolíferas brasileiras” e que iam contra o monopólio estatal previsto na Constituição.

“Esse processo será importante na discussão da nova lei”, diz o jurista Carlos Roberto Siqueira Castro, que assessorou o governo na ocasião. Segundo ele, a decisão estabelecia que a exploração e a produção de petróleo e gás “têm natureza de atividade econômica em sentido estrito”, e não de prestação de serviço público. Por isso, não pode ser contratada pelo governo sem licitação.

“Nesse sentido, a preferência pela Petrobras como operadora violaria a lei”, aponta Siqueira Castro. Mesmo argumento pode ser usado contra a inclusão da Petro-Sal nos consórcios que vão explorar o pré-sal, diz o jurista – que, no entanto, prefere ainda não opinar sobre a constitucionalidade dos projetos de lei enviados ao Congresso na semana passada.

“O STF não analisou a questão como ela está posta hoje, há novos elementos a considerar”, afirmou o jurista, que foi contratado pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) para elaborar um parecer sobre o tema. O trabalho ainda está na fase inicial, de análise das teses favoráveis e contrárias às mudanças propostas pelo governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.