Todo o mundo se questiona sobre a crise financeira. Exceto, os neoliberais brasileiros.


“”Confiem em mim. Não aconteceu nada demais em 2008.” – disse o sábio Economista”

Quem lê mais blogs de economia lá de fora, do que aqui de dentro (até pq são poucos ainda) percebe a nítida diferença do debate. Principalmente nos artigos de jornais. Parece, que para os nosso neoliberais, nada aconteceu. Tudo foi normal. Só mais uma crise do capitalismo. Escondem que a economia do mundo ficou, por algumas horas, à beira do colapso total. Que no fds da quebra do Lehman Bros, quase que a economia mundial entrou numa recessão, que faria, prinicipalmente os países mais pobres, regredir 20 anos.

Aqui o discurso é o mesmo. Está tudo bem. Vamos aumentar os juros. Não vamos mexer no tripé. O câmbio é flutuante e o Governo não tem nada a ver com isso. Cuidado com o estatismo exagerado. Não vamos engessar a regulamentação do mercado financeiro. Entre outros.

Vc lê isso todo dia nos jornais. Como disse aqui, a desfaçatez e escárnio desses caras não tem limites. Mas isso mostra claramente o longo caminho que ainda temos que percorrer.

Se nosso políticos são desonestos. A desonestidade intelectual dos nossos economistas e jornalistas, não fica nem um milimetro atrás.

Saudades da Bahia e da ortodoxia — Portal ClippingMP

Saudades da Bahia e da ortodoxia

Autor(es): VINICIUS TORRES FREIRE
Folha de S. Paulo – 03/03/2010

Establishment da economia global faz autocrítica; o do Brasil ainda fala de política econômica apenas no singular

POUCO ANTES da barafunda financeira de 2008, diretores do Banco Central diziam que o Brasil também embarcara na era da “grande moderação”. Trata-se de uma expressão difundida pelo professor Ben Bernanke, hoje presidente do Fed. A “grande moderação” caracterizaria os anos posteriores às grandes inflação e recessão americanas dos anos 1980 e início dos 90, uma espécie de idade do ouro da política econômica, da política monetária (de juros) em particular.

Nos anos da “grande moderação”, final dos 1990 e 2000, os períodos de crescimento da economia seriam mais compridos; as recessões, mais curtas. Os BCs haviam desenvolvido a ciência de domar a inflação antes que ela fugisse da jaula. Evitavam, assim, a necessidade de fortes pancadas de juros. Os mercados financeiros haviam ficado mais completos; diluíam riscos.

Como se viu, a “grande moderação” foi um período de bolhas financeiras cada vez maiores, de castelos no ar, de riqueza artificial, ficções que financiaram o excesso de consumo americano. Enfim, tratava-se de uma grande empulhação, que custou trilhões aos governos, aos pagantes de impostos, sem o que a economia mundial teria ido à breca.

No Brasil, a política monetária entregou o que prometia, inflação controlada, provavelmente à custa de algum exagero nos juros, pois o mercado chuta as taxas para cima e o BC muita vez chancela os “pedidos de prêmio” da praça financeira. Ainda assim, a história da “grande moderação” era conversa. Até mesmo grandes consensos da política econômica começaram a rachar. E daí?

E daí que ontem o presidente do BC do Brasil, Henrique Meirelles, disse que as diretrizes de política econômica adotadas pelos governos FHC 2 e Lula não deixam espaço para mudanças que ameacem a estabilidade (trata-se do “tripé” redução da dívida pública, metas de inflação e câmbio flutuante). Ficou difícil de entender se qualquer mudança no “tripé” ameaça a estabilidade ou se o objetivo é a estabilidade, qualquer que seja a política econômica.

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, assinou um artigo em que se começa a repensar cláusulas pétreas da dita “ortodoxia”.

Blanchard, note-se, é professor do MIT; escreveu um dos melhores e mais difundidos livros de introdução à macroeconomia. Logo, não é um estranho no ninho. Blanchard discute, por exemplo, a questão de metas de inflação muito baixas; admite que estabilizar a taxa de câmbio real seria um objetivo louvável ou mesmo desejável dos bancos centrais (o que não é possível num sistema de metas de inflação).

Insuspeitos importantes, grandes reguladores do mercado, acadêmicos “top” e instituições da governança financeira global revisam as críticas que faziam a coisas como controle da entrada excessiva e tumultuária de capitais estrangeiros.

Não se trata de dizer “liberou geral”, que a política econômica foi à casa da mãe Joana. Como se sabe mais ou menos desde o Império Romano, governos com deficit excessivos sufocam os cidadãos e desbaratam a moeda; quebram ou provocam ineficiências e, de resto, inflações. Mas, ao falar em “estabilidade econômica”, é bom perguntar: “Qual delas? Por quais meios?”.

Estado de Minas :: “Minas a reboque, não!” ou “Pó pará, Governador (Serra)?”


Nêmesis :: Deusa da justiça distributiva, vulgarmente, conhecida como vingança”

Como sempre me disseram: Vingança é um prato que se come frio. Os mineiros tem essa frieza. O editorial do Estado de Minas é avassalador. Pra bom entendedor um pingo é letra. Uma resposta aos “afagos” que as oposições estão fazendo ao Aécio. Eu já tinha avisado que os paulistas iam tentar colocar o Aécio nessa situação. Mas agora, os mineiros demostram que preferem implodir o PSDB a aceitar o Aécio como vice. Natural. Menos pros paulistas.

O que vai acontecer daqui pra frente? Eu não tenho a mais vaga ideia. Só sei que já estourei a pipoca e coloquei a cerveja pra gelar. Vai ser como os grandes clássicos. Um espetáculo.

PS.: Se alguém não entendeu o “Pó pará, Governador?“, então é pq foi abduzido (politicamente). De qualquer forma, leiam o “artigo” no Estadão que vão compreender o tipo de pressão que estavam fazendo ao mineiro.

PPS.: Editei, só pra manter arquivado o artigo do Estadão, pq considerando o nível de integridade da mídia brasileira, falta pouco pra eles tirarem o artigo do ar.

via LN

Jornal Estado de Minas

EDITORIAL
Minas a reboque, não!

Indignação. É com esse sentimento que os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves. Pior. Fazem parecer obrigação do líder mineiro, a quem há pouco negaram espaço e voz, cumprir papel secundário, apenas para injetar ânimo e simpatia à chapa que insistem ser liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, competente e líder das pesquisas de intenção de votos até então.

Atarantados com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, percebem agora os comandantes do PSDB, maior partido de oposição, pelo menos dois erros que a experiência dos mineiros pretendeu evitar. Deveriam ter mantido acesa, embora educada e democrática, a disputa interna, como proposto por Aécio. Já que essa estratégia foi rejeitada, que pelo menos colocassem na rua a candidatura de Serra e dessem a ela capacidade de aglutinar outras forças políticas, como fez o Palácio do Planalto com a sua escolhida, muito antes de o PT confirmar a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na política, a hesitação cobra caro, mais ainda numa disputa que promete ser das mais difíceis. Não há como negar que a postura vacilante do próprio candidato, até hoje não lançado, de atrair aliados tem adubado a ascensão da pouco conhecida candidata oficial. O que é inaceitável é que o comando tucano e outras lideranças da oposição queiram pagar esse preço com o sacrifício da trajetória de Aécio Neves. Assim como não será justo tributar-lhe culpa em caso de derrota de uma chapa em que terá sido apenas vice, também incomoda os mineiros uma pergunta à arrogância: se o mais bem avaliado entre os governadores da última safra de gestores públicos é capaz de vitaminar uma chapa insossa e em queda livre, por que Aécio não é o candidato a presidente?

Perplexos ante mais essa demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade, os mineiros estão, porém, seguros de que o governador “político de alta linhagem de Minas” vai rejeitar papel subalterno que lhe oferecem. Ele sabe que, a reboque das composições que a mantiveram fora do poder central nos últimos 16 anos, Minas desta vez precisa dizer não.

Pó pará, governador? – Opinião – Estadão.com.br

Sábado, 28 de Fevereiro de 2009 | Versão Impressa

Pó pará, governador?

Mauro Chaves

Em conversa com o presidente Lula no dia 6 de fevereiro, uma sexta-feira, o governador Aécio Neves expôs-lhe a estratégia que iria adotar com o PSDB, com vista a obter a indicação de sua candidatura a presidente da República. Essa estratégia consistia num ultimato para que a cúpula tucana definisse a realização de prévias eleitorais presidenciais impreterivelmente até o dia 30 de março – “nem um dia a mais”. Era muito estranho, primeiro, que um candidato a candidato comunicasse sua estratégia eleitoral ao adversário político antes de fazê-lo a seus correligionários. Mais estranho ainda era o fato de uma proposta de procedimento jamais adotada por um partido desde sua fundação, há 20 anos – o que exigiria, no mínimo, uma ampla discussão partidária interna -, fosse introduzida por meio de um ultimato, uma “exigência” a ser cumprida em um mês e meio, sob pena de… De quê, mesmo?
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Todo o mundo se questiona sobre a crise financeira. Exceto, os neoliberais brasileiros.


“”Confiem em mim. Não aconteceu nada demais em 2008.” – disse o sábio Economista”

Quem lê mais blogs de economia lá de fora, do que aqui de dentro (até pq são poucos ainda) percebe a nítida diferença do debate. Principalmente nos artigos de jornais. Parece, que para os nosso neoliberais, nada aconteceu. Tudo foi normal. Só mais uma crise do capitalismo. Escondem que a economia do mundo ficou, por algumas horas, à beira do colapso total. Que no fds da quebra do Lehman Bros, quase que a economia mundial entrou numa recessão, que faria, prinicipalmente os países mais pobres, regredir 20 anos.

Aqui o discurso é o mesmo. Está tudo bem. Vamos aumentar os juros. Não vamos mexer no tripé. O câmbio é flutuante e o Governo não tem nada a ver com isso. Cuidado com o estatismo exagerado. Não vamos engessar a regulamentação do mercado financeiro. Entre outros.

Vc lê isso todo dia nos jornais. Como disse aqui, a desfaçatez e escárnio desses caras não tem limites. Mas isso mostra claramente o longo caminho que ainda temos que percorrer.

Se nosso políticos são desonestos. A desonestidade intelectual dos nossos economistas e jornalistas, não fica nem um milimetro atrás.

Saudades da Bahia e da ortodoxia — Portal ClippingMP

Saudades da Bahia e da ortodoxia

Autor(es): VINICIUS TORRES FREIRE
Folha de S. Paulo – 03/03/2010

Establishment da economia global faz autocrítica; o do Brasil ainda fala de política econômica apenas no singular

POUCO ANTES da barafunda financeira de 2008, diretores do Banco Central diziam que o Brasil também embarcara na era da “grande moderação”. Trata-se de uma expressão difundida pelo professor Ben Bernanke, hoje presidente do Fed. A “grande moderação” caracterizaria os anos posteriores às grandes inflação e recessão americanas dos anos 1980 e início dos 90, uma espécie de idade do ouro da política econômica, da política monetária (de juros) em particular.

Nos anos da “grande moderação”, final dos 1990 e 2000, os períodos de crescimento da economia seriam mais compridos; as recessões, mais curtas. Os BCs haviam desenvolvido a ciência de domar a inflação antes que ela fugisse da jaula. Evitavam, assim, a necessidade de fortes pancadas de juros. Os mercados financeiros haviam ficado mais completos; diluíam riscos.

Como se viu, a “grande moderação” foi um período de bolhas financeiras cada vez maiores, de castelos no ar, de riqueza artificial, ficções que financiaram o excesso de consumo americano. Enfim, tratava-se de uma grande empulhação, que custou trilhões aos governos, aos pagantes de impostos, sem o que a economia mundial teria ido à breca.

No Brasil, a política monetária entregou o que prometia, inflação controlada, provavelmente à custa de algum exagero nos juros, pois o mercado chuta as taxas para cima e o BC muita vez chancela os “pedidos de prêmio” da praça financeira. Ainda assim, a história da “grande moderação” era conversa. Até mesmo grandes consensos da política econômica começaram a rachar. E daí?

E daí que ontem o presidente do BC do Brasil, Henrique Meirelles, disse que as diretrizes de política econômica adotadas pelos governos FHC 2 e Lula não deixam espaço para mudanças que ameacem a estabilidade (trata-se do “tripé” redução da dívida pública, metas de inflação e câmbio flutuante). Ficou difícil de entender se qualquer mudança no “tripé” ameaça a estabilidade ou se o objetivo é a estabilidade, qualquer que seja a política econômica.

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, assinou um artigo em que se começa a repensar cláusulas pétreas da dita “ortodoxia”.

Blanchard, note-se, é professor do MIT; escreveu um dos melhores e mais difundidos livros de introdução à macroeconomia. Logo, não é um estranho no ninho. Blanchard discute, por exemplo, a questão de metas de inflação muito baixas; admite que estabilizar a taxa de câmbio real seria um objetivo louvável ou mesmo desejável dos bancos centrais (o que não é possível num sistema de metas de inflação).

Insuspeitos importantes, grandes reguladores do mercado, acadêmicos “top” e instituições da governança financeira global revisam as críticas que faziam a coisas como controle da entrada excessiva e tumultuária de capitais estrangeiros.

Não se trata de dizer “liberou geral”, que a política econômica foi à casa da mãe Joana. Como se sabe mais ou menos desde o Império Romano, governos com deficit excessivos sufocam os cidadãos e desbaratam a moeda; quebram ou provocam ineficiências e, de resto, inflações. Mas, ao falar em “estabilidade econômica”, é bom perguntar: “Qual delas? Por quais meios?”.

Estado de Minas :: "Minas a reboque, não!" ou "Pó pará, Governador (Serra)?"


Nêmesis :: Deusa da justiça distributiva, vulgarmente, conhecida como vingança”

Como sempre me disseram: Vingança é um prato que se come frio. Os mineiros tem essa frieza. O editorial do Estado de Minas é avassalador. Pra bom entendedor um pingo é letra. Uma resposta aos “afagos” que as oposições estão fazendo ao Aécio. Eu já tinha avisado que os paulistas iam tentar colocar o Aécio nessa situação. Mas agora, os mineiros demostram que preferem implodir o PSDB a aceitar o Aécio como vice. Natural. Menos pros paulistas.

O que vai acontecer daqui pra frente? Eu não tenho a mais vaga ideia. Só sei que já estourei a pipoca e coloquei a cerveja pra gelar. Vai ser como os grandes clássicos. Um espetáculo.

PS.: Se alguém não entendeu o “Pó pará, Governador?“, então é pq foi abduzido (politicamente). De qualquer forma, leiam o “artigo” no Estadão que vão compreender o tipo de pressão que estavam fazendo ao mineiro.

PPS.: Editei, só pra manter arquivado o artigo do Estadão, pq considerando o nível de integridade da mídia brasileira, falta pouco pra eles tirarem o artigo do ar.

via LN

Jornal Estado de Minas

EDITORIAL
Minas a reboque, não!

Indignação. É com esse sentimento que os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves. Pior. Fazem parecer obrigação do líder mineiro, a quem há pouco negaram espaço e voz, cumprir papel secundário, apenas para injetar ânimo e simpatia à chapa que insistem ser liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, competente e líder das pesquisas de intenção de votos até então.

Atarantados com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, percebem agora os comandantes do PSDB, maior partido de oposição, pelo menos dois erros que a experiência dos mineiros pretendeu evitar. Deveriam ter mantido acesa, embora educada e democrática, a disputa interna, como proposto por Aécio. Já que essa estratégia foi rejeitada, que pelo menos colocassem na rua a candidatura de Serra e dessem a ela capacidade de aglutinar outras forças políticas, como fez o Palácio do Planalto com a sua escolhida, muito antes de o PT confirmar a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na política, a hesitação cobra caro, mais ainda numa disputa que promete ser das mais difíceis. Não há como negar que a postura vacilante do próprio candidato, até hoje não lançado, de atrair aliados tem adubado a ascensão da pouco conhecida candidata oficial. O que é inaceitável é que o comando tucano e outras lideranças da oposição queiram pagar esse preço com o sacrifício da trajetória de Aécio Neves. Assim como não será justo tributar-lhe culpa em caso de derrota de uma chapa em que terá sido apenas vice, também incomoda os mineiros uma pergunta à arrogância: se o mais bem avaliado entre os governadores da última safra de gestores públicos é capaz de vitaminar uma chapa insossa e em queda livre, por que Aécio não é o candidato a presidente?

Perplexos ante mais essa demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade, os mineiros estão, porém, seguros de que o governador “político de alta linhagem de Minas” vai rejeitar papel subalterno que lhe oferecem. Ele sabe que, a reboque das composições que a mantiveram fora do poder central nos últimos 16 anos, Minas desta vez precisa dizer não.

Pó pará, governador? – Opinião – Estadão.com.br

Sábado, 28 de Fevereiro de 2009 | Versão Impressa

Pó pará, governador?

Mauro Chaves

Em conversa com o presidente Lula no dia 6 de fevereiro, uma sexta-feira, o governador Aécio Neves expôs-lhe a estratégia que iria adotar com o PSDB, com vista a obter a indicação de sua candidatura a presidente da República. Essa estratégia consistia num ultimato para que a cúpula tucana definisse a realização de prévias eleitorais presidenciais impreterivelmente até o dia 30 de março – “nem um dia a mais”. Era muito estranho, primeiro, que um candidato a candidato comunicasse sua estratégia eleitoral ao adversário político antes de fazê-lo a seus correligionários. Mais estranho ainda era o fato de uma proposta de procedimento jamais adotada por um partido desde sua fundação, há 20 anos – o que exigiria, no mínimo, uma ampla discussão partidária interna -, fosse introduzida por meio de um ultimato, uma “exigência” a ser cumprida em um mês e meio, sob pena de… De quê, mesmo?

O que Aécio fará se o PSDB não adotar as prévias presidenciais até 30 de março? Não foi dito pelo governador mineiro (certamente para não assinar oficialmente um termo de chantagem política), mas foi barulhentamente insinuado: em caso da não-aprovação das prévias, Aécio voaria para ser presidenciável do PMDB. É claro que para o presidente Lula e sua ungida presidenciável, a neomeiga mãe do PAC, não haveria melhor oportunidade de cindir as forças oposicionistas, deixando cada uma em um dos dois maiores colégios eleitorais do País. E é claro que para o PMDB, com tantos milhões de votos no País, mas sem ter quem os receba, como candidato a presidente da República, a adoção de Aécio como correligionário/candidato poderia significar um upgrade fisiológico capaz de lhe propiciar um não programado salto na conquista do poder maior – já que os menores acabou de conquistar.

Pela pesquisa nacional do Instituto Datafolha, os presidenciáveis tucanos têm os seguintes índices: José Serra, 41% (disparado na frente), e Aécio Neves, 17% (atrás de Ciro Gomes, com 25%, e de Heloisa Helena, com 19%). Por que, então, o governador de Minas se julga capaz de reverter espetacularmente esses índices, fazendo sua candidatura presidencial subir feito um foguete e a de seu colega e correligionário paulista despencar feito um viaduto? Que informações essenciais haveria, para se transmitirem aos cerca de 1 milhão e pouco de militantes tucanos – supondo-se que estes fossem os eleitores das “exigidas” prévias, que ninguém tem ideia de como devam ser -, para que pudesse ocorrer uma formidável inversão de avaliação eleitoral, que desse vitória a Aécio sobre Serra (supondo que o governador mineiro pretenda, de fato, vencê-las)?

Vejamos o modus faciendi de preparação das prévias, sugerido (ou “exigido”?) pelo governador mineiro: ele e Serra sairiam pelo Brasil afora apresentando suas “propostas” de governo, suas soluções para a crise econômica, as críticas cabíveis ao governo federal e coisas do tipo. Seriam diferentes ou semelhantes tais propostas, soluções e críticas? Se semelhantes, apresentadas em conjunto nos mesmos palanques “prévios”, para obter o voto do eleitor “prévio” cada um dos concorrentes tucanos teria de tentar mostrar alguma vantagem diferencial. Talvez Aécio apostasse em sua condição de mais moço, com bastante cabelo e imagem de “boa pinta”, só restando a Serra falar de sua maior experiência política, administrativa e seu preparo geral, em termos de conhecimento, cultura e traquejo internacional. Mas se falassem a mesma coisa, harmonizados e só com vozes diferentes, os dois correriam o risco de em algum lugar ermo do interior ser confundidos com dupla sertaneja – quem sabe Zé Serra e Ah é, sô.

Agora, se os discursos forem diferentes, em palanques “prévios” diferentes, haverá uma disputa de acirramento imprevisível. E no Brasil não temos a prática norte-americana das primárias – que uniu Obama e Hillary depois de se terem escalpelado. Por mais que disfarcem e até simulem alianças, aqui os concorrentes, após as eleições, sempre se tornam cordiais inimigos figadais. E aí as semelhanças políticas estão na razão direta das diferenças pessoais. Mas não há dúvida de que sob o ponto de vista político-administrativo Serra e Aécio são semelhantes, porque comandam administrações competentes.

Ressalvem-se apenas as profundas diferenças de cobrança de opinião pública entre Minas e São Paulo. Quem já leu os jornais mineiros fica impressionado com a absoluta falta de crítica em relação a tudo o que se relacione, direta ou indiretamente, ao governo ou ao governador.

O caso do “mensalão tucano” só foi publicado pelos jornais de Minas depois que a imprensa do País inteiro já tinha dele tratado – e que o governador se pronunciou a respeito. É que em Minas imprensa e governo são irmãos xifópagos. Em São Paulo, ao contrário, não só Serra como todos os governos e governadores anteriores sempre foram cobrados com força, cabresto curto, especialmente pelos dois jornais mais importantes. Neste aspecto a democracia em São Paulo é mais direta que a mineira (assim como a de Montoro era mais direta que a de Tancredo). Fora isso, os governadores dos dois Estados são, com justiça, bem avaliados por suas respectivas populações.

O problema tucano, na sucessão presidencial, é que na política cabocla as ambições pessoais têm razões que a razão da fidelidade política desconhece. Agora, quando a isso se junta o sebastianismo – a volta do rei que nunca foi -, haja pressa em restaurar o trono de São João Del Rey… Só que Aécio devia refletir sobre o que disse seu grande conterrâneo João Guimarães Rosa: “Deus é paciência. O diabo é o contrário.”

E hoje talvez ele advertisse: Pó pará, governador?

Mauro Chaves é jornalista, advogado, escritor,administrador de empresas e pintor. E-mail: mauro.chaves@attglobal.net