Ahmadinejad in Brazil


“Pra quem acha a América Latina complicada”


O Alon exagerou no final, mas é um bom texto pra começar a discutir a presença do iraniano no Brasil em breve.

Já o Premier israelense foi soterrado pelo blecaute. Uma pena. Agora o Itamarati trazer os três (Shimon Perez, Mahamoud Abbas e Mahmoud Ahmadinejad) quase simultaneamente foi uma jogada de mestre.

Blog do Alon

sábado, 14 de novembro de 2009

A História e sua caçamba (15/11)

A atitude de Lula diante do Irã será avaliada no futuro conforme o desfecho da trama. Nesse assunto nosso governo é movido a dinheiro, não a ideologia

A diplomacia é também, e talvez principalmente, a arte de prever cenários.

Neville Chamberlain foi o primeiro-ministro britânico que assinou o Pacto de Munique com Adolf Hitler em setembro de 1938 e entregou a Tchecoslováquia ao líder nazista na esperança de apaziguá-lo. Foi recebido em Londres na volta como heroi, um campeão da paz. Só que suas fotos desembarcando e agitando o papelucho do acordo com o Führer -e seu discurso sobre a “paz para o nosso tempo”- passaram à História como ícones do fracasso, do ridículo.

Dali a um ano o Reino Unido era obrigado a entrar em guerra com a Alemanha, quando esta invadiu a Polônia.

E se o desfecho tivesse sido outro? E se, como desejavam britânicos e franceses em Munique, a Alemanha atacasse a União Soviética e depois, saciada de “espaço vital”, aceitasse a paz com os vizinhos da Europa Ocidental? Chamberlain e seu colega francês, Édouard Daladier, teriam se imortalizado como gigantes da estratégia. Os estadistas que desviaram Hitler para leste e deram cabo de Joseph Stalin sem derramar uma gota de sangue inglês ou francês. Gênios.

Daqui a alguns dias, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, visita o Brasil. Receber o polêmico líder iraniano é mais um passo da diplomacia brasileira para projetar a imagem do país como peça importante no tabuleiro. E a aproximação entre Brasília e Teerã tem a simpatia ativa da Casa Branca, que vê nas relações de Luiz Inácio Lula da Silva com Ahmadinejad um mecanismo a mais de contenção do presidente persa.

<!– more –><!–more–>

O governo brasileiro responde aos protestos contra a visita argumentando que não é nossa tradição filtrar ideologicamente os parceiros de outros países. É um fato. Nem a circunstância de adotar posição diametralmente oposta em Honduras deve servir como pretexto ou desculpa: a história da diplomacia brasileira tem sido cada vez mais a história da defesa da autodeterminação dos países e dos povos. Isso nos rendeu, por exemplo, uma relação privilegiada com as ex-colônias portuguesas na África.

O que está em jogo na visita de Ahmadinejad não são só, nem principalmente, teses sobre o Holocausto ou sobre o futuro do Oriente Médio. O Brasil busca agressivamente relações econômicas com o mundo árabe e a Pérsia. E Lula concluiu que seria adequado oferecer aqui a Ahmadinejad mesuras e gentilezas que o negacionista do Holocausto dificilmente receberia em outro país da dimensão e da importância do Brasil.

Tudo, repito, combinado com a Casa Branca. Que opera adequadamente, à luz de seus interesses. Se se pode tirar a castanha do fogo com a mão do gato, por que chamuscar a própria?

Não é a primeira vez que o Brasil joga um jogo assim. Foi igual com Saddam Hussein, o que transformou o Iraque da época num paraíso para os exportadores brasileiros. O paraíso do Passat e do frango. E também um eldorado para empreiteiras nacionais. Só que certo dia o presidente iraquiano teve a péssima ideia de invadir o Kuait. E o Brasil foi pego no contrapé, na contramão. Hoje o Iraque tem problemas de todos os tamanhos e tipos, e seu futuro é duvidoso. Nem se sabe se continuará a existir como nação. Mas uma coisa é certeza: nossa presença e influência ali são nulas. E sem perspectiva de futuro.

Se o Irã caminhar para um entendimento com as grandes potências, se abdicar do vetor nuclear como instrumento de hegemonia e agressão regional -e confessional- e se retomar os vetores democráticos da Revolução de 1979 as empresas brasileiras terão aberto um lindo mercado e Lula comparecerá aos livros de História como alguém que enxergou longe, enfrentando as incompreensões.

Se Ahmadinejad preferir o caminho da ditadura e envergar a fantasia de um Saddam Hussein com -agora sim!- armas nucleares é possível que na Pérsia do futuro, assim como no Iraque de hoje, a influência brasileira vá ser comparável, digamos, à do Lichtenstein. Ou de Andorra. Mais ou menos o que acontece agora em Honduras.

E o retrato do Lula sorridente com Ahmadinejad no tapete vermelho de Brasília irá repousar na mesma caçamba da História onde descansa a foto da chegada de Neville Chamberlain, e seu papelucho assinado por Hitler, ao aeródromo de Heston, periferia de Londres, naquele hoje distante 30 de setembro de 1938.

Coluna (Nas entrelinhas) na edição deste domingo no Correio Braziliense.

Powered by ScribeFire.

Ahmadinejad in Brazil


“Pra quem acha a América Latina complicada”


O Alon exagerou no final, mas é um bom texto pra começar a discutir a presença do iraniano no Brasil em breve.

Já o Premier israelense foi soterrado pelo blecaute. Uma pena. Agora o Itamarati trazer os três (Shimon Perez, Mahamoud Abbas e Mahmoud Ahmadinejad) quase simultaneamente foi uma jogada de mestre.

Blog do Alon

sábado, 14 de novembro de 2009

A História e sua caçamba (15/11)

A atitude de Lula diante do Irã será avaliada no futuro conforme o desfecho da trama. Nesse assunto nosso governo é movido a dinheiro, não a ideologia

A diplomacia é também, e talvez principalmente, a arte de prever cenários.

Neville Chamberlain foi o primeiro-ministro britânico que assinou o Pacto de Munique com Adolf Hitler em setembro de 1938 e entregou a Tchecoslováquia ao líder nazista na esperança de apaziguá-lo. Foi recebido em Londres na volta como heroi, um campeão da paz. Só que suas fotos desembarcando e agitando o papelucho do acordo com o Führer -e seu discurso sobre a “paz para o nosso tempo”- passaram à História como ícones do fracasso, do ridículo.

Dali a um ano o Reino Unido era obrigado a entrar em guerra com a Alemanha, quando esta invadiu a Polônia.

E se o desfecho tivesse sido outro? E se, como desejavam britânicos e franceses em Munique, a Alemanha atacasse a União Soviética e depois, saciada de “espaço vital”, aceitasse a paz com os vizinhos da Europa Ocidental? Chamberlain e seu colega francês, Édouard Daladier, teriam se imortalizado como gigantes da estratégia. Os estadistas que desviaram Hitler para leste e deram cabo de Joseph Stalin sem derramar uma gota de sangue inglês ou francês. Gênios.

Daqui a alguns dias, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, visita o Brasil. Receber o polêmico líder iraniano é mais um passo da diplomacia brasileira para projetar a imagem do país como peça importante no tabuleiro. E a aproximação entre Brasília e Teerã tem a simpatia ativa da Casa Branca, que vê nas relações de Luiz Inácio Lula da Silva com Ahmadinejad um mecanismo a mais de contenção do presidente persa.

Continuar lendo

2010 :: Folha, sem medo do ridiculo

“Leitores ou Jornalistas da Folha?”

É sério mesmo? Depois de quase duas decadas, apos uma articulação de norte a sul. Tudo isso foi por agua abaixo? O PMDB agora vai se unir em torno de um candidato único, um redentor, que vai pacificar o partido e coloca-lo na cedula (ups…urna) de 2010?

Ah não, passa amanhã. Assim não dá, vou desconectar meu computador e ler um livro.

Folha Online – Brasil – PMDB ameaça lançar candidatura própria à Presidência para se defender de culpa por apagão – 16/11/2009

16/11/2009 – 11h54

PMDB ameaça lançar candidatura própria à Presidência para se defender de culpa por apagão

MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO

da Folha Online, em Brasília

Em resposta aos ataques de líderes petistas que responsabilizaram o PMDB pelo apagão elétrico que atingiu 18 Estados na semana passada, parte da cúpula peemedebista ameaça colocar em discussão a possibilidade de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2010. Apesar do partido ter firmado pré-acordo com o PT para apoiar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão presidencial, os peemedebistas pretendem usar a candidatura própria para evitar que o partido fique desgastado com o apagão.

PMDB e PT dividem o controle do setor elétrico. Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás.

Na avaliação de peemedebistas próximos ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) –que sustentou a indicação do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) –o apagão precisa ser assumido como um problema de governo, e não de gestão.

Líderes do PMDB aceitam que Lobão preste esclarecimentos nas comissões do Congresso, mas querem evitar que o partido seja prejudicado com a “blindagem” deflagrada para evitar danos à candidatura de Dilma –pré-candidata do PT à sucessão presidencial.

A proposta de candidatura própria pode ainda ganhar fôlego com o grupo do presidente do PMDB paulista, ex-governador Orestes Quércia, Aliado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o grupo defende que o PMDB apoie o nome do tucano na disputa –mas não descarta a candidatura própria do partido.

Setores do PMDB podem utilizar o abandono petista para ampliar o número de diretórios resistentes à aliança com o PT –que envolve além de São Paulo, pelo menos Pernambuco, Paraná e Bahia. Os dois partidos ainda enfrentam problemas em alguns Estados para selar a aliança –caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Vieira (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.

Impasse

Na tentativa de solucionar impasses nos Estados para a aliança, integrantes do PT e PMDB se reuniram na semana passada no início de uma série de conversas que têm como objetivo firmar o apoio dos peemedebistas à candidatura da ministra Dilma ao Palácio do Planalto. A “comissão” integrada por cerca de dez petistas e dez peemedebistas vai discutir, em vários encontros, possíveis soluções para os impasses estaduais à aliança nacional entre as duas legendas.

Os participantes da reunião afirmam que há Estados, como São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco, onde a aliança nacional dificilmente vai se repetir nas disputas aos governos estaduais. O grupo vai focar em Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde petistas e peemedebistas esperam chegar a um acordo para candidaturas únicas.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), disse acreditar que, apesar dos impasses, não haverá recuo no pré-acordo firmado pela cúpula do PMDB para apoiar a candidatura de Dilma ao Palácio do Planalto.

Powered by ScribeFire.

Powered by ScribeFire.

2010 :: Folha, sem medo do ridiculo

“Leitores ou Jornalistas da Folha?”

É sério mesmo? Depois de quase duas decadas, apos uma articulação de norte a sul. Tudo isso foi por agua abaixo? O PMDB agora vai se unir em torno de um candidato único, um redentor, que vai pacificar o partido e coloca-lo na cedula (ups…urna) de 2010?

Ah não, passa amanhã. Assim não dá, vou desconectar meu computador e ler um livro.

Folha Online – Brasil – PMDB ameaça lançar candidatura própria à Presidência para se defender de culpa por apagão – 16/11/2009

16/11/2009 – 11h54

PMDB ameaça lançar candidatura própria à Presidência para se defender de culpa por apagão

MÁRCIO FALCÃO
GABRIELA GUERREIRO

da Folha Online, em Brasília

Em resposta aos ataques de líderes petistas que responsabilizaram o PMDB pelo apagão elétrico que atingiu 18 Estados na semana passada, parte da cúpula peemedebista ameaça colocar em discussão a possibilidade de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2010. Apesar do partido ter firmado pré-acordo com o PT para apoiar a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão presidencial, os peemedebistas pretendem usar a candidatura própria para evitar que o partido fique desgastado com o apagão.

PMDB e PT dividem o controle do setor elétrico. Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás.

Na avaliação de peemedebistas próximos ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) –que sustentou a indicação do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) –o apagão precisa ser assumido como um problema de governo, e não de gestão.

Líderes do PMDB aceitam que Lobão preste esclarecimentos nas comissões do Congresso, mas querem evitar que o partido seja prejudicado com a “blindagem” deflagrada para evitar danos à candidatura de Dilma –pré-candidata do PT à sucessão presidencial.

A proposta de candidatura própria pode ainda ganhar fôlego com o grupo do presidente do PMDB paulista, ex-governador Orestes Quércia, Aliado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o grupo defende que o PMDB apoie o nome do tucano na disputa –mas não descarta a candidatura própria do partido.

Setores do PMDB podem utilizar o abandono petista para ampliar o número de diretórios resistentes à aliança com o PT –que envolve além de São Paulo, pelo menos Pernambuco, Paraná e Bahia. Os dois partidos ainda enfrentam problemas em alguns Estados para selar a aliança –caso da Bahia, onde o ministro peemedebista Geddel Vieira (Integração) quer disputar o governo contra o petista Jaques Wagner, atual governador.

Impasse

Na tentativa de solucionar impasses nos Estados para a aliança, integrantes do PT e PMDB se reuniram na semana passada no início de uma série de conversas que têm como objetivo firmar o apoio dos peemedebistas à candidatura da ministra Dilma ao Palácio do Planalto. A “comissão” integrada por cerca de dez petistas e dez peemedebistas vai discutir, em vários encontros, possíveis soluções para os impasses estaduais à aliança nacional entre as duas legendas.

Os participantes da reunião afirmam que há Estados, como São Paulo, Santa Catarina e Pernambuco, onde a aliança nacional dificilmente vai se repetir nas disputas aos governos estaduais. O grupo vai focar em Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde petistas e peemedebistas esperam chegar a um acordo para candidaturas únicas.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), disse acreditar que, apesar dos impasses, não haverá recuo no pré-acordo firmado pela cúpula do PMDB para apoiar a candidatura de Dilma ao Palácio do Planalto.

Powered by ScribeFire.

Powered by ScribeFire.

Os neoliberais e a volta dos que não foram


“Resident Evil”

Eles estão de volta. Não bastou quebrarem o País 4x. Não bastou quase aniquilarem a economia mundial. Os neoliberais da PUC-RJ estão de volta, com força total.

Eles tb atenderam “ao chamado“.

Em berço esplêndido — Portal ClippingMP

Em berço esplêndido

Autor(es): Marcelo de Paiva Abreu

O Estado de S. Paulo – 16/11/2009

Em algum momento, ainda na primeira metade do segundo mandato do governo Lula, não parecia despropositado pensar que o Brasil poderia finalmente dar o salto que lhe permitiria superar de forma sustentada as suas mazelas estruturais. Seria possível finalmente abandonar o “berço esplêndido”, deixar de ser o país do futuro.

A robustez das políticas macroeconômicas prudentes, combinada com as oportunidades criadas pela exploração da base de recursos naturais, ampliada por novas descobertas, seria elemento essencial que permitiria tal salto. A formação bruta de capital fixo seria gradativamente aumentada e os “voos de galinha” seriam reminiscências do passado.

Faltou dizer de qual parte do “passado”. O passado é muito genérico, então eu digo: “Os voos de galinha que ocorriam qdo o pessoal da PUC-RJ cuidavam da economia”

Crescer rapidamente possibilitaria a contínua redução das desigualdades sociais, a melhoria dos níveis educacionais, o funcionamento expedito do Judiciário, a redução da criminalidade, o equacionamento do problema da habitação, a consolidação do Estado regulador.

Esse salto qualitativo requereria uma sucessão de bons governos. O que indica a análise do quadro político atual quanto à probabilidade de que a eleição presidencial de 2010 resulte em bom governo no quadriênio 2011-2014?

Bem, eu acho que esse cenário que vc desenhou já é real. Já crescemos rapidamente, as desigualdades sociais continuam a cair, a educação tem melhorado, o Judiciário está (apesar de tudo) enfrentando seus problemas, a habitação virou a agenda da vez. Agora a criminalidade é um problema complexo que depende da ação conjunta e leva tempo.

Já a “consolidação do Estado regulador” foi colocado ai não sei por qual razão. Não é a nossa agenda. É de vcs, e os fatos mostram que foi um desastre a importação desse modelo para o Brasil. Com as Agências totalmente capturadas pelo Mercado.

O presidente Lula, privado de José Dirceu e Antônio Palocci, candidatos de peso que poderiam ter consistência partidária, e embalado por seus índices de aprovação, ejetou o partido e optou pelo voo solo na rota populista.

Deu o braço a Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e mandou a consolidação partidária às favas. Escolheu pessoalmente a sucessora e está usando a máquina pública de forma escancarada para tentar viabilizar um nome de reduzida expressão política.

Eu sei que há uma certa frustração e pavor em certos meios com  a possibilidade real de falhar a estratégia de fazer a ascensão do Lula e o PT em uma mera “eventualidade”, algo singular, que não se repetirá.

Mas a culpa não é nossa, né? Já imaginou se em 2011 quem assumir for o tal “nome de reduzida expressão política”? É eu acho que entendo a frustração.

Em meio a este processo de mergulho no populismo, instalou-se um clima de “pau na máquina”, de aumento generalizado de gastos públicos, em nome de um keynesianismo de meia tigela e, em muitos casos, com propósito explícito de cooptação. Expandir a máquina pública está viabilizando o aumento do peso relativo da burocracia estatal permanente que tem laços estreitos com a coalizão governista. Que persistirá por muitos anos.

Não vou nem questionar a base factual pra dita “expansão da máquina pública”. Como já mostrei aqui, mais da metade das contratações do Governo Federal foram para a Educação. A outra metade Policiais, Engenheiros, Fiscais e Procuradores. Enfim, vcs (neoliberais da PUC-RJ) destroçaram a máquina pública naquilo que é função exclusiva do Estado, e agora, questionam a sua reconstrução. É uma estratégia de comunicação, mas parte do principio que somos todos otários em acreditar nisso.

As decisões do governo quanto ao pré-sal, por seu lado, revelam retrocessos notáveis com relação à natureza das relações entre Estado empresário, iniciativa privada e contribuintes e também do grau de exposição à concorrência a que deveriam ser expostos supridores de bens e serviços estabelecidos no Brasil. A pré-candidata Dilma Rousseff, em particular, com a habitual veemência, fez a defesa do estatismo e do “nacionalismo” com base no velho “quem não pensa como eu é entreguista”.

Aonde vc viu essa declaração, nesses termos? Ou vc está mentindo. Ou tem um problema sério na interpretação de textos.

Os esforços de cooptação estenderam-se à esfera empresarial, talvez emblematicamente ilustrados pela indústria naval, que viu ressuscitadas políticas que fariam inveja aos empresários da construção naval no auge do regime militar. Nenhuma lição parece ter sido aprendida com o fragoroso fracasso do passado.

Aprendemos. Aprendemos que a industria naval é estratégica pro futuro do País e vale qualquer esforço pra reconstruí-la.

As raízes dessa recaída rumo ao capitalismo de Estado têm sido associadas ao peronismo e ao getulismo. Em ambos os casos, porém, as comparações parecem anacrônicas. As políticas peronistas em benefício dos descamisados, no pós-guerra, tinham a sua racionalidade, pois a Argentina não conseguia encontrar clientes que pagassem as suas exportações à vista. Melhor que a carne fosse comida em casa. A despeito do folclore, Getúlio era recatado quanto ao estatismo, como mostram a história da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a da Vale. Longe de serem exemplos de preferência pelo Estado empresário, foi o desinteresse do capital privado que forçou o interesse do Estado. Mesmo no caso da Petrobrás, o Palácio do Catete era mais comedido quanto ao monopólio estatal do que a Lei 2.004, de 1953. Estado empresário, sim, mas supletivo às iniciativas do setor privado.

Ok. É mais um que atendeu “ao chamado” do FHHC? Eu prefiro gente com opinião própria e q não precisa ser pautado por uma liderança invejosa e decadente.

No terreno da “agitação e propaganda”, essa inflexão do governo Lula tem chamuscos de culto à personalidade que configuram desserviço à biografia do homenageado. Desde o filme celebrando a vida do metalúrgico vitorioso até as perguntas capciosas incluídas por algum capacho do Ministério da Educação (MEC) no recente exame do Enade. O ambiente de bajulação é evidente. Lula não precisa disso para registrar a sua evidente importância entre os maiores nomes na vida política brasileira, mesmo que se leve em conta a deterioração recente.

Como assim? Vc pode ir num jornal e escrever isso sem apresentar qualquer prova indicio de causalidade? Pelo menos comprove parcialmente, que houve uma determinação de alguém do Governo para a empresa contratada (por meio de licitação pública) que realizou os exames?

Mas isso é vapor barato. Isso é a demonstração clara do quão perdida está a oposição. Essa é a agenda deles. Isso é o máximo que conseguem pensar para o País!

Será que há otimistas em relação ao desempenho de um governo Rousseff a partir de 2011? Quem será o seu estrategista político? Quem fará a pequena política do Planalto? É difícil acreditar que Lula continue na sua posição de mentor de Dilma. Falta-lhe disposição para operar longe da ribalta. Vai poupar-se, em nome da sua candidatura em 2014.

As urnas dirão. Viva a democracia!

Não seria inevitável o fortalecimento dos segmentos mais fisiológicos da coalizão governamental? Por outro lado, a possibilidade de Lula lançar um plano B com chances de vitória, na hipótese de algum grande percalço da candidatura Dilma Rousseff, parece comprometida pelo calendário eleitoral.

Ok, o PMDB é fisiológico, raiz de todo o mal do sistema político brasileiro. Já o PT e o PSDB são puros como a virgem Maria. Foram colocados aqui pelo próprio Jesus Cristo pra resolver os problemas da Terra. Dá um tempo.

Há os que pensam que a situação poderia ser resgatada por uma vitória da oposição. Mas é difícil ser otimista com base no que a oposição vem fazendo ou dizendo nos últimos meses. A tática de silenciar para evitar o confronto direto com o popularíssimo Lula é questionável. Fica ridícula quando o provável candidato oposicionista, quando se aventura a tomar posição, se mostra crítico tão amargo da política “de juros e de câmbio” quanto o mais aloprado xiita da coalizão governamental.

Ah finalmente. Bate no governo no texto inteiro. No fim bate na “oposição”. Mas não nela toda só no Serra, que é o terror do mercado financeiro, por criticar o que todo brasileiro critica na politica econômica, “os juros e o câmbio”. Eu gostaria de ver uma crítica à “tática de silenciar” do Aécio tb.

A um observador desavisado pareceria que o governo e a oposição estão em perfeita sintonia para viabilizar em esforço suprapartidário o projeto “Brasil em berço esplêndido”.

Sério, é muita desfaçatez! Os caras quebraram o Brasil, não uma, não duas, não três, mas quatro vezes. Os caras quase aniquilaram a economia mundial. E agora vem com essa ladainha.

*Marcelo de Paiva Abreu,

Ph.D. em Economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio

Meu maior temor, estudar muito, e não aprender nada.

Powered by ScribeFire.

Os neoliberais e a volta dos que não foram


“Resident Evil”

Eles estão de volta. Não bastou quebrarem o País 4x. Não bastou quase aniquilarem a economia mundial. Os neoliberais da PUC-RJ estão de volta, com força total.

Eles tb atenderam “ao chamado“.

Em berço esplêndido — Portal ClippingMP

Em berço esplêndido

Autor(es): Marcelo de Paiva Abreu

O Estado de S. Paulo – 16/11/2009

Em algum momento, ainda na primeira metade do segundo mandato do governo Lula, não parecia despropositado pensar que o Brasil poderia finalmente dar o salto que lhe permitiria superar de forma sustentada as suas mazelas estruturais. Seria possível finalmente abandonar o “berço esplêndido”, deixar de ser o país do futuro.

A robustez das políticas macroeconômicas prudentes, combinada com as oportunidades criadas pela exploração da base de recursos naturais, ampliada por novas descobertas, seria elemento essencial que permitiria tal salto. A formação bruta de capital fixo seria gradativamente aumentada e os “voos de galinha” seriam reminiscências do passado.

Faltou dizer de qual parte do “passado”. O passado é muito genérico, então eu digo: “Os voos de galinha que ocorriam qdo o pessoal da PUC-RJ cuidavam da economia”

Crescer rapidamente possibilitaria a contínua redução das desigualdades sociais, a melhoria dos níveis educacionais, o funcionamento expedito do Judiciário, a redução da criminalidade, o equacionamento do problema da habitação, a consolidação do Estado regulador.

Esse salto qualitativo requereria uma sucessão de bons governos. O que indica a análise do quadro político atual quanto à probabilidade de que a eleição presidencial de 2010 resulte em bom governo no quadriênio 2011-2014?

Bem, eu acho que esse cenário que vc desenhou já é real. Já crescemos rapidamente, as desigualdades sociais continuam a cair, a educação tem melhorado, o Judiciário está (apesar de tudo) enfrentando seus problemas, a habitação virou a agenda da vez. Agora a criminalidade é um problema complexo que depende da ação conjunta e leva tempo.

Já a “consolidação do Estado regulador” foi colocado ai não sei por qual razão. Não é a nossa agenda. É de vcs, e os fatos mostram que foi um desastre a importação desse modelo para o Brasil. Com as Agências totalmente capturadas pelo Mercado.

O presidente Lula, privado de José Dirceu e Antônio Palocci, candidatos de peso que poderiam ter consistência partidária, e embalado por seus índices de aprovação, ejetou o partido e optou pelo voo solo na rota populista.

Deu o braço a Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e mandou a consolidação partidária às favas. Escolheu pessoalmente a sucessora e está usando a máquina pública de forma escancarada para tentar viabilizar um nome de reduzida expressão política.

Eu sei que há uma certa frustração e pavor em certos meios com  a possibilidade real de falhar a estratégia de fazer a ascensão do Lula e o PT em uma mera “eventualidade”, algo singular, que não se repetirá.

Mas a culpa não é nossa, né? Já imaginou se em 2011 quem assumir for o tal “nome de reduzida expressão política”? É eu acho que entendo a frustração.

Em meio a este processo de mergulho no populismo, instalou-se um clima de “pau na máquina”, de aumento generalizado de gastos públicos, em nome de um keynesianismo de meia tigela e, em muitos casos, com propósito explícito de cooptação. Expandir a máquina pública está viabilizando o aumento do peso relativo da burocracia estatal permanente que tem laços estreitos com a coalizão governista. Que persistirá por muitos anos.

Não vou nem questionar a base factual pra dita “expansão da máquina pública”. Como já mostrei aqui, mais da metade das contratações do Governo Federal foram para a Educação. A outra metade Policiais, Engenheiros, Fiscais e Procuradores. Enfim, vcs (neoliberais da PUC-RJ) destroçaram a máquina pública naquilo que é função exclusiva do Estado, e agora, questionam a sua reconstrução. É uma estratégia de comunicação, mas parte do principio que somos todos otários em acreditar nisso.

As decisões do governo quanto ao pré-sal, por seu lado, revelam retrocessos notáveis com relação à natureza das relações entre Estado empresário, iniciativa privada e contribuintes e também do grau de exposição à concorrência a que deveriam ser expostos supridores de bens e serviços estabelecidos no Brasil. A pré-candidata Dilma Rousseff, em particular, com a habitual veemência, fez a defesa do estatismo e do “nacionalismo” com base no velho “quem não pensa como eu é entreguista”.

Aonde vc viu essa declaração, nesses termos? Ou vc está mentindo. Ou tem um problema sério na interpretação de textos.

Os esforços de cooptação estenderam-se à esfera empresarial, talvez emblematicamente ilustrados pela indústria naval, que viu ressuscitadas políticas que fariam inveja aos empresários da construção naval no auge do regime militar. Nenhuma lição parece ter sido aprendida com o fragoroso fracasso do passado.

Aprendemos. Aprendemos que a industria naval é estratégica pro futuro do País e vale qualquer esforço pra reconstruí-la.

As raízes dessa recaída rumo ao capitalismo de Estado têm sido associadas ao peronismo e ao getulismo. Em ambos os casos, porém, as comparações parecem anacrônicas. As políticas peronistas em benefício dos descamisados, no pós-guerra, tinham a sua racionalidade, pois a Argentina não conseguia encontrar clientes que pagassem as suas exportações à vista. Melhor que a carne fosse comida em casa. A despeito do folclore, Getúlio era recatado quanto ao estatismo, como mostram a história da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a da Vale. Longe de serem exemplos de preferência pelo Estado empresário, foi o desinteresse do capital privado que forçou o interesse do Estado. Mesmo no caso da Petrobrás, o Palácio do Catete era mais comedido quanto ao monopólio estatal do que a Lei 2.004, de 1953. Estado empresário, sim, mas supletivo às iniciativas do setor privado.

Ok. É mais um que atendeu “ao chamado” do FHHC? Eu prefiro gente com opinião própria e q não precisa ser pautado por uma liderança invejosa e decadente.

No terreno da “agitação e propaganda”, essa inflexão do governo Lula tem chamuscos de culto à personalidade que configuram desserviço à biografia do homenageado. Desde o filme celebrando a vida do metalúrgico vitorioso até as perguntas capciosas incluídas por algum capacho do Ministério da Educação (MEC) no recente exame do Enade. O ambiente de bajulação é evidente. Lula não precisa disso para registrar a sua evidente importância entre os maiores nomes na vida política brasileira, mesmo que se leve em conta a deterioração recente.

Como assim? Vc pode ir num jornal e escrever isso sem apresentar qualquer prova indicio de causalidade? Pelo menos comprove parcialmente, que houve uma determinação de alguém do Governo para a empresa contratada (por meio de licitação pública) que realizou os exames?

Mas isso é vapor barato. Isso é a demonstração clara do quão perdida está a oposição. Essa é a agenda deles. Isso é o máximo que conseguem pensar para o País!

Será que há otimistas em relação ao desempenho de um governo Rousseff a partir de 2011? Quem será o seu estrategista político? Quem fará a pequena política do Planalto? É difícil acreditar que Lula continue na sua posição de mentor de Dilma. Falta-lhe disposição para operar longe da ribalta. Vai poupar-se, em nome da sua candidatura em 2014.

As urnas dirão. Viva a democracia!

Não seria inevitável o fortalecimento dos segmentos mais fisiológicos da coalizão governamental? Por outro lado, a possibilidade de Lula lançar um plano B com chances de vitória, na hipótese de algum grande percalço da candidatura Dilma Rousseff, parece comprometida pelo calendário eleitoral.

Ok, o PMDB é fisiológico, raiz de todo o mal do sistema político brasileiro. Já o PT e o PSDB são puros como a virgem Maria. Foram colocados aqui pelo próprio Jesus Cristo pra resolver os problemas da Terra. Dá um tempo.

Há os que pensam que a situação poderia ser resgatada por uma vitória da oposição. Mas é difícil ser otimista com base no que a oposição vem fazendo ou dizendo nos últimos meses. A tática de silenciar para evitar o confronto direto com o popularíssimo Lula é questionável. Fica ridícula quando o provável candidato oposicionista, quando se aventura a tomar posição, se mostra crítico tão amargo da política “de juros e de câmbio” quanto o mais aloprado xiita da coalizão governamental.

Ah finalmente. Bate no governo no texto inteiro. No fim bate na “oposição”. Mas não nela toda só no Serra, que é o terror do mercado financeiro, por criticar o que todo brasileiro critica na politica econômica, “os juros e o câmbio”. Eu gostaria de ver uma crítica à “tática de silenciar” do Aécio tb.

A um observador desavisado pareceria que o governo e a oposição estão em perfeita sintonia para viabilizar em esforço suprapartidário o projeto “Brasil em berço esplêndido”.

Sério, é muita desfaçatez! Os caras quebraram o Brasil, não uma, não duas, não três, mas quatro vezes. Os caras quase aniquilaram a economia mundial. E agora vem com essa ladainha.

*Marcelo de Paiva Abreu,

Ph.D. em Economia pela Universidade de Cambridge, é professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio

Meu maior temor, estudar muito, e não aprender nada.

Powered by ScribeFire.