A pesquisa semi-qualitativa

O Datafolha fez uma pesquisa com um questionário muito amplo da última vez. O questionário pode ser baixado aqui (o link é quase no rodapé):

http://www.tse.jus.br/sadAdmPesqEleConsulta/procDetalhe.jsp?pesquisaIndex=17#

Até o momento minha maior curiosidade não foi atendida : a pergunta “E você é a favor ou contra a punição de pessoas que praticaram atos terroristas contra o governo durante a ditadura?” não apareceu tabulada…

O Datafolha divulgou os dados “qualitativos” da pesquisa em dois relatórios.

Um sobre características dos candidatos: bit.ly/blp48Z

Outro sobre posicionamento político dos eleitores: bit.ly/aNaTJz

Vale a pena ler. Se for feito o download completo da pesquisa poderão ser vistas as quebras por segmento sócio-econômico (renda, gênero, idade, região, escolaridade.)

É um pouco difícil ter uma opinião pessoal para uma pesquisa não habitual, é a primeira que vez vejo uma assim. Mas, por alto, o que dá para dizer é que a tendência ao continuísmo se sobrepõe à comparação de currículos. Em várias perguntas, especialmente aquela do “quem é mais experiente”, Serra sai-se melhor. Será que foram eleitores do Ciro que puxaram a estatística? Difícil, a diferença é muito grande e até entre eleitores de Dilma vê-se que Serra recebe a maior parte das respostas favoráveis.

São tantas perguntas, que parecem feitas ou para “estressar” de vez o conceito de comparação de currículos ou para divulgar e fazer disso peça de marketing para Serra. Mas, paradoxalmente, o resultado para Serra é decepcionante : é grande a proporção de pessoas que o julga mais inteligente, preparado, etc., porém votará em Dilma. Não há outra explicação para o 37%/37%.

Também não há explicação para Dilma ganhar na pesquisa espontânea por 19% a 14%. E menos ainda para que 31% das pessoas achem que Dilma é de “direita”. Parece que rodamos em círculos : as pessoas atribuem ao candidato, pelo qual já se decidiram, a característica que desejariam que ele/ela tivesse.

Bom, logo veremos como Serra usará os dados para repensar a campanha que acompanha os ventos.

No lado dilmista não deve haver mudança. Nunca há…

Campanha? Mas é permitido fazer campanha? 😉

Quanto custa Israel

Vou deixar bem claro (pq da ultima vez veio gente indignada aqui me chamando de anti-semita). Eu sou pró povo israelense, sou pró população palestina, sou admirador dos norte-americanos. Todos esses A maioria desses seres humanos, só querem a paz. Pode ser inocência minha, pode ser uma visão infantilizada, mas primeiramente olho o mundo sem essas linhas que criaram pra separar as pessoas.

Minha fúria é contra políticos escrotos que manipulam, com o total apoio da mídia, a política externa americana com o intuito de defender seus interesses meramente financeiros. Então, sou contra os dirigentes israelense, arabes e americanos que sempre sabotaram qualquer tipo de ação que possa diminuir a dor dos palestinos (que na verdade sofrem um lento, mas sistemático processo de limpeza etnica, essa é a grande verdade).

Afinal sei que na verdade tudo isso está umbilicalmente ligado a quem financia e com quais interesses. Então, quem financia ações insanas como essa? Eu não estou sozinho, dentro dos EUA existem grupos que se perguntam pq os seus impostos tem financiar isso? Como se procurarem na internet vai encontrar milhares de israelenses que não concordam com os desmandos dos seus governantes. Esses com certeza NUNCA vão aparecer na mídia.

Quanto custa Israel, e quem paga…

Quanto custa Israel

Richard Curtiss

Atualmente, muitos americanos estão cientes de que Israel, com uma população de apenas 5,8 milhões de pessoas, é o maior beneficiário da ajuda externa americana, consumido, mais da metade do orçamento global americano para ajuda externa.

O que poucos americanos entendem, entretanto, é o elevado preço que pagam em muitos outros setores pela relação EUA–Israel, o que, por sua vez, é um produto da influência do poderoso lobby israelense sobre as políticas domésticas americanas e não tem nada a ver com os interesses estratégicos dos EUA, com os interesses nacionais dos EUA, ou mesmo com o tradicional apoio americano à autodeterminação, aos direitos humanos e ao comportamento ético em âmbito internacional.

Ademais, o caro e inabalável apoio dos EUA a Israel, esteja esse país certo ou errado, cobra um preço elevado ao prestígio e à credibilidade americana no exterior. De acréscimo, o poderoso lobby israelense nos EUA exerce um papel preponderante no atraso da reforma financeira das campanhas políticas, e também no afastamento da vida pública americana de alguns de nossos mais ilustres servidores públicos, membros do Congresso e até presidentes.

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Quanto custa Israel

Vou deixar bem claro (pq da ultima vez veio gente indignada aqui me chamando de anti-semita). Eu sou pró povo israelense, sou pró população palestina, sou admirador dos norte-americanos. Todos esses A maioria desses seres humanos, só querem a paz. Pode ser inocência minha, pode ser uma visão infantilizada, mas primeiramente olho o mundo sem essas linhas que criaram pra separar as pessoas.

Minha fúria é contra políticos escrotos que manipulam, com o total apoio da mídia, a política externa americana com o intuito de defender seus interesses meramente financeiros. Então, sou contra os dirigentes israelense, arabes e americanos que sempre sabotaram qualquer tipo de ação que possa diminuir a dor dos palestinos (que na verdade sofrem um lento, mas sistemático processo de limpeza etnica, essa é a grande verdade).

Afinal sei que na verdade tudo isso está umbilicalmente ligado a quem financia e com quais interesses. Então, quem financia ações insanas como essa? Eu não estou sozinho, dentro dos EUA existem grupos que se perguntam pq os seus impostos tem financiar isso? Como se procurarem na internet vai encontrar milhares de israelenses que não concordam com os desmandos dos seus governantes. Esses com certeza NUNCA vão aparecer na mídia.

Quanto custa Israel, e quem paga…

Quanto custa Israel

Richard Curtiss

Atualmente, muitos americanos estão cientes de que Israel, com uma população de apenas 5,8 milhões de pessoas, é o maior beneficiário da ajuda externa americana, consumido, mais da metade do orçamento global americano para ajuda externa.

O que poucos americanos entendem, entretanto, é o elevado preço que pagam em muitos outros setores pela relação EUA–Israel, o que, por sua vez, é um produto da influência do poderoso lobby israelense sobre as políticas domésticas americanas e não tem nada a ver com os interesses estratégicos dos EUA, com os interesses nacionais dos EUA, ou mesmo com o tradicional apoio americano à autodeterminação, aos direitos humanos e ao comportamento ético em âmbito internacional.

Ademais, o caro e inabalável apoio dos EUA a Israel, esteja esse país certo ou errado, cobra um preço elevado ao prestígio e à credibilidade americana no exterior. De acréscimo, o poderoso lobby israelense nos EUA exerce um papel preponderante no atraso da reforma financeira das campanhas políticas, e também no afastamento da vida pública americana de alguns de nossos mais ilustres servidores públicos, membros do Congresso e até presidentes.

Finalmente, o relacionamento Israel–EUA tem custado um número significativo de vidas americanas. Os incidentes nos quais militares dos EUA em serviço, diplomatas e civis morreram no Oriente Médio foram noticiados pela mídia. Mas a mídia raramente volta a esses assuntos, e evita escrupulosamente analisar por que eles ocorreram ou compilar o tributo cumulativo de mortes de americanos resultantes de nossas políticas para o Oriente Médio centralizadas em Israel.

Cada uma dessas quatro categorias dos custos de Israel ao povo americano merece um tópico específico. O que vai a seguir, portanto, é apenas uma visão geral dessas perdas.

Primeiramente, o custo financeiro de Israel aos contribuintes americanos. Entre 1949 e 1998, os EUA deram a Israel, com uma população auto-declarada de 5.8 milhões, mais ajuda externa do que deram a todas as nações da África subsaariana, a todos os países da América Latina, e a todos os países do Caribe juntos, com uma população total de 1.054.000.000 de pessoas.

No ano fiscal de 1997, por exemplo, Israel recebeu 3 bilhões de dólares do orçamento de ajuda externa, pelo menos 525 milhões de dólares de outros orçamentos dos EUA, e 2 bilhões de dólares em garantias de empréstimos federais. Assim, o total de subvenções e garantias de empréstimo para Israel foi de 5,5 bilhões de dólares. Isto quer dizer 15.068.493 dólares por dia, 365 dias do ano.

Se acrescerem a essas subvenções e empréstimos em ajuda estrangeira os totais aproximados de subvenções para Israel de outras rubricas do orçamento federal dos EUA, Israel recebeu desde 1949 uma subvenção total de 84,8 bilhões de dólares, excluindo-se os 10 bilhões de dólares em garantias de empréstimos governamentais dos EUA que retirou dentro do prazo. E se a isso calcular-se o que os EUA pagaram em juros para tomar emprestado esse dinheiro e dá-lo a Israel, o custo de Israel para os contribuintes dos EUA sobe para 134,8 bilhões de dólares, não corrigida a inflação do período.

Falando de outro modo, os quase 14.630 dólares que cada um dos 5.8 milhões de israelenses recebiam do governo dos EUA antes de 31 de outubro de 1997, custaram aos contribuintes americanos 23.241 dólares por israelense. Isto é, 116.205 dólares por cada família israelense de cinco membros.

Nenhuma dessas cifras inclui as doações privadas de americanos para instituições de caridade israelenses, que constituíam inicialmente cerca de um quarto do orçamento de Israel, e hoje aproxima-se de 1 bilhão de dólares ao ano. Afora o efeito negativo dessas doações sobre o balanço de pagamentos, os doadores também as deduzem do pagamento de impostos, criando outro enorme dreno no tesouro dos EUA.

As cifras acima não incluem nenhum dos custos financeiros indiretos de Israel para os Estados Unidos, os quais não podem ser contabilizados. Um exemplo foi o custo que os industriais dos EUA tiveram com o boicote árabe, certamente em bilhões de dólares, em números atualizados. Outro exemplo foi o custo para os consumidores americanos do preço do petróleo, o qual subiu a tais alturas que desencadeou uma recessão mundial, durante o boicote árabe imposto como reação ao apoio dos EUA a Israel na guerra de 1973.

Outros exemplos são uma parcela dos custos de manutenção de grandes forças navais da Sexta Frota dos EUA no Mediterrâneo, basicamente para proteger Israel, e unidades aéreas militares na base de Aviano, Itália, para não mencionar os altos custos de deslocamentos freqüentes para a Península Arábica e a área do Golfo de forças aéreas e terrestres dos Estados Unidos e de unidades navais da Sexta Frota, a qual normalmente opera no Oceano Pacífico. Há muitos anos atrás, o então subsecretário de Estado George Ball estimou que o verdadeiro custo financeiro de Israel para os Estados Unidos era de 11 bilhões de dólares ao ano. Desde então, a ajuda externa direta dos EUA a Israel praticamente dobrou, e simplesmente convertendo essa cifra original para dólares em 1998 a colocaria num patamar consideravelmente mais elevado. Em seguida, vem o custo de Israel para o prestígio e a credibilidade internacional dos Estados Unidos. Os americanos parecem constantemente surpresos com os fracassos de nossa política externa no Oriente Médio. Isso decorre de uma profunda ignorância do histórico da disputa israelo-palestina, a qual, por sua vez, resulta da relutância da grande mídia dos EUA em apresentar os fatos objetivamente.

Ao aproximar-se o fim do século XIX, quando o sionismo político foi criado na Europa, os judeus eram uma pequena fração da população da Terra Santa, boa parte da qual era maciçamente cultivada e densamente povoada, e certamente não era nenhum deserto à espera de ser reclamada por forasteiros.

Mesmo em 1947, depois de meio século de imigração sionista e um influxo de refugiados judeus de Hitler, os judeus ainda constituíam somente uma terça parte da população da Palestina sob mandato britânico. Somente sete por cento da terra era de propriedade judia. Mesmo quando as Nações Unidas repartiram a Palestina naquele ano, o potencial Estado judeu recebeu 53 por cento e o árabe só 47 por cento do território. Jerusalém deveria permanecer em separado, sob supervisão internacional, isto é, um corpus separatum, nas palavras das Nações Unidas.

Um dos mitos no qual muitos americanos ainda acreditam é o de que a guerra inicial entre os árabes e os israelenses irrompeu em 15 de maio de 1948, quando os britânicos se retiraram e unidades militares do Egito, Jordânia, Iraque e Síria entraram na Palestina, supostamente porque os árabes tinham rejeitado um plano de partilha que os israelenses aceitaram.

De fato, a luta começara quase seis meses antes, imediatamente depois que o plano de partilha foi anunciado. Nesse tempo, quando os exércitos árabes intervieram em maio, cerca de 400.000 palestinos já haviam fugido ou sido expulsos de suas casas. Para as nações árabes, as forças militares que eles enviaram à Palestina eram uma missão de resgate para sustar a expropriação dos palestinos das áreas que as Nações Unidas haviam concedido tanto para o Estado judeu quanto para o Estado palestino. De fato, a história revelou que as forças jordanianas tinham ordens de não penetrar nas áreas que as Nações Unidas haviam conferido a Israel.

Embora o governo israelense recém-criado não houvesse formalmente rejeitado o plano de partilha, na prática ele nunca o aceitou. Até hoje, meio século passado, Israel ainda se recusa a definir suas fronteiras. De fato, quando a guerra de 1947 e 1948 acabou, o Estado de Israel ocupava metade de Jerusalém e 78 por cento da antiga Palestina mandatária. Cerca de 750.000 palestinos cristãos e muçulmanos tinham sido expulsos das cidades, aldeias e casas para as quais as forças militares israelenses nunca permitiram que retornassem.

As quatro guerras que se seguiram, três delas iniciadas por Israel — em 1956, 1967 e 1982 — e uma delas começada pelo Egito e Síria para recuperar suas terras ocupadas em 1973, aconteceram sobre partes do Líbano, Síria, Jordânia e Egito que os israelenses ocuparam militarmente naquelas guerras, a outra metade de Jerusalém e os 22 por cento da Palestina — compreendendo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza — que é tudo que resta para os palestinos. É ainda a má vontade de sucessivos governantes americanos para reconhecer esses fatos históricos, e ajustar as políticas dos EUA para o Oriente Médio a fim de reparar esses erros, que resultou numa perda tão devastadora de credibilidade internacional. Os americanos, que foram uma vez identificados com as modernas escolas, universidades e hospitais que eles construíram por todo o Oriente Médio, num processo iniciado há mais de 150 anos, agora são identificados com o mau uso que os EUA fazem do seu direito de veto nas Nações Unidas para acobertar as violações israelenses dos direitos humanos dos palestinos que vivem nas terras que Israel tomou pela força. A ocupação israelense viola o prefácio à Carta das Nações Unidas que condena a aquisição de territórios pela guerra. O que Israel vem fazendo nos territórios ocupados também viola a Quarta Convenção de Genebra, a qual proíbe a transferência de populações para ou de tais áreas. Os governantes dos países do Oriente Médio que chegaram a olhar para os Estados Unidos como seus protetores do colonialismo europeu, agora acham muito difícil justificar a manutenção de relações cordiais com os Estados Unidos. Governos árabes amigáveis estão prejudicados devido a suas alianças com os EUA, e a queda de um deles, o reino hashemita do Iraque, foi diretamente atribuído à retirada prematura de suas forças armadas da Palestina durante a guerra de 1948 e seu subseqüente ingresso numa aliança militar com os EUA e a Grã-Bretanha.

Mesmo nossos aliados europeus e asiáticos fizeram coro deplorando a perpétua posição dos EUA a favor de Israel. Numa recente votação de uma resolução na Assembléia Geral da ONU exortando Israel a suspender novas usurpações de terras palestinas por parte de colonos judeus, somente os EUA e a Micronésia votaram com Israel. Das 185 nações-membros da ONU, todas as demais, sem exceção votaram contra Israel ou se abstiveram.

Mesmo assim, os americanos parecem esquecidos desses exemplos de como suas políticas para o Oriente Médio centradas em Israel estão isolando os Estados Unidos no mundo. Em seguida, vem o custo de Israel para o sistema político doméstico americano. Em dezembro de 1997, a revista Fortune pediu a profissionais lobistas para escolher o grupo de interesse específico mais poderoso nos Estados Unidos. Eles escolheram a American Association of Retired Persons (Associação Americana de Aposentados) que atua a favor de todos os americanos que têm mais de 60 anos.

Em segundo lugar, entretanto, veio o American Israel Public Affairs Committee-AIPAC (Comitê de Negócios Públicos Israel-americano) o lobby oficial de Israel em Washington, D.C., com um orçamento de 15 milhões de dólares — cujos recursos a AIPAC se recusa a revelar — e 150 empregados. Em troca, pode lançar mão de recursos da Conferência de Presidente das Grandes Organizações Judias Americanas, um grupo máximo constituído para coordenar os esforços a favor de Israel de cerca de 52 organizações nacionais judaicas.

Entre essas organizações estão grupos como a Liga Anti-Difamação da B’nai B’rith, com um orçamento de 45 milhões de dólares, e Hadassah, grupo de mulheres sionistas que gasta mais do que a AIPAC e manda milhares de americanos anualmente a Israel em visitas supervisionadas pelo governo israelense.

Tanto a AIPAC quanto a ADL mantêm departamentos de “pesquisa de oposição” secretos que compilam arquivos sobre políticos, jornalistas, acadêmicos e organizações, e divulgam essas informações através de conselhos da comunidade judaica para grupos e ativistas pró-Israel, a fim de prejudicar as reputações daqueles que ousarem falar livremente e sendo assim rotulados de “inimigos de Israel”.

No caso da ADL, batidas policiais nos escritórios da organização em Los Angeles e San Francisco concluíram que muitas das informações que esses escritórios haviam compilado eram falsas e, portanto, caluniosas, e algumas delas haviam sido obtidas ilegalmente.

No caso da AIPAC, essa não é a atividade mais controversa da organização. Na década de 70, membros do conselho nacional de diretores da AIPAC passaram a formar, enganosamente, uns chamados comitês de ação política local (PACs) os quais coordenariam seus esforços no apoio de candidatos nas eleições federais. Até hoje, pelo menos 126 PACs pró-Israel foram registrados, e não menos do que 50 PACs, como a AIPAC, podem dar a um candidato que esteja enfrentando uma oposição forte e que tem votado de acordo com as recomendações da AIPAC até meio milhão de dólares. Isso é dinheiro suficiente para comprar todo o tempo de televisão necessário para ganhar a eleição na maioria dos estados do país.

O que é absolutamente inédito acerca da cadeia de comitês de ação política da AIPAC e que todos eles têm nomes fictícios. Quem poderia saber ao certo que o PAC de Delaware Valley na Filaldéfia, “San Franciscan for Good Government in California” (São-franciscanos para o bom governo da Califórnia), Cactus PAC no Arizona, Chili PAC no Novo México, Beaver (castor) PAC no Winsconsin e mesmo Ice (gelo) PAC em Nova Iorque são realmente PACs pró-Israel?

Assim como nenhum outro interesse especial para pôr tanto dinheiro vivo na campanha eleitoral de um candidato como o faz o lobby de Israel, nenhum outro interesse especial foi tão longe na busca de apagar suas pistas. Alguns dos servidores públicos mais sábios e renomados da América foram impedidos de ganhar postos mais elevados pelo veto do lobby de Israel. Um líder assim, foi George Ball, que serviu na administração Kennedy como Subsecretário de Estado e na administração Johnson como embaixador dos EUA junto às Nações Unidas. Em vista de seu notável talento para prever acontecimentos internacionais, não resta dúvida de que ele teria sido Secretário de Estado se não tivesse expressado publicamente seu ceticismo sobre a relação dos EUA com Israel, o que a maioria dos americanos envolvidos em negócios estrangeiros sente privadamente.

Em encontros oficiais, aos quais jornalistas não têm acesso, os presidentes da AIPAC jactaram-se de que a organização era responsável pelas derrotas de dois dos diretores mais famosas da história do Comitê de Relações Exteriores do Senado, o democrata J. William Fulbright, de Arkansas, e o republicano Charles Percy, de Illinois. A lista de outros senadores e membros do Parlamento cujas derrotas eleitorais são atribuídas à AIPAC é longa demais para ser contada.

Há um bom número de provas também para se afirmar que, não fossem complexas manobras do lobby de Israel, incluindo incentivos a candidatos de um terceiro partido e incansável proselitismo exercido por colunistas e outras figuras da mídia que trabalharam pró-Israel, o presidente democrata Jimmy Carter provavelmente teria sido reeleito em 1980.

O custo para o nosso sistema político, ao perder figuras nacionais que se recusaram a permitir que os interesses políticos nacionais dos EUA ditem a política externa dos EUA tem sido enorme. Enquanto a AIPAC e outros lobbys poderosos continuarem a impedir esforços importantes a favor da reforma financeira das campanhas, os americanos continuarão pagando imperceptivelmente esses custos.

Finalmente, há o custo de Israel em vidas americanas. Referências ao ataque por aviões e barcos torpedeiros israelenses ao US Liberty, no qual 34 americanos foram mortos e 171 feridos no quarto dia da Guerra dos Seis Dias em junho de 1967, são sempre recebidas com perplexidade. Muitos poucos americanos parecem ter ouvido sobre o ataque ao navio operado pela Marinha dos EUA para a Agência Nacional de Segurança monitorar as comunicações militares israelenses e árabes durante o conflito.

O governo israelense alegou que foi um caso de erro de identidade. Os membros da tripulação e outros oficiais navais que estavam estacionados no Mediterrâneo e em Washington, na ocasião, afirmam que foi uma tentativa deliberada para afundar o navio e culpar as forças egípcias pelo desastre. Esse é o único evento desse tipo na história naval americana cuja causa nunca foi formalmente investigada, fosse pelo Congresso, fosse pela própria Marinha. Perdas maiores de vidas americanas nas mãos das forças árabes que se opõem a Israel são melhor conhecidas. Estas incluem a perda de 141 militares dos EUA no bombardeio de acampamentos da Marinha dos EUA em Beirute, em 1984. Incluem também a perda de diplomatas dos EUA e empregados locais do governo dos EUA em dois bombardeios à Embaixada dos EUA em Beirute. Outros eventos semelhantes incluem o bombardeio à Embaixada dos EUA no Kuwait, a tomada de reféns americanos em Beirute, dos quais três foram mortos, as mortes de americanos numa série de seqüestros de aviões relacionados com a questão do Oriente Médio, as mortes de 19 funcionários dos EUA no bombardeio das Torres Al Khobar, na Arábia Saudita, e o assassinato de 1997 de quatro contadores trabalhando para uma companhia americana em Karachi.

Todos esses incidentes, e muitos outros nos quais americanos foram mortos, resultaram diretamente do apoio americano unilateral a Israel em sua recusa de participar do acordo “terra por paz” com os palestinos e seus outros vizinhos árabes, previsto na Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU. Os EUA fingiram apoiar essa resolução desde novembro de 1997. Mas na prática nada fizeram para forçar Israel e cumpri-lo, muito embora a resolução tenha sido aceita pelos membros da Liga de Estados árabes. A hipocrisia dos EUA provoca ira e frustração em todo o Oriente Médio e sul da Ásia, o que continuará a cobrar vidas americanas até que Israel finalmente devolva as terras que ocupou em 1967, ou os EUA parem de subsidiar a intransigência israelense.

Alegações de que há aspectos positivos no relacionamento EUA-Israel raramente resistem a uma análise. Durante a administração Reagan, a expressão “relação estratégia” foi empregada pela primeira vez, conferindo benefícios aos EUA e a Israel. A idéia de que Israel — menor do que Hong Kong tanto em população quanto em área — possa oferecer aos Estados Unidos benefícios suficientes para compensar a hostilidade que a relação desencadeia entre 250 milhões de árabes numa extensão estratégica de território de 4.000 milhas que vai do Marrocos a Omã, é ridícula. Torna-se ainda mais ridícula quando se imagina que a relação também alienou outros 750 milhões de muçulmanos os quais, juntamente com os árabes, controlam mais de 60 por cento das reservas comprovadas de petróleo e gás. Os apologistas de Israel também descrevem a cooperação EUA-Israel em desenvolvimento de armas. O fato é que um ou dois programas de armas conjuntos bem sucedidos foi amplamente financiado pelos EUA, enquanto por sua parte os israelenses têm repetidamente vendido para nações corruptas armas passadas a Israel sem nenhum custo.

É um fato triste mas comprovado que o governo israelense também obteve tecnologia militar secreta dos EUA, os quais Israel vendeu a outros países. Por exemplo, depois que os EUA enviaram baterias defensivas de mísseis Patriot por motivo de uma emergência para defender Israel durante a Guerra do Golfo, os israelenses parecem ter vendido a tecnologia do míssil Patriot à China, de acordo com o inspetor geral do Departamento de Estado. Em conseqüência, os EUA foram obrigados a desenvolver toda uma nova geração de tecnologia de mísseis capazes de penetrar as defesas que a China desenvolveu por causa da traição israelense. Talvez a racionalização mais hipócrita oferecida pelos amigos de Israel é que o tratamento especial dado pelos EUA é justificado porque Israel “é a única democracia em funcionamento no Oriente Médio”, e que Israel e os EUA têm muitas instituições básicas em comum. De fato, a democracia israelense não funciona para não-judeus. Ao contrário dos EUA, onde pela lei todos os cidadãos têm direitos iguais independentemente de origem religiosa ou étnica, cidadãos muçulmanos e cristãos de Israel não têm direitos iguais aos judeus com relação a serviço militar, aos extensos benefícios sociais disponíveis para os veteranos do serviço militar israelense, ou mesmo em termos de tributos israelenses impostos aos cidadãos árabes e aos investimentos do governo israelense em comunidades árabes dentro de Israel.

Ademais, a cidadania israelense não está ao alcance dos muçulmanos e palestinos cristãos expulsos de seus lares em Israel em 1948, nem dos seus descendentes. Mas um judeu nascido em qualquer parte do mundo, pode ter cidadania israelense quando solicitada.

Talvez mais chocante seja o fato pouco conhecido de que atualmente 90 por cento da terra em Israel mesmo é mantida sob cláusulas impedindo não-judeus, mesmo aqueles que têm cidadania israelense, de possuir a terra ou de usá-la como um meio de vida. Infelizmente, as terras sob essas cláusulas estão aumentando, não diminuindo. Seria difícil, portanto, encontrar dois países mais profundamente diferentes em suas abordagens das questões essenciais da cidadania e dos direitos civis e humanos do que os Estados Unidos e Israel.

Richard H. Curtiss é diretor executivo da revista Washington Report on Middle East Affairs, e autor dos livros American Perceptions of the Arab-Israeli Dispute (1982) e Stealth PACs: lobbying Congress for Control of U.S. Middle East Policy (1990).

Acorda, Serra. Querem puxar o seu tapete.


“Acorda, Serra. Tão querendo te sacar.”


Vcs sabem que eu sempre relutei com essa idéia de que o adversário do PT era unicamente o Serra. Muitos se irritaram qdo comecei a repetir que via muitos “aecistas disfarçados de dilmistas” espalhados na blogosfera. Uma coisa é ser contra o Serra. Outra coisa é ser pró-Dilma.

Uns ignoram completamente a visão econômica do Aecio. Ninguém na mídia sequer citam o que seria a política externa de um governo dele. E sobre o pré-Sal? Na verdade é por estratégia que o mineiro se mantém com “uma página em branco a ser escrita”. A questão é: escrita por quem, cara-pálida?

Não estou fazendo terrorismo, aceito a mudança como ordem natural das coisas. Nunca insinuaria que o Aécio é um neoliberal se tivesse obtido qualquer outro tipo de sinalização do que seria a política econômica no seu governo. Nunca obtive. Só restam dúvidas. A única coisa que obtive foi a declaração de que o seu Ministro da Fazenda ideal seria o Arminio Fraga. Nada contra. Só que eu estou do lado diametralmente oposto no momento.

É com isso que trabalho. Não que seria uma política econômica ruim. Não se pode dizer isso antecipadamente. Se agirmos assim, estaríamos nos colocando na posição daqueles que diziam que o “Lula não era preparado e o governo dele seria um desastre”. Nessa barca eu não entro, mas preciso de sinalizações. O próprio Arminio em entrevistas encampou as politicas sociais do PT e disse que se considera de centro-esquerda. Então, é só um projeto diferente do que eu tenho em mente para os próximos anos. O que não deixa de ser válido e legítimo.

Assim, desconfio muito, muitissimo dessa reincidência de notícias sobre o Aécio ser o vice do Serra. É muito obtuso, muita inocência para um jogo de profissionais. Tem algo estranho no ar. Fica claro que até pra um amador como eu, cada vez que o nome do Aécio surge na mídia o efeito na candidatura do Serra é destrutivo. Vulnerabiliza. Um candidato a presidencia pode parecer tudo: terrorista, durão, apedeuta, ignorante, despreparado, porra-louca, mauricinho e até sociologio (rindo muito). A única coisa que ele não pode parecer é frágil.

E nesse jogo não dá pra retirar as cartas da mesa. Nenhuma. Está claro que se as pesquisas continuarem no ritmo que está, a oposição pode sim, pensar seriamente em trocar de candidato. Pq não? O histórico da eleições brasileiras dá suporte à tentativa de reviravolta. De um candidato com quase zero chegar a ser competitivo em poucas semanas. Só pra não perder a oportunidade, NÃO é o caso da Dilma. O crescimento dela é lento, gradual, e por isso, mais consistente.

Pensem bem. O que o Aécio perderia se tentasse ser candidato? Nada. Ganharia o PSDB inteiro (mineiro iria fazer um doce). Emplacaria o seu nome nacionalmente, e no fim, mesmo que fosse pra perder (por causa da falta de tempo pra se construir um candidatura planejada) ganharia o recall para as próximas. Por outro lado, se a oposição perder, qual a próxima “janela”? 2014? Vão colocar seu futuro na mão do animal político, Lula?

Eu, sinceramente não duvido nada. Até pq o Serra, que se vendia como o preparado desde sempre, está se mostrando uma grande decepção, até pros seus adversários.

Paul Krugman :: “Martin Wolf não é uma pessoa séria”

“Bulls, on parade”

Paul, se vcs não são sérios, ninguém mais é.

“Austeridade fiscal por toda parte”. Esse mantra me lembra tanto os neoliberais brasileiros (eles negam que seja dessa espécie, mas a gente sabe né?). E qdo digo neoliberais, não digo Sadenbergs e Miriams, esse pobres seres são meros emissários, escolhidos a dedo devido a sua incapacidade de aceitar as mudanças, enfrentar o contraditório, e principalmente, ter a honestidade de aceitar que, em algum momento, estavam propagando falácias.

Paul Krugman

Martin Wolf não é uma pessoa séria

28 de maio de 2010 | 16h07

Paul Krugman

E o mesmo pode ser dito de mim.

Wolf escreve:

Eu agora perdi a fé na opinião segundo a qual dar aos mercados aquilo que acreditamos que eles possam desejar no futuro – apesar de no momento não manifestarem sinais de insistência nisso – deveria ser a ideia predominante na determinação de nossas medidas.

Amém. Ainda assim, a maioria dos presentes na sala onde me encontro no momento acredita no contrário. Feitas algumas exceções, todos estão pedindo austeridade fiscal por toda parte, imediatamente.

Espantoso

Acorda, Serra. Querem puxar o seu tapete.


“Acorda, Serra. Tão querendo te sacar.”


Vcs sabem que eu sempre relutei com essa idéia de que o adversário do PT era unicamente o Serra. Muitos se irritaram qdo comecei a repetir que via muitos “aecistas disfarçados de dilmistas” espalhados na blogosfera. Uma coisa é ser contra o Serra. Outra coisa é ser pró-Dilma.

Uns ignoram completamente a visão econômica do Aecio. Ninguém na mídia sequer citam o que seria a política externa de um governo dele. E sobre o pré-Sal? Na verdade é por estratégia que o mineiro se mantém com “uma página em branco a ser escrita”. A questão é: escrita por quem, cara-pálida?

Não estou fazendo terrorismo, aceito a mudança como ordem natural das coisas. Nunca insinuaria que o Aécio é um neoliberal se tivesse obtido qualquer outro tipo de sinalização do que seria a política econômica no seu governo. Nunca obtive. Só restam dúvidas. A única coisa que obtive foi a declaração de que o seu Ministro da Fazenda ideal seria o Arminio Fraga. Nada contra. Só que eu estou do lado diametralmente oposto no momento.

É com isso que trabalho. Não que seria uma política econômica ruim. Não se pode dizer isso antecipadamente. Se agirmos assim, estaríamos nos colocando na posição daqueles que diziam que o “Lula não era preparado e o governo dele seria um desastre”. Nessa barca eu não entro, mas preciso de sinalizações. O próprio Arminio em entrevistas encampou as politicas sociais do PT e disse que se considera de centro-esquerda. Então, é só um projeto diferente do que eu tenho em mente para os próximos anos. O que não deixa de ser válido e legítimo.

Assim, desconfio muito, muitissimo dessa reincidência de notícias sobre o Aécio ser o vice do Serra. É muito obtuso, muita inocência para um jogo de profissionais. Tem algo estranho no ar. Fica claro que até pra um amador como eu, cada vez que o nome do Aécio surge na mídia o efeito na candidatura do Serra é destrutivo. Vulnerabiliza. Um candidato a presidencia pode parecer tudo: terrorista, durão, apedeuta, ignorante, despreparado, porra-louca, mauricinho e até sociologio (rindo muito). A única coisa que ele não pode parecer é frágil.

E nesse jogo não dá pra retirar as cartas da mesa. Nenhuma. Está claro que se as pesquisas continuarem no ritmo que está, a oposição pode sim, pensar seriamente em trocar de candidato. Pq não? O histórico da eleições brasileiras dá suporte à tentativa de reviravolta. De um candidato com quase zero chegar a ser competitivo em poucas semanas. Só pra não perder a oportunidade, NÃO é o caso da Dilma. O crescimento dela é lento, gradual, e por isso, mais consistente.

Pensem bem. O que o Aécio perderia se tentasse ser candidato? Nada. Ganharia o PSDB inteiro (mineiro iria fazer um doce). Emplacaria o seu nome nacionalmente, e no fim, mesmo que fosse pra perder (por causa da falta de tempo pra se construir um candidatura planejada) ganharia o recall para as próximas. Por outro lado, se a oposição perder, qual a próxima “janela”? 2014? Vão colocar seu futuro na mão do animal político, Lula?

Eu, sinceramente não duvido nada. Até pq o Serra, que se vendia como o preparado desde sempre, está se mostrando uma grande decepção, até pros seus adversários.

Paul Krugman :: "Martin Wolf não é uma pessoa séria"

“Bulls, on parade”

Paul, se vcs não são sérios, ninguém mais é.

“Austeridade fiscal por toda parte”. Esse mantra me lembra tanto os neoliberais brasileiros (eles negam que seja dessa espécie, mas a gente sabe né?). E qdo digo neoliberais, não digo Sadenbergs e Miriams, esse pobres seres são meros emissários, escolhidos a dedo devido a sua incapacidade de aceitar as mudanças, enfrentar o contraditório, e principalmente, ter a honestidade de aceitar que, em algum momento, estavam propagando falácias.

Paul Krugman

Martin Wolf não é uma pessoa séria

28 de maio de 2010 | 16h07

Paul Krugman

E o mesmo pode ser dito de mim.

Wolf escreve:

Eu agora perdi a fé na opinião segundo a qual dar aos mercados aquilo que acreditamos que eles possam desejar no futuro – apesar de no momento não manifestarem sinais de insistência nisso – deveria ser a ideia predominante na determinação de nossas medidas.

Amém. Ainda assim, a maioria dos presentes na sala onde me encontro no momento acredita no contrário. Feitas algumas exceções, todos estão pedindo austeridade fiscal por toda parte, imediatamente.

Espantoso

Lula salta para a primeira divisão da diplomacia mundial

Lula salta para a primeira divisão da diplomacia mundial – DER SPIEGEL

29/05/2010 – 00h01 | do UOL Notícias

Erich Follath e Jens Glüsing
UOL

Transpirando autoconfiança, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está elevando o status global do seu país ao protagonizar um número cada vez maior de iniciativas na área de política internacional. Na mais recente dessas ações, ele convenceu o Irã a concordar com um polêmico acordo nuclear. Poderia este acordo proporcionar uma oportunidade para que sejam evitadas sanções e guerra?

Ele foi acusado de ser muitas coisas no passado, incluindo um comunista, um proletário grosseiro e um alcoólatra. Mas a época dessas acusações acabou há muito tempo. À medida que o Brasil cresce para tornar-se uma nova potência econômica, a reputação do presidente brasileiro cresce de forma meteórica. Hoje em dia muita gente vê o presidente como um herói do hemisfério sul e um importante contrapeso em relação a Washington, Bruxelas e Pequim. A revista de notícias norte-americana “Time” foi além, duas semanas atrás, ao afirmar que ele é “o líder político mais influente do mundo”, colocando-o à frente até mesmo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. No Brasil, muita gente vê em Lula da Silva um candidato ao Prêmio Nobel da Paz.

E agora este homem, Luiz Inácio da Silva, 64, apelidado de “Lula”, que passou a infância em um cortiço como filho de pais analfabetos, conseguiu mais outra vitória política no exterior. Em uma reunião que foi uma verdadeira maratona política, ele negociou um acordo nuclear com a liderança iraniana. Na última segunda-feira, ele apareceu triunfante ao lado do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Os três líderes chegaram a um acordo que eles acreditam que retirará da agenda internacional as previstas sanções da Organização da Nações Unidas (ONU) contra o Irã devido ao possível programa de armas nucleares do país. O Ocidente, que vinha fazendo pressões pela adoção de medidas punitivas mais duras contra o Irã, pareceu ter sido feito de bobo, e até ter sido pego de surpresa.

Mas o contra-ataque de Washington veio no dia seguinte, abrindo um novo capítulo nesta acalorada disputa nuclear, na qual Pequim, em especial, há muito vem resistindo a adotar uma abordagem mais dura. A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton anunciou: “Nós chegamos a um acordo baseado em medidas fortes com a cooperação tanto da Rússia quanto da China”. O texto relativo às sanções planejadas contra o Irã foi enviado a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo o Brasil e a Turquia. Os dois países são membros eleitos para ocuparem durante dois anos esse conselho que têm 15 integrantes, e que precisa aceitar uma resolução com pelo menos nove votos para que esta possa ser implementada.
.
Os Estados Unidos mostram-se irredutíveis quanto às sanções

Clinton agradeceu especificamente a Lula pelos seus “esforços sinceros”. Mas a sua expressão indicava claramente que ela viu os esforços de lula mais como um impedimento do que como uma ajuda. “Nós estamos procurando o apoio da comunidade internacional a uma resolução composta de sanções fortes que, segundo o nosso ponto de vista, constituir-se-ão em uma mensagem muito clara a respeito daquilo que se espera do Irã”, afirmou Hillary Clinton.

Mas a abordagem menos confrontativa de Lula nesta disputa nuclear não seria muito mais promissora? Seria tão fácil assim desacelerar o “Lula Superstar”, que conta com o apoio da Turquia, um país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)? Quem quer que tenha acompanhado a carreira de Lula achará difícil acreditar nisso. Este homem sempre superou todas as resistências, e todos os cenários desfavoráveis com os quais se defrontou.

O pai dele abandonou a família quando Lula era bem novo, e a mãe mudou-se com os oito filhos do nordeste do Brasil para o sul industrializado, onde ela esperava aumentar as chances de sucesso da família. Lula só aprendeu a ler e a escrever aos dez anos de idade. Quando criança, ele ajudou a sustentar a família trabalhando como engraxate e vendedor de frutas, e também como operário de uma fábrica de tintas. Ele acabou conseguindo fazer um curso de torneiro mecânico. Quando Lula tinha 25 anos de idade, a mulher dele, Maria, e o seu filho ainda não nascido morreram porque a família não tinha condições de pagar por atendimento médico adequado.

Lula tornou-se politicamente ativo quando era jovem, ao ingressar em um sindicato e organizar greves ilegais na época da ditadura militar. Ele foi preso várias vezes na década de oitenta. Insatisfeito com os esquerdistas clássicos, ele fundou o seu próprio Partido dos Trabalhadores, que gradualmente transformou-se de um partido marxista em uma agremiação social-democrata. Ele concorreu três vezes, sem sucesso, à presidência, até que, na quarta vez, venceu a eleição presidencial de 2002 com uma vantagem significante sobre o seu adversário. Foram os indivíduos mais pobres que, em um país de extremos contrastes econômicos, depositaram as suas esperanças no carismático líder trabalhista. Quando Lula venceu a eleição, os indivíduos extremamente ricos, temendo que os seus bens fossem desapropriados, mantiveram os seus aviões a jato particulares abastecidos, prontos para decolar.
O herói dos pobres distanciou-se de revoluções

Mas aqueles que esperavam ou que temiam uma revolução no Brasil ficaram surpresos. Após tomar posse, Lula levou alguns dos membros do seu gabinete a uma favela, e lançou um programa de grande escala chamado “Fome Zero” para aliviar os sofrimentos dos desprivilegiados. Mas ele não assustou os mercados. Aumentos dos preços das commodities e uma política econômica moderna que enfatizou os investimentos estrangeiros, a educação nacional e recursos para treinamento ajudaram Lula a se reeleger em 2006.

O mandato dele termina em dezembro, e Lula não poderá disputar novamente a reeleição. Ele colocou a casa em ordem e cultivou uma potencial sucessora. Mas o presidente autoconfiante deseja evidentemente deixar também um legado político: ele considera uma missão sua transformar o Brasil, com a sua população de 196 milhões de habitantes, em uma grande potência mundial, bem como assegurar uma cadeira permanente para o seu país no Conselho de Segurança da ONU.

Lula reconheceu que manter boas relações com Washington, Londres e Moscou é algo que ajuda o Brasil a tentar alcançar essa meta. Mas ele sabe também que vínculos fortes com países como a China e a Índia, bem como o Oriente Médio e os países africanos, poderiam ser ainda mais importantes. Ele se considera um homem do “sul”, e um líder dos pobres e desfavorecidos. E, é claro, ele também reconhece as mudanças que estão ocorrendo. No ano passado, por exemplo, a República Popular da China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil pela primeira vez na história.

Lula é o único chefe de Estado que participou tanto do exclusivo Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, quanto do Fórum Social Mundial, que criticou a globalização, na cidade de Porto Alegre, no Brasil. Ele é um viajante infatigável, tendo visitado 25 países só na África, muitos países asiáticos e quase todos as nações da América Latina – levando sempre consigo uma delegação econômica. Lula prega incansavelmente a sua crença em um mundo multipolar. E, como Lula é um orador carismático e um “autêntico” líder trabalhista, multidões em todo o mundo o saúdam como se ele fosse um pop star. Na reunião de cúpula do G20 em 2009, em Londres, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que aparentemente é um fã de Lula, afirmou: “Eu adoro esse cara”.

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Lula salta para a primeira divisão da diplomacia mundial

Lula salta para a primeira divisão da diplomacia mundial – DER SPIEGEL

29/05/2010 – 00h01 | do UOL Notícias

Erich Follath e Jens Glüsing
UOL

Transpirando autoconfiança, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está elevando o status global do seu país ao protagonizar um número cada vez maior de iniciativas na área de política internacional. Na mais recente dessas ações, ele convenceu o Irã a concordar com um polêmico acordo nuclear. Poderia este acordo proporcionar uma oportunidade para que sejam evitadas sanções e guerra?

Ele foi acusado de ser muitas coisas no passado, incluindo um comunista, um proletário grosseiro e um alcoólatra. Mas a época dessas acusações acabou há muito tempo. À medida que o Brasil cresce para tornar-se uma nova potência econômica, a reputação do presidente brasileiro cresce de forma meteórica. Hoje em dia muita gente vê o presidente como um herói do hemisfério sul e um importante contrapeso em relação a Washington, Bruxelas e Pequim. A revista de notícias norte-americana “Time” foi além, duas semanas atrás, ao afirmar que ele é “o líder político mais influente do mundo”, colocando-o à frente até mesmo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. No Brasil, muita gente vê em Lula da Silva um candidato ao Prêmio Nobel da Paz.

E agora este homem, Luiz Inácio da Silva, 64, apelidado de “Lula”, que passou a infância em um cortiço como filho de pais analfabetos, conseguiu mais outra vitória política no exterior. Em uma reunião que foi uma verdadeira maratona política, ele negociou um acordo nuclear com a liderança iraniana. Na última segunda-feira, ele apareceu triunfante ao lado do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Os três líderes chegaram a um acordo que eles acreditam que retirará da agenda internacional as previstas sanções da Organização da Nações Unidas (ONU) contra o Irã devido ao possível programa de armas nucleares do país. O Ocidente, que vinha fazendo pressões pela adoção de medidas punitivas mais duras contra o Irã, pareceu ter sido feito de bobo, e até ter sido pego de surpresa.

Mas o contra-ataque de Washington veio no dia seguinte, abrindo um novo capítulo nesta acalorada disputa nuclear, na qual Pequim, em especial, há muito vem resistindo a adotar uma abordagem mais dura. A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton anunciou: “Nós chegamos a um acordo baseado em medidas fortes com a cooperação tanto da Rússia quanto da China”. O texto relativo às sanções planejadas contra o Irã foi enviado a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo o Brasil e a Turquia. Os dois países são membros eleitos para ocuparem durante dois anos esse conselho que têm 15 integrantes, e que precisa aceitar uma resolução com pelo menos nove votos para que esta possa ser implementada.
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Os Estados Unidos mostram-se irredutíveis quanto às sanções

Clinton agradeceu especificamente a Lula pelos seus “esforços sinceros”. Mas a sua expressão indicava claramente que ela viu os esforços de lula mais como um impedimento do que como uma ajuda. “Nós estamos procurando o apoio da comunidade internacional a uma resolução composta de sanções fortes que, segundo o nosso ponto de vista, constituir-se-ão em uma mensagem muito clara a respeito daquilo que se espera do Irã”, afirmou Hillary Clinton.

Mas a abordagem menos confrontativa de Lula nesta disputa nuclear não seria muito mais promissora? Seria tão fácil assim desacelerar o “Lula Superstar”, que conta com o apoio da Turquia, um país membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)? Quem quer que tenha acompanhado a carreira de Lula achará difícil acreditar nisso. Este homem sempre superou todas as resistências, e todos os cenários desfavoráveis com os quais se defrontou.

O pai dele abandonou a família quando Lula era bem novo, e a mãe mudou-se com os oito filhos do nordeste do Brasil para o sul industrializado, onde ela esperava aumentar as chances de sucesso da família. Lula só aprendeu a ler e a escrever aos dez anos de idade. Quando criança, ele ajudou a sustentar a família trabalhando como engraxate e vendedor de frutas, e também como operário de uma fábrica de tintas. Ele acabou conseguindo fazer um curso de torneiro mecânico. Quando Lula tinha 25 anos de idade, a mulher dele, Maria, e o seu filho ainda não nascido morreram porque a família não tinha condições de pagar por atendimento médico adequado.

Lula tornou-se politicamente ativo quando era jovem, ao ingressar em um sindicato e organizar greves ilegais na época da ditadura militar. Ele foi preso várias vezes na década de oitenta. Insatisfeito com os esquerdistas clássicos, ele fundou o seu próprio Partido dos Trabalhadores, que gradualmente transformou-se de um partido marxista em uma agremiação social-democrata. Ele concorreu três vezes, sem sucesso, à presidência, até que, na quarta vez, venceu a eleição presidencial de 2002 com uma vantagem significante sobre o seu adversário. Foram os indivíduos mais pobres que, em um país de extremos contrastes econômicos, depositaram as suas esperanças no carismático líder trabalhista. Quando Lula venceu a eleição, os indivíduos extremamente ricos, temendo que os seus bens fossem desapropriados, mantiveram os seus aviões a jato particulares abastecidos, prontos para decolar.
O herói dos pobres distanciou-se de revoluções

Mas aqueles que esperavam ou que temiam uma revolução no Brasil ficaram surpresos. Após tomar posse, Lula levou alguns dos membros do seu gabinete a uma favela, e lançou um programa de grande escala chamado “Fome Zero” para aliviar os sofrimentos dos desprivilegiados. Mas ele não assustou os mercados. Aumentos dos preços das commodities e uma política econômica moderna que enfatizou os investimentos estrangeiros, a educação nacional e recursos para treinamento ajudaram Lula a se reeleger em 2006.

O mandato dele termina em dezembro, e Lula não poderá disputar novamente a reeleição. Ele colocou a casa em ordem e cultivou uma potencial sucessora. Mas o presidente autoconfiante deseja evidentemente deixar também um legado político: ele considera uma missão sua transformar o Brasil, com a sua população de 196 milhões de habitantes, em uma grande potência mundial, bem como assegurar uma cadeira permanente para o seu país no Conselho de Segurança da ONU.

Lula reconheceu que manter boas relações com Washington, Londres e Moscou é algo que ajuda o Brasil a tentar alcançar essa meta. Mas ele sabe também que vínculos fortes com países como a China e a Índia, bem como o Oriente Médio e os países africanos, poderiam ser ainda mais importantes. Ele se considera um homem do “sul”, e um líder dos pobres e desfavorecidos. E, é claro, ele também reconhece as mudanças que estão ocorrendo. No ano passado, por exemplo, a República Popular da China ultrapassou os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil pela primeira vez na história.

Lula é o único chefe de Estado que participou tanto do exclusivo Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, quanto do Fórum Social Mundial, que criticou a globalização, na cidade de Porto Alegre, no Brasil. Ele é um viajante infatigável, tendo visitado 25 países só na África, muitos países asiáticos e quase todos as nações da América Latina – levando sempre consigo uma delegação econômica. Lula prega incansavelmente a sua crença em um mundo multipolar. E, como Lula é um orador carismático e um “autêntico” líder trabalhista, multidões em todo o mundo o saúdam como se ele fosse um pop star. Na reunião de cúpula do G20 em 2009, em Londres, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que aparentemente é um fã de Lula, afirmou: “Eu adoro esse cara”.

No entanto, Obama não pode mais ter certeza de que Lula é de fato “o seu cara de confiança”. O brasileiro está ficando cada vez mais autoconfiante à medida que se distancia de Washington e, às vezes, chega até a buscar a confrontação com os norte-americanos.
Autoconfiança cada vez maior

O caso de Honduras é um exemplo dessa tendência. Os Estados Unidos, que sempre viram a América Central como o seu quintal, ficaram perplexos quando Lula concedeu abrigo ao presidente deposto Manual Zelaya na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa no ano passado e exigiu que tivesse uma voz no processo para solucionar o conflito. Ao recusar-se a reconhecer o novo presidente, Brasília se opôs ostensivamente a Obama.

Depois disso, as coisas aconteceram muito rapidamente. Lula viajou a Cuba, onde reuniu-se com Raul e Fidel Castro e pediu um fim imediato do embargo econômico norte-americano à ilha. Para a alegria dos seus anfitriões, ele comparou os críticos do regime que sofrem nas prisões de Havana a criminosos comuns. Lula também fez questão de aparecer junto ao presidente venezuelano Hugo Chávez, que não poupa críticas a Washington e que está amordaçando cada vez mais a imprensa no seu país. Em uma entrevista a “Der Spiegel”, Lula definiu o líder autocrático como “o melhor presidente da Venezuela em cem anos”.

E quando recebeu Ahmadinejad em Brasília alguns meses atrás, Lula cumprimentou o presidente iraniano pela sua suposta vitória eleitoral impecável e comparou o movimento oposicionista iraniano a torcedores de futebol frustrados. Ele afirmou que o Brasil também não permitiria que ninguém interferisse com o seu programa nuclear “obviamente pacífico”.

Apesar dessa aproximação, muita gente manifestou ceticismo quando Lula seguiu para Teerã a fim de negociar um acordo nuclear com a liderança iraniana, especialmente depois que os iranianos não demonstraram quase nenhuma disposição para ceder nos meses anteriores. Em uma entrevista coletiva à imprensa com Lula, o presidente russo Dmitry Medvedev disse que a probabilidade de um acordo mediado pelo Brasil seria de no máximo 30%. Lula retrucou, dizendo: “Eu diria que as chances são de 99%”. Lá estava novamente em evidência o ego pronunciado do astro político em ascensão. “Ele acredita ser um trabalhador milagroso que é capaz de obter sucesso onde outros fracassaram”, diz Michael Shifter, um especialista norte-americano em América Latina.
Vitória inédita ou fracasso?

Neste momento, só existem indícios circunstanciais de que uma “vitória inédita” foi alcançada em Teerã após 17 horas de negociações. É também possível que a reunião tenha sido, na verdade, aquilo que o jornal alemão “Frankfurter Allgemeine Zeitung” classificou como um “fracasso”, ou apenas mais uma forma encontrada pelos iranianos, que em outras ocasiões foram frequentemente evasivos, para novamente paralisarem as iniciativas internacionais contra o seu programa nuclear.

Autoridades da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Viena afirmaram cautelosamente que qualquer fato novo no sentido de que se chegue a um acordo nuclear se constitui em um progresso. Os inspetores da AIEA são responsáveis por inspecionar as instalações nucleares de todo o mundo em nome da ONU. Eles recentemente descobriram mais indícios de um programa iraniano ilegal de armas nucleares e pediram a Teerã que cooperasse mais. A avaliação dos especialistas da agência, cuja comunicação com Teerã nunca foi interrompida e que jamais afirmaram algo que não fossem capazes de provar, terá agora muito peso. O fato de os iranianos só se disporem a apresentar o texto do acordo à AIEA “em uma semana” gerou dúvidas.

Os governos ocidentais têm manifestado muito ceticismo, e a resolução da ONU que Hillary Clinton tornou pública pouco depois do acordo de Teerã aparentemente deixou os israelenses preocupados. Alguns membros do governo de linha dura do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão criticando abertamente o acordo como sendo uma artimanha para aliviar a pressão internacional que é exercida sobre Teerã. O ministro israelense do comércio Benjamin Ben-Elieser afirma que Teerã está aparentemente “tentando novamente ludibriar o mundo inteiro”.
O acordo proporciona uma brecha ao Irã

O instituto norte-americano ISIS, que sempre defendeu uma solução negociada e que acredita que a “opção militar” para resolver a questão nuclear iraniana é impensável, fez uma análise inteligente do acordo Lula-Ahmadinejad-Erdogan. Na análise, os especialistas nucleares independentes do instituto divulgaram as suas preocupações e observaram os pontos fracos do texto do acordo que foi revelado até o momento.

Os iranianos só concordam em enviar 1.200 quilogramas do seu urânio de baixo teor de enriquecimento à Turquia, para receberem em troca combustível para o seu reator de pesquisas em Teerã. As dimensões do acordo correspondem àquelas de um outro acordo proposto pela AIEA em outubro do ano passado, segundo o qual mais de três quartos do urânio produzido no Irã seriam mandados para fora do país, fazendo desta forma com que a fabricação de uma bomba atômica se tornasse impossível. A ideia era que isso fosse uma medida fomentadora de confiança para proporcionar espaço para negociações.

No entanto, o acordo atual ignora o fato de que o Irã, após ter colocado em funcionamento as suas centrífugas em Natanz, aparentemente já conta com mais de 2.300 quilogramas de urânio. Em outras palavras, o acordo possibilitaria que Teerã ficasse com quase a metade desse material, que é um ingrediente básico para uma bomba nuclear, de forma que o Irã ainda contasse com matéria prima suficiente para atingir a “capacidade mínima” de fabricação de armas nucleares.

O acordo também proporciona uma brecha a Teerã: ele concede à liderança iraniana o direito de pegar o seu urânio de volta da Turquia se, na sua opinião, qualquer cláusula do texto oficial “não for cumprida”. E o mais importante é que o acordo não exige que Teerã suspenda o processo de enriquecimento de urânio. “Nós nem sonharíamos em fazer isso”, declarou uma autoridade iraniana. Mas é isso precisamente que a ONU exigiu inequivocamente com aquilo que a esta altura já são três rodadas de sanções.

Essas objeções todas não preocupam Lula. Ele demonstrou que não pode mais ser ignorado no cenário internacional. Na última terça-feira, os amigos do presidente brasileiro elogiavam os seus esforços no sentido de fomentar a paz durante a reunião de cúpula América Latina-União Europeia em Madri. A participação do presidente tinha como objetivo demonstrar que a “lula” possui vários braços. Ele provou que é capaz de nadar na companhia de grandes tubarões.

Por trás dos bastidores, o Lula Superstar gosta de falar sobre como obrigou os diplomatas brasileiros a abandonarem a “síndrome de vira-latas”, o seu termo para designar o profundamente arraigado complexo de inferioridade que os brasileiros demonstravam até recentemente em relação aos norte-americanos e aos europeus.

O fato ocorreu em 2003, na primeira aparição internacional importante de Lula, na reunião de cúpula do G8, em Evian, na França. Um grupo de pessoas estava sentado no saguão do hotel onde ocorria a conferência, aguardando o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Quando os norte-americanos finalmente entraram no recinto, todos se levantaram – menos Lula, que ordenou ao seu ministro das Relações Exteriores que também permanecesse sentado. “Eu não participarei desta subserviência”, declarou o presidente brasileiro. “Afinal, ninguém se levantou quando eu entrei”.

Nova estratégia de segurança dos EUA admite peso do Brasil no mundo

27/05/2010 – 18h01 / Atualizada 28/05/2010 – 00h21
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Thiago Chaves-Scarelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo

A Nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos, anunciada nesta quinta-feira (27) pela Casa Branca, elogia as políticas econômicas e sociais do Brasil, reconhece o país como guardião de “patrimônio ambiental único” e dá as “boas-vindas” à influência de Brasília no mundo.

O documento de 60 páginas é a primeira atualização do governo de Barack Obama sobre as linhas gerais da estratégia internacional dos EUA, sucedendo os relatórios de 2002 e 2006, assinados por George W. Bush, que consagraram a expressão “guerra ao terror”.

Em contraste com os anteriores, que citavam o Brasil de modo direto apenas uma vez cada um, o relatório de Obama dedica mais atenção ao país, que aparece dentro do tópico “Ordem internacional”.

“Nós estamos trabalhando para construir parcerias mais profundas e mais efetivas com outros centros de influência fundamentais – incluindo China, Índia e Rússia, assim como nações de crescente influência como Brasil, África do Sul e Indonésia – de modo que possamos cooperar em questões de preocupação bilateral e global, com o reconhecimento de que poder, em um mundo interconectado, não é mais um jogo de soma zero”, afirma o documento.
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Na sequência, o relatório trata da Ásia e da Rússia, e depois se detém nos “centros de influência emergentes”, momento em que o Brasil aparece com detalhamento.

“Nas Américas, estamos unidos por proximidade, mercados integrados, interdependência energética, um amplamente compartilhado compromisso com a democracia, e a autoridade da lei”, anuncia. “Trabalharemos em parceira de igualdade para avançar na inclusão econômica e social, proteger a segurança do cidadão, promover energia limpa e defender os valores universais dos povos do hemisfério”.
“Nós damos as boas-vindas à liderança do Brasil e procuramos ultrapassar as datadas divisões Norte-Sul para perseguir um progresso em questões bilaterais, hemisféricas e globais”, declara.

“O sucesso macroeconômico do Brasil, aliado com seus passos para diminuir as desigualdades socioeconômicas, fornece importantes lições para os países em toda América e África”, prossegue o texto. “Incentivamos os esforços do Brasil contra redes transnacionais ilegais”.

“Enquanto guardião de um patrimônio ambiental nacional único e líder em combustíveis renováveis, o Brasil é um parceiro importante para enfrentar a mudança climática global e para promover a segurança energética”, afirma.

“E no contexto do G-20 e da rodada de Doha, trabalharemos junto com o Brasil para garantir que o desenvolvimento econômico e a prosperidade sejam amplamente compartilhados”, conclui.

Além do Brasil, outro país sul-americano que aparece na estratégia é a Argentina, mencionada uma vez, no contexto do crescimento do G-20: “As nações que compõem o G-20 – da Coreia do Sul à África do Sul, da Arábia Saudita à Argentina – representam pelo menos 80% do PIB mundial, fazendo com que esse grupo seja um elemento influente no cenário mundial”.

A Venezuela de Hugo Chávez, adversário declarado da Casa Branca, assim como Colômbia e Chile, aliados tradicionais da política norte-americana, não são explicitamente mencionados em nenhuma parte.

China: Not Yet a Superpower

“Not Yet”

China: Not Yet a Superpower – BusinessWeek

Insight May 10, 2010, 10:11AM EST text size: TT

(traduzido pelo Google Translator.  Correções são bem vindas)

Antes de China pode se tornar uma potência verdadeiramente global, diz colunista Shaun Rein, o país precisa mudar sua imagem no exterior e na reforma de suas escolas em casa

Por Shaun Rein

Anos a partir de agora, quando os historiadores olharem para trás em abril e maio de 2010, que irá destacar-se como a notícia com as maiores implicações a longo prazo? Que a SEC amarrado Goldman Sachs (GS) para o lugar quente? Ou cinza vulcânica vôos interrompidos e rotas de navegação ao redor do mundo? Ou uma maré negra do tamanho de Delaware estava indo em direção à Costa do Golfo? Os historiadores podem muito bem passar essas histórias deagarramento e focar na notícia de que a China fez um empréstimo de US $ 20 bilhões para a Venezuela, cimentou o seu estatuto como o segundo parceiro comercial maior com o aliado E.U. Colômbia, e recebeu uma quota de votar aumento de 4,42 por cento do Banco Mundial para se tornar a terceira maior do eleitor após os E.U. e Japão, com 15,85 por cento e 6,84 por cento dos votos, respectivamente.

Não importa onde no mundo você vive ou que setor você está envolvido, você tem que levar em conta a ascensão da China. China continua a investir e comprar coisas no exterior em seus esforços para garantir o acesso aos recursos naturais em lugares como Afeganistão, Austrália e exercer o poder. True, a China tem demasiadas pessoas pobres, e os seus cuidados de saúde e sistemas de segurança social continuam a registar atrasos de dezenas de países. Muitos analistas apontam para a pobreza ea falta de presença militar em hemisférios diferentes pronta para atacar à vontade para discutir tolamente que a China é de fato uma nação fraca preocupados com o potencial colapso de seus sistemas políticos e econômicos.

Esses analistas perder o ponto principal. Quando a China substituiu os E.U. como o Japão e parceiro do Brasil o maior parceiro comercial do ano passado (já era o maior parceiro comercial da África e do Oriente Médio), a sua capacidade de ajudar os países a se recuperar da crise financeira deu-lhe mais poder que os economicamente lutando E.U., embora o poder de um tipo diferente. A ascensão da China exige a necessidade de redefinir o que é uma superpotência. Ser superpotência não é mais sobre a capacidade de lançar bombas suficientes para destruir a terra inteira. O poder econômico ea capacidade de lançar o caos ea guerra cibernética via financeira deve definir o status de superpotência.
China marca

O importante é que uma espécie de superpotência China vai desenvolver em. Embora seja evidente a partir de dados do Centro Pew de que 86% das pessoas apóiam o governo chinês, é igualmente evidente que a China não faz um bom trabalho com o resto do mundo. Os recentes ataques errada sobre ele por pessoas como colunista do New York Times Paul Krugman e pelo senador Charles Schumer (democrata de Nova York) sobre política monetária, a discordância de Pequim com o Google (GOOG), e as críticas sobre a prisão de Rio Tinto (RTP), ex- China cabeça Stern Hu mostram que a China precisa melhorar em “soft power”. Enquanto o Instituto Confúcio (uma organização com o Instituto de Língua Chinesa do Conselho Internacional que promove a língua ea cultura chinesas pelo financiamento de programas em conjunto com as instituições de acolhimento) e vertiginoso chinês tours acrobáticos prometem, mais precisa ser feito para promover a marca da China a nível internacional.

China não pode se concentrar apenas em garantir o acesso a produtos para construir a força a longo prazo. Para que ela emerge como uma superpotência, vibrante de longo prazo e não apenas um feito forte porque não sucumbir à crise financeira que aleijado outras grandes economias, é preciso ir além da construção da marca e endereço deficiências no seu sistema de ensino.

Apesar da crença comum de que a China continua a se formar engenheiros top-notch, o fato é que o sistema de ensino não esteja adequadamente preparar seus alunos para um mundo de negócios global. A maioria dos melhores alunos vão para os E.U. para continuar os seus estudos de pós-graduação em universidades como Harvard e Stanford, porque é difícil obter a formação necessária em casa.

A prova do sistema de educação da China fraco é que, apesar de o número de universitários formados aumento de 1 milhão por ano, 10 anos atrás, para 6.000.000, uma das principais preocupações das empresas estrangeiras na China, está recrutando trabalhadores com o talento e as habilidades para fazer o seu trabalho , de acordo com os exames que a minha empresa, a China Market Research Group, realiza anualmente, com centenas de multinacionais que operam na China. Esta preocupação postos mais altos de corrupção ou problemas de crescente protecionismo. Em um país de 1,3 bilhão de pessoas, não deve ser tão difícil de encontrar talentos para contratar.
Reforma da Educação

Muito do sistema de educação da China baseia-se na “decoreba”, turmas grandes (por vezes no número de estudantes milhares para uma única classe), e orientação precoce dos alunos em trilhas principais. Por exemplo, os estudantes declaram que específicas importantes, como a contabilidade, que prosseguirá quando se aplicam à universidade e muitas vezes não são autorizados a mudar. Quantos 18-year-olds sabe realmente o que lhes interesse disciplinas acadêmicas ou que venham a excel? Nessa idade, eu escrevi sobre os pedidos de minha faculdade eu queria ser antropóloga e viver com as tribos do Congo, por anos em uma hora.

Em vez disso, uma abordagem mais interdisciplinar, o sistema de educação liberal-artes de estilo deve ser aplicado com os alunos de serem autorizados a escolher seus cursos depois de entrar em uma universidade e tentar diferentes cursos. Universidades devem também trabalhar com visão de futuro de empresas como a Intel (INTC) e Apple (AAPL) para ajudar a elaborar material didático que é útil para ajudar os alunos a encontrar emprego depois.

Os próprios estudantes reconhecem o problema. Vinte por cento das idades Xangai profissionais de colarinho branco 24-28 que entrevistamos disseram que estavam dispostos a gastar 10 por cento ou mais do seu rendimento disponível no treinamento extra, 10 por cento disseram que um quinto dos seus rendimentos. China deu grandes passos para desenvolver economicamente a sua posição como uma potência mundial, mas para realmente se tornar e permanecer uma superpotência que terá de trabalhar sobre a forma como ela se apresenta ao mundo exterior e, talvez mais importante, precisa reformular seu sistema de ensino para promover as habilidades dos trabalhadores domésticos para criar uma força de trabalho verdadeiramente competitivo como mudanças China a partir de uma base de fabricação para um centro de investigação e desenvolvimento e uma economia baseada em serviços.

Shaun Rein é o fundador e diretor do China Market Research Group, uma empresa de inteligência estratégica de mercado. Ele escreve para a Bloomberg BusinessWeek sobre estratégia e marketing na China. Siga-nos no Twitter @ shaunrein.

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Original

Before China can become a truly global power, columnist Shaun Rein says, the country needs to change its image abroad and reform its schools at home

By Shaun Rein

Years from now, when historians look back at April and May of 2010, what will stand out as the news with the biggest long-term implications? That the SEC strapped Goldman Sachs (GS) to the hot seat? Or volcanic ash disrupted flights and shipping routes around the world? Or an oil slick the size of Delaware was heading toward the Gulf Coast? Historians may very well pass over these headline-grabbing stories and instead focus on the news that China gave a $20 billion loan to Venezuela, cemented its status as the second-largest trading partner with U.S. ally Colombia, and received an increased voting share of 4.42 percent at the World Bank to become the third-largest voter after the U.S. and Japan with 15.85 percent and 6.84 percent of votes, respectively.

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