Lula monta instituto para manter protagonismo político

Passou desapercebido pela mídia, e até pela blogosfera, a notícia que saiu há alguns dias no IG, a qual reproduzo logo abaixo. É muito interessante pois mostra o caminho que Lula pretende traçar após sair do governo: trabalho nos bastidores da política, lutando pela reforma política e eleitoral, além de lutar para dar estabilidade ao governo Dilma. No campo internacional, Lula pretende viajar ao redor do mundo para fomentar parcerias e integração entre os países da América Latina e da África. A matéria mostra uma parte interessante da nova governabilidade conquistada pelo presidente Lula, ao dizer que “PT e PMDB vivem uma espécie de lua-de-mel. De um lado, pemedebistas estão encantados com a eficiência da máquina do PT. De outro, petistas se dizem impressionados com a capilaridade e extensão do PMDB”. Certamente Lula continuará a contribuir para a democracia brasileira após o término do seu governo, tanto na questão institucional, quanto na questão social.

Lula monta instituto para manter protagonismo político

Presidente, que já procura imóvel na zona sul de São Paulo, para dar sustentação a um eventual governo Dilma

Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 10/09/2010 07:30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva procura um imóvel em São Paulo para instalar um escritório a partir de onde pretende manter seu protagonismo no cenário político depois que deixar o governo, no dia 1º de janeiro.

O local preferido é a Vila Clementino, bairro de classe média na na zona sul paulistana, onde ficava o comitê eleitoral do presidente na campanha de 2002. A escolha ocorre por dois motivos práticos: a proximidade do aeroporto de Congonhas e a facilidade de acesso a São Bernardo do Campo, para onde o presidente voltará depois do mandato.

Lula tem dito que pretende tirar dois meses de férias e depois “voltar com tudo” para trabalhar pela reforma política e eleitoral e a criação de uma frente que dê estabilidade a um possível governo da presidenciável petista Dilma Rousseff.

O chefe do gabinete-adjunto de Gestão e Atendimento da Presidência, Swedenberger do Nascimento Barbosa, foi encarregado de fazer uma pesquisa e apresentar opções de formato jurídico para a entidade que servirá de suporte a Lula. Ex-secretário-executivo da Casa Civil na gestão de José Dirceu, Barbosa tem estudado exemplos de ex-presidentes no exterior. As opções são a criação de uma fundação ou um instituto.

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Plano do presidente é manter protagonismo político, com agenda interna e externa

Embora falte menos de quatro meses para o fim do governo, Lula ainda é lacônico ao falar de seus planos. “Ele sofre para admitir que o mandato está acabando”, disse um assessor próximo.Pelo menos uma coisa Lula tem deixado bem clara a seus interlocutores – mesmo fora da Presidência manterá seu papel de destaque na política nacional.

A primeira providência será a extinção formal do Instituto Cidadania, o “governo paralelo” criado em 1990 depois da derrota para Fernando Collor de Mello em 1989 e que, na prática, já não funciona desde a posse de Lula em 2003.

Segundo assessores, o presidente dividirá o tempo entre uma agenda interna e outra externa. Na área internacional, vai priorizar a integração entre países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento com foco na África e América do Sul. Durante os oito anos de governo ele recebeu dezenas de convites para receber títulos de doutor honoris causa, aceitou todos mas com a condição de só recebê-los depois de deixar a Presidência. Isso vai garantir anos de convites para viagens mundo a fora.

Reforma política e defesa de Dilma

Na frente interna, Lula vai se dividir entre viagens pelo País – semelhantes às caravanas da cidadania que realizou antes de ser eleito – e a articulação político-partidária. As prioridades são a reforma política e a criação de uma frente que garanta hegemonia no Congresso e tranqüilidade a um eventual governo Dilma.

Lula tem defendido a realização de uma reforma política, apoiado no discurso de que é preciso um sistema político com partidos fortes. A ideia, entretanto, não é propor a extinção dos partidos atuais e criação de novas siglas. “Ele quer uma espécie de refundação dos partidos com base no binômio militância/reflexão”, disse um interlocutor.

A aliança entre PT e PMDB é a base para a mudança. Os dois partidos vivem uma espécie de lua-de-mel. De um lado peemedebistas estão encantados com a eficiência da máquina do PT. De outro, petistas se dizem impressionados com a capilaridade e extensão do PMDB.

Mas a principal preocupação do presidente é a estabilidade de Dilma. “Ele tem dito que a Dilma é mais frágil politicamente do que ele e se a oposição fez o que fez com ele imagine o que poderá tentar fazer com Dilma”, disse outro assessor palaciano. Sob a justificativa de manter a unidade dos partidos aliados Lula tem dado palpites, “nomeado” assessores e opinado na configuração do eventual futuro governo.

Em Recife, há duas semanas, Lula chegou a falar em criar uma “organização política”. A assessores, tem dado sinais contraditórios. Às vezes fala em uma entidade orgânica, com caráter institucional, outras na articulação de uma base partidária. Nos dois casos, o ponto de convergência seria ele próprio. “Lula é protagonista há mais de 30 anos e não vai sair de cena assim, de uma hora para outra”, disse um interlocutor. “Mas isso não significa que vá interferir no governo”, completou.

Centro de memória

Para isso, Lula vai precisar de uma estrutura física cuja organização está a cargo de Swedenberg Barbosa. Além de servir de espaço para articulação política, o local será um centro de memória dos oito anos de governo. A legislação prevê que o presidente deixe o gabinete vazio para o sucessor e cuide da preservação de seu acervo.

A lei garante três funcionários, dois seguranças, um carro e combustível. No caso de Lula a estrutura será insuficiente. Seu acervo inclui mais de meio milhão de cartas (todas respondidas e guardadas), milhares de retratos, camisas de times de futebol, bonés e presentes recebidos nestes oito anos e guardados pela diretoria de documentação histórica da Presidência. A viabilização financeira desta estrutura, por enquanto, é assunto tabu entre os interlocutores do presidente.

http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/lula+ja+procura+imovel+para+criar+instituto+apos+eleicao/n1237772618325.html

2 comentários sobre “Lula monta instituto para manter protagonismo político

  1. Eu estou curioso para ver o que o Lula vai fazer DL, mas também acho que não vai ter nenhum estardalhaço e que Lula vai sim influenciar num eventual governo Dilma. Seria ingenuidade pensar o contrário quando sabemos que se trata da presidência de um país como o Brasil. Com certeza para certos setores da sociedade, normalmente os que mandam, o Lula é de fato um avalista da Dilma, não se trata de um homenzinho vestido de verde dizendo agora obedeça este aqui. O Lula será um representante direto do governo quando necessário.
    Estranhei os “especialistas” da televisão destacarem o fato de que é perigoso ou no mínimo preocupante que o Brasil tenha dois mandatários, como se Lula e Dilma fossem governar.
    Peraí, quem fracassou foi o FHC! Porque seria prejudicial o “Cara” dar uma focinha no governo?
    E porque ele não pode participar da campanha? Citem Europa agora!
    No fundo eu estou mais ansioso para ver se a Dilma tem um quanto da habilidade política de Lula para concordar interesses.

    O PMDB não vai ser parceiro nem coadjuvante do PT para sempre, muito menos o PT é o ingênuo desta história. Vamos ver qual será o preço do sucesso que o PMDB vai impor ao PT caso Dilma seja eleita.
    Até agora o PT foi o que mais ganhou com a parceria; enquanto se amplia cada vez mais país a fora o PMDB fica com produto inacabado. Ou será que eles pensam que Michel Temer é nome forte?

  2. Espero, sinceramente, que Lula e agora Dilma não pertençam à classe sórdida de ditadores e déspotas, sejam de esquerda ou direita, comunistas ou capitalistas:
    Os dessa classe, MOTIVADOS UNICAMENTE PELA SEDE DE PODER, obstinadamente fazem uma soberba administração (pão e circo) e depois que se adonam – de vez – do apoio popular, passam ao apoderamento da coisa pública, do Estado, da dignidade, da vontade, da moral, da honra, da vida e do bolso dos cidadãos e, terminam na perseguição aos adversários políticos e aos que revelam seus crimes e falcatruas.
    Se não forem brecados a tempo…
    Daí aos assassinatos em massa de opositores é um pulo, à destruição de tudo e de todos que suas mente doentias desconfiar.
    Terminam ferrando a economia, a soberania de sua pátria e a vida de seus compatriotas por dezenas de anos até ser alijados do poder e revelados todos os seus crimes sórdidos, seguindo-se então penosa reconstrução das instituições, de tudo,… , senão, vejamos:
    1) No cenário político-histórico internacional: Alexandre, Júlio Cesar, Inúmeros Papas, Napoleão, Stálin, Hitler, Fidel Castro, George W. Bush, Hugo Chaves etc.. etc…;
    2) No cenário político histórico nacional: Pedro I, Floriano Peixoto, Washington Luis, Getúlio Vargas, Generais-Presidentes? ,Collor ?, FHC?…
    Aguardemos o desempenho de Dilma, ex-terrorista comunista e ex-chefe da casa civil por sucessão a um também ex-terrorista comunista, que caiu porque ousou se achar acima de tudo e de todos (José Dirceu, o vaidoso).
    Que Dilma tenha aprendido com a história e que Deus (será que ela já acredita Nele?) lhe dê sabedoria…
    Sugestão Cívica – O certo: se forem atacados através da imprensa, responda a seus detratores sem passar a baixaria de atacar a imprensa, essa técnica-réplica é tão vil e perversa quanto qualquer outra embromação e de manipulação política (1º passo da instauração de quaisquer ditaduras). Por exemplo, nesse momento da vida política nacional, OS FATOS:
    1º momento: Filiado do PT quebra sigilo fiscal de FILHA de Serra, que é por pura coincidência o candidato de Oposição ao Governo; a imprensa, em qualquer país democrático do mundo – naturalmente – divulgaria o fato. Aqui não pode…
    2º momento: Por isso, Lula ataca imprensa, e até propõe a extinção de partido político (que horror. Estaria mostrando sua feição verdadeira, ditatorial e antidemocrática?)
    3º momento:
    a) Personalidades e Figurões rejeitam e criticam a conduta de Lula;

    b) Personalidade e Figurões do lado B também atacam a imprensa, com velhos bordões de acusações de “a imprensa está a serviço da classe dirigente, dos ricos e burgueses”.

    c) OBJETIVO CONSEGUIDO: NINGUÉM MAIS SE LEMBRA DA CRIMINOSA QUEBRA DE SIGILO DA FILHA DO SERRA, POR UM PETISTA E, DE QUEBRA, O PRESIDENTE AINDA SAI COMO VÍTIMA DA IMPRENSA “BURGUESA E GOLPISTA”!!!!

    POBRE POVO BRASILEIRO: VÍTIMA DE SEMPRE. QUEM PROPAGA QUE A IMPRENSA É GOLPISTA UTILIZA ISTO COMO UMA MUDANÇA DE FOCO DA OPINIÃO PÚBLICA SOBRE UM CRIME QUE ALMEJAVA COLHER DADOS ,SIGILOSOS E CONSTITUCIONALMENTE PROTEGIDOS, DE FAMILIARES DO CANDIDATO DA OPOSIÇÃO AO GRUPO DO GOVERNO.

    O DESCARAMENTO CHEGA A NÍVEIS TAIS QUE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, SEM O MÍNIMO DE RESPEITO, DEFENDE ATÉ EXTINÇÀO DE PARTIDO LEGALMENTE CONSTITUÍDO,POR TER OUSADO APOIAR O DESAGRAVO À IMPRENSA.

    REALMENTE, HÁ PERIGO DE DITADURA!!!!

    Quem realmente está de sacanagem?
    – Se caso ocorresse exatamente o contrário????

    Ah, independentemente de quaisquer alegadas razões: quando a imprensa é calada, não mais existe democracia e o passo seguinte é o autoritarismo. Não nos esqueçamos disso!!

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