Riscos para a Dilma/PT em 2010 :: Uma oposicao acuada, sem programa, sem rumo e sangrando desde agora

–

“Eu já falei que 2010 vai ser sangrento?”

Visitando blogs de esquerda (se é que essa divisão ideológica ainda é possível nesses tempos estranhos que vivemos) às vezes tenho a sensação que um certo otimismo exagerado começa a tomar conta. Uma visão inocente se impõe, e qdo vc percebe está dentro do turbilhão com uma visão equivocada, até que a dura realidade surge e vc se pergunta o que deu errado. Pra facilitar, vou fazer uma lista:

• Na pior das hipóteses o Serra (não creio que o Aécio vá ser o candidato mais) sai com um piso de 35% das intenções de voto. Não é nada, mas é a melhor largada que um candidato pode querer ter.

• A Dilma chegar a 25, 30% dos votos é o mínimo para se enfrentar uma disputa acirrada como a que vai acontecer no ano que vem. Lembrem-se, o Lula sempre teve esse piso. E o piso do PT em qualquer eleição. Ele ganhou qdo conquistou os 30% do centro.
  

• Não há garantias que o PMDB vá “entregar a mercadoria”, afinal falta muito tempo para a Convenção. A citação do Temer, entre outros, na operação Castelo de Areia, foi só um aperitivo. Lembrem-se que a mídia finalmente descobriu o Sarney qdo viu que ele e a parte governista do PMDB articulava fortemente a coligação com o PT.

• Com a decadência da mídia tradicional, as baixarias do “O Globo” e principalmente da “Folha de S. Paulo” só demonstram o quão baixo eles vão chegar pra eleger o candidato que represente essa minoria conservadora da sociedade brasileira. Observem o absurdo, eles tem orgulho de representar essa “elite”!

• E mais, cada voto que conseguirem para esse projeto de poder, seja tirando dos adversários, seja conquistando pro seu “lado”, se transformará em milhões de reais em verbas publicitárias no próximo governo. Da mesma forma que funciona as doações eleitorais hj. Paga agora, recebe em dobro depois.
  

• Se preciso for, vão destruir os jornais, pois parece estar claro pra muita gente lá dentro, que não há futuro para a mídia impressa. Esse vai ser o ultimo suspiro antes do enterro. Já na TV, não se enganem, a Globo (entre outras) só vão agir (alem da tradicional distorção e manipulação) qdo realmente for necessário.

• Mesmo o Aécio não sendo candidato, ele não poderá fazer “corpo mole” em Minas. Com a fidelidade partidária, o futuro político dele depende do PSDB. Mas fala combinar com os mineiros, que querem um candidato a Presidência faz tempo. Como vão reagir? Ninguém sabe.
  

• Se o Ciro não for candidato a Presidente pra onde vão os votos dele? Com certeza não vão para o Serra, mas vão pra Dilma? Tenho minhas dúvidas. A saída da Heloísa Helena do páreo, mostrou que não dá pra simplificar a análise política. Os eleitores tem vontade própria, e isso vem antes da aceitação da liderança de quem quer que seja.

• Economistas são os profetas do que já passou. Não acertam uma. Quando um acerta, vira pop-star. Não existem garantias que a crise econômica está totalmente superada. Existem outras Dubai’s por ai? Quem sabe? Alguém acredita que os bancos foram todos saneados nesse curto prazo de tempo?

• No cenário mais otimista, o aquecimento da economia provocará uma subida dos juros antes das eleições.  É complicado, mas sempre se pode fazer do limão, uma limonada, e mostrar o “comprometimento com a austeridade”. Mas ai o eleitor vai comprar?

• No cenário geopolítico, ainda há muita instabilidade por ai. O discurso do Obama expondo a estratégia para o Afeganistão é uma amostra. Na América Latina ainda temos que aguentar Uribe’s, Chavez’s e Honduras. Não há paz no horizonte, então melhor pôr as barbas de molho.

• Uma mídia, acuada por um tecnologias disruptivas que estão criando uma revolução, buscou a salvação nas licitações públicas a fim de manter uma pequena renda até passar a eleições. Acordem, não temos garantias que a internet vai ter forcas suficientes para se contrapor a um ataque coordenado das mídias tradicionais. E é muito arriscado acreditar nisso.

• Nunca se esqueçam das besteiras que aloprados, sejam infiltrados, sejam dos próprios partidos que apoiam podem fazer. Não se esqueçam de como a PF e MP já agiu em momentos vitais das campanhas politicas pós-democratização.
  

Novamente, a disputa vai ser sangrenta. Em 2010 vai se decidir quem vai dar as cartas no pré-sal, nos biocombustíveis, num Pais nos trilhos, num trem embalado crescendo a 6% a.a., numa potência em ascensão, numa sociedade praticamente pacificada por um líder carismático que com programas sociais poderosos que amenizaram a ruptura social que estava prestes a acontecer. Enfim, um país azeitado, pronto pra um crescimento sustentável no longo prazo.

Eles vão partir pro vale-tudo, mesmo que isso afete a governabilidade futura. Um octógo de MMA vai parecer um playground do jardim da infância.

Jornal do Brasil – Coisas da Política – Contagem regressiva

Contagem regressiva

09/12/2009 – 23:51 | Enviado por: Mauro Santayana
Por Mauro Santayana

O presidente Lula comentou, bem humorado, que, se a oposição continuar atuando assim, em breve ele terá 100% de aprovação popular. Melhor seria que os índices de aprovação não chegassem a tanto. Quando um governo, qualquer governo, está privado de oposição séria, costuma perder a cautela. Os adversários (e até os inimigos encarniçados) ajudam o homem de Estado, quando tocam na raiz dos problemas. Quando o governante não recebe reparos, e só colhe aplausos públicos e lisonjas em particular, abaixa a guarda e pode tornar-se vulnerável. A queda pode ser do tamanho da altura, de acordo com o ditado antigo.

Estamos em contagem regressiva, a caminho das eleições. Agora são apenas 11 meses e alguns dias que nos separam das urnas. Sabemos que estes meses costumam ser velozes e, sendo velozes, acidentados. Podemos aguardar o crescimento de denúncias de desvios de recursos públicos, de licitações fraudulentas, de extorsões, suborno, concussão. Sempre foi assim, e não será diferente. Também temos que nos acautelar contra as acusações forjadas, como as do Plano Cohen, da Carta Brandi, e tantas outras, que fazem parte da história obscura de nossas sucessões. É provável que personalidades dos partidos da base do governo, sem poupar o PT, venham a ser acusadas disso ou daquilo. Por mais imune seja o presidente, ele acabará atingido pelas acusações, que, ainda que não o visem, visam a candidatura de sua ministra.

Lula anuncia o propósito de sugerir ao Congresso que legisle para caracterizar a corrupção “crime hediondo”. Há circunstâncias que atenuam ou agravam os delitos, e há situações em que os atos de transgressão às normas sociais não chegam a constituir crimes, como roubar para matar a fome, ou matar em legítima defesa. Sua proposta indica a predisposição em limpar a política dessas práticas impuras. É duvidoso que o Parlamento, em ano eleitoral, venha a aprovar qualquer lei que endureça o combate ao desvio de dinheiro público para o financiamento das campanhas eleitorais.

Teremos, sim, mais denúncias cruzadas. O caso do Distrito Federal é um exemplo de como as coisas ocorrem. Aceitando ou não a legitimidade das provas divulgadas – e que constituem um libelo difícil de ser contestado – está claro que se trata de uma disputa entre criador e criatura. O que ali ocorre irá repetir-se, de uma forma ou de outra, em todo o país. Podemos nos preparar para assistir a cenas grotescas e repulsivas. Provavelmente algumas venham a ser forjadas, dada a facilidade técnica de manipular fotografias, fixas ou em movimento, com os recursos atuais da informática.

Como costumava dizer Tancredo Neves, estamos, como os aviões, em área de turbulência. Isso exige muita serenidade da tripulação, a começar pelo seu comandante.

Quando personalidades, de qualquer partido, que apoiam um candidato, são acusadas de corrupção, também o postulante se desgasta. Por outro lado, é um axioma eleitoral não dispensar apoios, venham de onde vierem. Quase todos os candidatos se veem, dessa forma, conduzidos a amenizar as suas declarações contra os acusados de corrupção, mesmo quando estão convencidos de sua conduta ilícita. O peso do combate fica por conta dos partidos ideológicos, que, sem esperança de vitória, estão poupados dessas preocupações.

A situação no entanto está mudando, com a crescente participação da cidadania nos atos de protesto e de repulsa contra os desmandos. Em Brasília, ontem, os policiais militares que retiraram os manifestantes da Câmara Distrital pareciam constrangidos em cumprir o mandato judicial, em evidente solidariedade com os estudantes.

Powered by ScribeFire.